Diga-se tudo o que se queira dizer do candidato do PMDB a prefeito de Belém, José Priante. Mas não se diga que ele não fez uma jogada de mestre ao jogar a isca para seu adversário Duciomar Costa (PTB).
Diga-se muito do que se queira dizer do candidato do PTB a prefeito de Belém, Duciomar Costa. Mas não se diga que ele fez uma jogada de mestre ao morder a isca que seu adversário José Priante (PMDB) lhe ofereceu.
Onde o prefeito Duciomar Costa estava, em que planeta se encontrava, o que pensava, que suposições alimentava quando aceitou, durante debate na Record, o desafio de seu adversário para que fossem juntos ao Pronto-Socorro Municipal e verificassem pessoalmente se as obras de ampliação previam 30 leitos, como sustenta Priante, ou 150, como afirma o candidato petebista?
Duciomar, segundo a última pesquisa do Ibope, tem vantagem de 11 pontos percentuais sobre seu adversário.
Duciomar, segundo a pesquisa DataUnama, tem vantagem de 18 pontos em relação a Priante.
A platéia à espera de Duciomar
O que Duciomar foi fazer, então, na porta do Pronto-Socorro Municipal, sabendo que correria todos os riscos possíveis – de vaias, xingamentos, de ser chamado de mentiroso, fujão, portador de diploma falso, manipulador de números e outras cositas mais, tudo isso ao vivo e em cores?
O que Duciomar Costa foi fazer na porta do PSM, expondo-se ao risco de oferecer de bandeja, ao adversário, elementos que foram explorados no horário da propaganda eleitoral gratuita?
O blog ouviu duas pessoas bem próximas a Duciomar e perguntou-lhe exatamente isso. Ouviu, em resposta resumidíssima, o seguinte: que o prefeito candidato topou o desafio porque supunha, porque presumia, porque esperava que o confronto no PSM fosse marcado pela civilidade, pela cordialidade e pela troca de idéias em alto nível.
Inacreditável! É inacreditável que Duciomar, político de vários mandatos e prefeito de Belém há quatro anos, tenha imaginado isso.
O prefeito pensa que está na Suíça? Na Suécia?
Civilidade, troca de idéias, serenidade e cordialidade durante campanha eleitoral?
Mas onde, já?
Aqui em Belém?
Aqui no Pará?
No Brasil?
Na Suíça?
Na Suécia?
Na Finlândia?
Onde mesmo?
Civilidade, troca de idéias, serenidade e cordialidade durante campanha eleitoral?
Deveria ser assim, realmente.
Mas é assim?
Não.
O exemplo de Kassab
Duciomar Costa deveria dar uma ligadinha para o prefeito de São Paulo, o candidato à reeleição Gilberto Kassab (DEM), que está 17 ou 18 pontos à frente de sua adversária Marta Suplicy (PT).
Deveria dar uma ligadinha e saber o que Kassab tem feito nos últimos dias.
O que tem feito Kassab?
Tem reduzido suas exposição em público.
Kassab, nos últimos dias, tem procurado racionalizar suas aparições em público.
Kassab, ultimamente, tem reformulado sua agenda de campanha para tirar podar, para cotar o excesso de atividades externas.
Por quê?
Porque Kassab, em vantagem de 18 pontos, precisa evitar erros. Precisa expor-se o mínimo possível a constrangimentos. Precisa resguardar-se diante da possibilidade de responder a alguma pergunta ousada de um repórter e dizer uma besteira, uma grande besteira.
Se Duciomar ligasse – ou ligar – para Kassab, ouviria isso. Ouviria esse conselho: para que puxe o freio de mão e aguarde a hora da abertura e do fechamento das urnas.
É possível que as repercussões eleitorais do desafio proposto por Priante e aceito por Duciomar não sejam tantas, até mesmo porque o duelo em frente ao PSM ocorreu a 72 horas da eleição de amanhã.
Quer perder?
É possível, aliás, que as repercussões eleitorais sejam nulas, que sejam nenhuma. Mesmo assim, é razoável, é sensato acreditar que a postura de Duciomar tenha sido uma estratégia de campanha, para ganhar votos ou para manter as intenções de voto a seu favor?
Ninguém acredita que o prefeito Duciomar Costa queria perder esta eleição. Ninguém.
Mas, sinceramente, ao morder a isca atirada por Priante, o prefeito até passou uma impressão – remotíssima, mas impressão de qualquer forma – de que está com vontade de perder esta eleição.
Está?
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