sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A vítima

O médico assassinado é Salvador Nahmias.

Foi executado agora há pouco, na Praça da Bandeira, quando fugia , após retirar dinheiro em um banco , da perseguição dos bandidos.

O corpo dele ainda está lá , dentro do carro.

Céus, protegei-nos!

5 comentários:

Carlos Barretto  disse...

Há pouco mais de 4 meses, na Campina onde moro, assisti da porta de minha casa, uma tentativa de sequestro relâmpago de minha esposa. De trás da porta - que tentava desesperadamente abrir liberando uma sequeência de 3 fechaduras - pude ver que dois molecotes tentavam puxá-la de volta para dentro do carro. Abortei o crime no grito e graças a Deus, os 2 moleques iniciaram fuga levando a bolsa de minha esposa. Foram caçados por uma turba que saiu em seu encalço. Pouco depois, um deles seria atropelado por um ônibus e deixando cair a bolsa, que foi devolvida gentilmente por populares. Neste caso, não houve nenhuma perda: nem material, nem de vida humana.
Há 5 meses, minha cunhada não teve a mesma sorte e foi abordada por 2 motociclistas na saída do banco (em pleno bairro do Jurunas, próximo a casa dos pais da governadora) que, de arma em punho, obrigaram-na a entregar 1000 reais para o pagamento de suas necessidades. Por sorte, apesar do prejuízo material, ela saiu ilesa.
Duas entre inúmeras, incontáveis e cada vez mais acintosas histórias de crimes cometidos por molecotes. O modus operandi que todos já estão cansados de saber.
E assim caminha a escalada de violência sem fim nesta cidade. Esta cidade que um dia já se chamou Belém, onde outrora as pessoas botavam as cadeiras da sala na calçada para apreciar o entardecer.
Enquanto isso, continuo fazendo o trajeto diário que faço de casa para os hospitais e de lá para casa. Nada mais.
Sair à noite? Pago o que for necessário para não fazê-lo. Tento manter toda a diversão do fim-de-semana restrita aos domínio de meu lar. Seguro? Estou bem longe de acomodar-me com esta tese, quase anedotal. Mas ao menos, estou em minha casa. Se tiver que morrer, morro ao lado dos meus, defendendo-os até o fim. Não numa vala imunda e fria. Jamais na via pública. Sozinho. Sem uma mão amiga, de cheiro familiar, a ouvir minhas últimas palavras, meus agradecimentos, minhas desculpas, minha alegria ou minha dor.
Coisa que o médico Salvador Nahmias, e muitos outros, nos mais diferentes níveis da sociedade não mereceram. E nós cidadãos, pagadores de impostos onerosos e muitas vezes indecentes, continuamos sem ver o fim. Estamos todos sucumbindo. Um a um, nas mãos de meliantes de pouca idade, que mal sabem manusear uma arma. Pena que elas sejam sempre tão certeiras. E ainda somos obrigados a ler imundas propagandas oficiais mostrando esforços de fachada, se não, absolutamente inúteis.
E continuo a fazer o trajeto diário de casa para o trabalho, sem ver um único policial sequer na rua. Um único sequer. Um cadete, um guardinha, um soldado ou algo que o valha. Uma viatura aqui, outra lá, eventualmente e só!
É a parte que me cabe neste universo de imundície, desídia, desgovernos sucessivos e caos que se transformou Belém.
E dê-me por satisfeito!

Poster disse...

Carlos,
Seu depoimento merece ir para a ribalta.
Vou postá-lo amanhã pela manhã.
Abs.

Anônimo disse...

Carlos
estamos em 2 anos e 4 pessoas da area da saúde foram brutalmente assassinados: Paulo Barroso, Paulo Cavallero de Macedo, Odontologo que foi assaltado e morto no restaurante da 25 com Timbó e agora o Dr. Salvador Nahmias, eu mesmo há 8 anos passei um sufoco com bandidos no meu carro por 2 anos e agora dia 15 de novembro tive que pular o muro do salão do Guimas na Generalissimo para não ser assaltado enquanto o Hamilton Cardoso Filho foi assaltado e levaram tudo. Socooooorro, acho que deveriamos parar de pagar impostos pois nem segurança o estado nos dá. Cadê o pessoal de Direitos humanos será que deram apoio a essasa familias que perderam seus esteios, será que alguem deu apoio cadê a OAB, será que vamos ter que ver quantos mortos mais? precisamos de apoio quero ver o pessoal dos direitos humanos será que teremos que fazer justiça pelas proprias mãos? Precisamos de segurança minima. Ney Figueira

Carlos Barretto  disse...

Obrigado, Paulo.
Pena que a ribalta, seja a dura realidade que enfrentamos no cotidiano desta cidade, que já foi, já foi, já foi, já foi...

Poster disse...

Pois é, amigo.
Não podemos deixar de nos empenhar para que a cidade volte a ser o que já foi.
É difícil acreditar nisso nesses momentos, mas é preciso acreditar.
Abs.