No AMAZÔNIA:
A Assembléia Legislativa do Pará aprovou ontem, por unanimidade, a formação de uma comissão parlamentar temporária externa para acompanhar as denúncias sobre possíveis irregularidades na eleição ocorrida no município de Santa Luzia do Pará. O pedido partiu do deputado Adamor Aires (PR).
De acordo com Adamor, em duas seções situadas no interior de uma reserva indígena Tembé, a apuração revelou que não houve votos nulos, brancos ou abstenções. Sendo que todos os votos sufragados foram para o candidato à reeleição Louro do PT.
'Não que se queira discriminar o povo indígena, que merece todo nosso respeito. Todavia, o resultado da eleição naquele município destoa das estatísticas que compõem a realidade de nosso Estado sobre eleições, na qual, por força de alto grau de analfabetismo de nossa população e de abstenção - bem como o número de votos nulos e brancos, sendo sempre alarmantes - talvez nem em países do primeiro mundo a performance do eleitorado atinge índice registrado nestas duas seções de Santa Luzia', explicou Aires, no documento.
Ele também ressaltou que já está em poder da juíza da 41ª Zona Eleitoral uma gravação na qual, o mesário da seção 190, Marcelo Oliveira Sousa Tembé, relata a um professor, 'em tom de deboche', os detalhes da votação viciada. E que outro indício de irregularidade pôde ser constatado, segundo o deputado, em um boletim de ocorrência policial registrado pela coligação adversária de que esta agremiação foi impedida de fiscalizar a votação por conta de uma apreensão de credenciais feita às vésperas do pleito por Policiais Militares.
Também assinam o requerimento os deputados José Megale (PSDB), João Salame (PPS), Márcio Miranda (DEM), Junior Hage (PR) e Eduardo Costa (PTB).
Apesar de ter sido aprovado por unanimidade, a bancada petista na Casa vê com restrições as denúncias formuladas pelo deputado. A preocupação do líder do PT, Carlos Martins, é que a criação da comissão externa para apurar o processo eleitoral em Santa Luzia do Pará possa desencadear novos pedidos à mesa-diretora da Alepa.
'Se todos os 41 deputados resolverem questionar o processo eleitoral em seus municípios, o Legislativo terá que trabalhar apenas para acompanhar as investigações, por isso, precisamos trabalhar com bom-senso e muita cautela', argumentou Martins.
Em nota à imprensa, ele informou que os membros da bancada aguardam a notificação da mesa-diretora sobre a criação da comissão. E que a partir daí, a bancada petista vai se reunir para indicar qual petista integrará a comissão, como determina o regimento interno da Alepa, já que a bancada é composta de seis membros e é a terceira maior do parlamento estadual.
Um comentário:
DECLARAÇÃO
Eu, Marcelo Oliveira Sousa Tembé, portador do CPF nº 862.156.472-68, residente na Terra Indígena Alto Rio Guamá- Aldeia São Pedro, tenho a declarar o seguinte em relação aos noticiários veiculados na imprensa regional no dia 11 de outubro de 2008:
1.Repilo as acusações racistas do candidato derrotado (conhecido pela alcunha de Mico) contra meu povo ao afirmar que os índios são analfabetos.
2.Como uma pessoa pode afirmar que as aldeias Tembé Têm um índice de abstenção altíssimo, uma vez que é a primeira vez que funciona uma urna na aldeia? De onde tirou essa ignóbil teoria? Nas outras eleições votávamos fora da aldeia. No mínimo tal acusação é para criar mais um fato político
3.Desconheço e em nenhum momento autorizei supostas gravações a respeito de declarações atribuídas a mim sobre eleições.
4.Fui procurado por uma pessoa no dia 09/10/2008 que se dizia pesquisador e professor de uma universidade para saber sobre projetos na terra indígena. Ao final da entrevista ele me perguntou sobre eleições a qual afirmei que naquela sessão os eleitores foram fiéis ao candidato indígena, Naldo, e ao prefeito de sua coligação, Sr. Louro. Querer com isso atribuir fraude é casuísmo e oportunismo de pessoas derrotadas que querem envolver nossas comunidades indígenas nas suas falcatruas.
5.Não houveram tais fraudes atribuídas na sessão da Aldeia São Pedro, onde todas as pessoas votaram livremente e sem pressões de quem quer que seja, do PT, ou dos membros da Mesa receptora ou de outras pessoas. Todos individualmente chegavam para votar, assinando a folha de votação e indo para afirmar o seu voto.
6.No dia da votação estiveram presentes fiscais da coligação Muda Santa Luzia, que acompanharam a votação, inclusive assinando o boletim de apuração.
7.Pessoas vinculadas à coligação Muda Santa Luzia assediam constantemente parentes indígenas, oferecendo até 100 mil reais para mentir dizendo que houve fraude nas sessões das aldeias. Isto sim deveria ser publicado na imprensa e investigado
Capitão Poço, 13/10/2008
Marcelo Oliveira Sousa Tembé
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