Da Folha Online
Oito ministros do STF (Supremo
O primeiro a votar foi o presidente do STF (Supremo
O voto de Mendes foi seguido pelos ministros Carmen Lucia, Eros Grau, Ricardo Lewandowski, Ayres Britto, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Marco Aurélio. Mesmo que a sessão seja interrompida e retomada depois com os 11 ministros presentes, sete votaram contra a exigência do diploma. No entanto, os que votaram hoje podem mudar de opinião numa outra sessão -- se o julgamento não for encerrado nesta quarta-feira.
"Esse decreto é mais um entulho do autoritarismo da ditadura militar que pretendia controlar as informações e afastar da redação dos veículos os intelectuais e pensadores que trabalhavam de forma isenta", disse Lewandowski.
Na avaliação do presidente do STF, o decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma é necessário para o exercício da profissão de jornalista, não atende aos critérios da Constituição de 1988 para a regulamentação de profissões.
Mendes disse que o diploma para a profissão de jornalista não garante que não haverá danos irreparáveis ou prejudicar direitos alheios.
"Quando uma noticia não é verídica ela não será evitada pela exigência de que os jornalistas frequentem um curso de formação. É diferente de um motorista que coloca em risco a coletividade. A profissão de jornalista não oferece perigo de dano à coletividade tais como medicina, engenharia, advocacia nesse sentido por não implicar tais riscos não poderia exigir um diploma para exercer a profissão. Não há razão para se acreditar que a exigência do diploma seja a forma mais adequada para evitar o exercício abusivo da profissão", disse.
Mendes chegou a comparar a profissão de jornalista com a de cozinheiro. "Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área. O Poder Público não pode restringir, dessa forma, a liberdade profissional no âmbito da culinária. Disso ninguém tem dúvida, o que não afasta a possibilidade do exercício abusivo e antiético dessa profissão, com riscos eventualmente até à saúde e à vida dos consumidores", disse.
O presidente do STF disse ainda que não acredita que a queda do diploma de jornalista feche as faculdades de comunicação. "Tais cursos são importantes e exigem preparo técnico e ético dos profissionais para atuarem. Os jornalistas se dedicam ao exercício pleno da liberdade de expressão. O jornalismo e a liberdade de expressão, portanto, são atividades imbricadas por sua própria natureza e não podem ser pensadas e tratadas de forma separada", afirmou.
Histórico - O Ministério Público Federal entrou com ação em outubro 2001 para que não seja exigido o diploma de jornalista para exercer a profissão. Uma liminar edita ainda em outubro de 2001 suspendeu a exigência do diploma de jornalismo.
A Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) e a União entraram com um recurso. Em outubro de
Em novembro de 2006, o STF decidiu liminarmente pela garantia do exercício da atividade jornalística aos que já atuavam na profissão independentemente de registro no Ministério do Trabalho ou de diploma de curso superior na área.
3 comentários:
Essas concepção dos ministros pode também se aplicar aos advogados e outras profissões da área do Direito. Basta que eu conheça a lei para atuar na área.
ABAIXO OS DIPLOMAS PARA ADVOGADOS!
Que tal estendermos isso também para os assistentes sociais, sociólogos e até mesmo professores...?
Ou melhor, vamos acabar com os cursos de nível superior?
Era só o que me faltava...
Nivelar por baixo é garantir liberdade de expressão?
Nesta quarta-feira, 17, o Supremo Tribunal Federal decidiu, por 8 votos a 1, extinguir a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalismo. No cerce na argumentação, o relator do processo, ministro Gilmar Mendes, afirmou que a exigência de curso superior para o jornalismo fere a liberdade de expressão garantida pela Constituição Federal. Ainda, que não há nenhuma verdade científica nos cursos de Comunicação Social que assegure à coletividade estar isenta de riscos, como há nos cursos de engenharia, medicina, direito.
Com essa decisão, nossos altos magistrados, escolhidos não pelo povo, mas por um complexo jogo de clientelismo entre os Poderes da União, faculta a qualquer cidadão brasileiro o direito de exercer a profissão. “Você, jovem, que terminou o segundo grau agora com nota máxima em redação, seja bem vindo! Temos duas pautas com caráter interpretativo, mas não esqueça de usar o lead e a pirâmide invertida!”... Temo frases como essas serão bem factíveis de agora em diante.
O nobre relator comparou o exercício da profissão de jornalismo às profissões de cozinheiro e costureiro. Ou seja, qualquer um, tendo o dom, pode exercer. Nesses casos, só se procura o curso superior para aprimoramento, mas ele não é imprescindível. Mas onde mais se aprende as técnicas, os parâmetros e, principalmente, a ética que rege o jornalismo, senão nas universidades? Se, com a exigência do diploma vigorando há 40 anos, vemos tantos escândalos e abusos por parte da imprensa, quem dirá agora que o diploma não é obrigatório?
Claro, sempre há um interesse por trás de tudo. Sem a exigência de nível superior, o que pressupõe formação intelectual e cultural sólidas, que segurança trabalhista/salarial/ética o jornalista formado terá? Em nome da liberdade de expressão, nivelou-se por baixo o jornalismo brasileiro. Na nossa realidade, que jovem pagaria dois ou três salários mínimos em um curso cujo diploma não tem validade constitucional? Nos próximos dez anos, as faculdades de Comunicação Social serão um hobbie para os mais abastados? Um jovem de 18 anos, que escreve para um blog, teria maturidade, embasamento, técnica e ética o suficiente para exercer o jornalismo e se responsabilizar judicialmente, se necessário? O que posso dizer é que, como jornalista profissional, vejo com grande pesar o retrocesso histórico ao qual o povo brasileiro foi submetido pelos nossos magistrados.
Por João Paulo Veloso – jornalista profissional (DRT 508), seminarista da arquidiocese de Palmas e autor do blog alegriaesantidade.blogspot.com
ais uma atitude rude do judiciário,agora o MEC vai acabar com os cursos de comunicação nas universidades.Pra quê estudar jornalismo se as redações estão contratando advogados,garis,garçons,taxistas...?
abs
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