sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Magela tem que afinar o discurso

No blog Bordalo 13 – O Pará em pauta

Como prometido ontem, não resisti em comentar as declarações do candidato a presidente nacional do PT, Geraldo Magela, a O Liberal (clique para ler), quando da sua passagem por Belém para participar do debate do Processo de Eleições Diretas, interno, junto com candidatos de outras tendências petistas.
Magela diz que pode haver uma crise de identidade do petismo se continuar o que ele chama de "distanciamento [do governo] dos movimentos sociais". Mas, logo depois, se contradiz ao dizer que "especialmente no governo federal, estamos promovendo mudanças condizentes com o programa que o PT sempre defendeu". Ora, se estamos fazendo o que o partido sempre se propôs (e nisso temos acordo), é porque estamos bebendo na fonte da nossa origem, os movimentos sociais, justamente o que ele, na primeira pergunta afirma que deixamos de lado. Ele precisa se decidir sobre o que pensa de fato ou afinar o discurso.
Mais embaixo, diz que "o presidente Lula tinha toda razão em defender a governabilidade. E a governabilidade significava a manutenção do senador José Sarney na presidência [do Senado]. Mas o PT não precisava exagerar com o seu presidente encaminhando uma carta para o senadores mandando votarem a favor do presidente Sarney". Todos sabemos o objetivo daquela crise artficial criada pela imprensa: colocar um tucano na cabeça do Congresso, trancar a pauta de votações importantes e acabar com a aliança do PMDB e PT. Uma manobra tucana para levar o PMDB para a coligação deles, para Serra. Não tem meio termo aqui. Ou sustenta ou não sustenta. Não existe meio apoio para uma questão estratégica, principalmente para nós que queremos eleger Dilma ano que vem. Magela poderia procurar um caso sem toda essa importância para demarcar posição.
"Porque o PT, ao assumir o governo federal, deixou de ser um partido plural e passou a ser um partido de uma única tendência". Esse e o maior absurdo cometido por ele na entrevista. Deve ter esquecido que a CNB, ala majoritária do partido, da qual faço parte, apoiou Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara, cargo que exerceu a dois anos atrás e que o Movimento PT, tendência que Magela integra e lidera, apoiou o companheiro Ricardo Berzoini no segundo turno do último PED. Uma interação para lá de democrática e pluralista.
Sinceramente, não sei como é possível, em tempos de sermos credores do FMI, de taxarmos o capital especulativo na Bolsa, alguém ainda ter coragem de dizer que estamos afastados dos movimentos sociais.

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