Na FOLHA DE S.PAULO:
A revelação de que um empregado pessoal da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), é pago com dinheiro do Senado ampliou o desgaste político da família do presidente da Casa, o senador José Sarney (PMDB-AP).
Detentor de um salário de cerca de R$ 12 mil pago pelo Senado, Amaury de Jesus Machado, conhecido como Secreta, trabalha como empregado na casa da governadora em Brasília, de acordo com reportagem publicada ontem pelo no jornal "O Estado de S. Paulo".
Uma pessoa próxima à família confirmou à Folha que o servidor continuou prestando serviços particulares a Roseana mesmo depois de ela ter deixado sua vaga no Senado para assumir o governo do Maranhão, em abril deste ano -após a cassação de Jackson Lago (PDT).
Em conversa com a Folha por telefone, Roseana negou que Machado ainda trabalhe com ela. Segundo a governadora, que está licenciada do cargo, Secreta trabalhou durante seis anos no seu gabinete na época em que ela era senadora. "Fazia tudo", disse Roseana -"motorista, marcava audiência, ia buscar prefeito, acompanhava processo de emenda."
Depois, de acordo com Roseana, ele não prestou mais serviços particulares para ela, embora tenha ido a São Paulo acompanhá-la na cirurgia para a retirada de um aneurisma, no começo deste mês.
"Ele tem muita preocupação comigo, eu sou madrinha dele, é uma coisa assim." De acordo com ela, Secreta também foi a São Paulo para fazer exames por causa de uma diverticulite.
Segundo a governadora, trata-se de uma relação pessoal. "Ele vem aqui [na casa dela, em Brasília], me visita, ele é muito querido nosso", disse. "Nunca tive mordomo na vida. Estou até achando engraçado."
A governadora disse que, atualmente, Secreta -o apelido vem de "secretário"- trabalha no gabinete do senador Mauro Fecury (PMDB-MA), que substituiu Roseana quando ela assumiu o governo.
Em nota divulgada ontem à tarde, Roseana afirmou que Secreta "está no Senado há mais de vinte anos, exercendo as suas funções" e "trabalhou com vários senadores e sempre foi elogiado por todos".
A revelação sobre Secreta se soma a uma série de acusações recentes envolvendo o presidente do Senado, entre elas a de que ao menos cinco pessoas ligadas à família Sarney foram nomeadas ou exoneradas por meio de atos secretos da Casa. Sarney admitiu que pediu ao senador Delcídio Amaral (PT-MS) um emprego para a sobrinha de sua mulher, um dos casos mencionados.
Procurado ontem por meio da assessoria de imprensa, ele não quis comentar o caso envolvendo a filha Roseana.
No mês passado, a Folha também mostrou que o presidente do Senado recebia auxílio-moradia de R$ 3.800, embora tenha casa em Brasília e utilize a residência oficial desde fevereiro para eventos relacionados ao Congresso.
Sarney primeiro negou receber o benefício, mas depois reconheceu o pagamento e prometeu devolver o valor.
Em discurso na semana passada, Sarney negou a possibilidade de renunciar ao cargo. "A crise do Senado não é minha; a crise é do Senado", afirmou.
Disse ainda que existem pessoas interessadas nas denúncias contra ele, para que o Senado se enfraqueça. Na última quarta-feira, o presidente Lula defendeu Sarney e criticou o "denuncismo" da imprensa. "Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum", disse.
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