sábado, 18 de outubro de 2008

O início de uma nova era

Na VEJA:

Os irmãos Frederico, de 8 anos, e Mariana, de 6, prepararam-se com entusiasmo para a fotografia ao lado. A menina escolheu seu vestido preferido e trançou os cabelos. Para surpresa da mãe, Ana Cristina, meia hora antes do combinado o garoto estava pronto – e não foi preciso ninguém pedir para ele se arrumar. Frederico e Mariana capricharam porque o retrato seria feito para celebrar a maior conquista do pai, o empresário Christian Stauch, de 46 anos. Há pouco tempo, ele recebeu a notícia de que vencera a batalha contra um câncer de próstata, iniciada em maio de 2004. Um mês antes de completar 42 anos, Stauch decidiu se submeter a seu primeiro check-up. "Dá para imaginar o susto que levei quando o médico avisou que eu tinha câncer?", diz ele. O empresário imediatamente se lembrou dos dois últimos anos de Jaime, avô de Ana Cristina. Forte e atlético, ele nunca fizera exames preventivos. Quando, aos 70 anos, o tumor de próstata deu os primeiros sinais, era tarde demais: a doença já se alastrara pelo organismo, causando-lhe dores horríveis. "A minha sorte foi ter descoberto o câncer em fase inicial e ter partido rápido para o ataque", conta Stauch. Submetido a uma prostatectomia radical (a retirada total da próstata), o empresário hoje comemora a vitória da vida – sem nenhuma seqüela do câncer nem da cirurgia.
A forma como Jaime sucumbiu ao tumor e o triunfo de Stauch sobre a doença são emblemáticos dos progressos nos conhecimentos a respeito do câncer de próstata. "Está sendo inaugurada uma nova era na história da doença", diz o urologista Gustavo Cardoso Guimarães, do departamento de cirurgia pélvica do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo. Durante muito tempo, por falta de métodos precisos de diagnóstico e de tratamentos eficazes, o câncer de próstata foi considerado raro e, na maioria dos casos, uma inapelável sentença de morte. A situação começou a mudar apenas a partir do fim da década de 80 e se acelerou – para muito melhor – nos últimos dez anos. Para se ter uma idéia, a relação entre câncer de próstata e estilo de vida só foi estabelecida em 1996 (veja o quadro). Nos últimos vinte anos, os tratamentos medicamentosos e a radioterapia tornaram-se mais seguros e acurados. As cirurgias, menos invasivas e mutiladoras. A prostatectomia radical, por exemplo, durava, em média, oito horas e freqüentemente exigia transfusões de sangue. Agora a extirpação da próstata é feita em duas horas, por videolaparoscopia. Com os novos procedimentos, os riscos de recidiva da doença caíram drasticamente entre pacientes com diagnóstico precoce. Atualmente, o câncer reaparece em apenas cinco de cada 100 pacientes. Nos anos 80, cerca de 40% dos homens dados como curados sofriam com a volta do tumor.

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