quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O Congresso Nacional e a Legião Estrangeira



Por ANDRÉ COSTA NUNES

A Legião Estrangeira é uma tropa de elite do Exército Francês, que recruta, ou recrutava, toda a escória do mundo. Não importa a nacionalidade, credo, índole ou mesmo crime cometido antes do alistamento. Ao passar por seus portões, o recruta está anistiado.
Consta que muitos quiseram fugir para se entregar à justiça e pagar pelo crime que havia cometido.
Ainda hoje é assim. Tem até uma página oficial de recrutamento na internet. Em todos os idiomas, inclusive, claro, em português. http://www.legion-recrute.com/pt/
Tomei conhecimento da existência da Legião Estrangeira ainda menino interno no colégio Salesiano Nossa Senhora do Carmo. Devia ter uns doze pra treze anos de idade. O livro chamava-se Beau Geste. Trouxe-o escondido, pois não sabia se constava de um tal de index prohibitarum librorum usado para confiscar, no meu entender, tudo que não fosse escrito por padre. E dava castigo pesado. E nem eram livros de sacanagem. Lembro-me que perdi Reinações de Narizinho de Monteiro Lobato e uma coleção de gibis.
Adorei Beau Geste. Sonhava entrar para a Legião Estrangeira. Muita aventura, heroísmo e gestos de nobreza nas areias do deserto. Saara. Acho que era a Argélia.
Por algum tempo essa idéia ficou na minha cabeça, quando não, como uma saída para o caso de eu aprontar algum pecado imperdoável ou crime hediondo. É evidente que aos doze anos, xucro, xinguano, não tinha a menor noção do que seria hediondez, mas já me via com aquela farda e, principalmente, com aquele quepe armado com uma cortina a cobrir a nuca, como no desenho da capa do livro.
Quando entrasse para a Legião Estrangeira, todos os meus pecados e malfeitorias estariam perdoados.

***

Hoje [terça-feira], há poucas horas, a Deputada Jaqueline Roriz foi perdoada de todos os pecados e crimes cometidos antes de entrar para o Congresso Nacional.
Aplausos para a nova legionária.

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