sexta-feira, 4 de novembro de 2011

"Até os animais obedecem a hierarquias"

Sob o título acima, o advogado Ismael Moraes remeteu ao blog, com pedido de publicação, o texto abaixo, em resposta à postagem Presidente de comissão cobra "acusadores" da OAB-PA, em que o advogado o Afonso Arinos Lins Filho lhe faz críticas.

------------------------------------------


Acerca da babel acusatória assumida pelo advogado Afonso Arinos, imputando a mim e aos demais conselheiros da OAB/PA a utilização indevida de recursos da OAB e em proveito próprio – mas que tergiversa para atribuir a autoria da difamação à imprensa, quando nenhum meio de comunicação, sabe-se, não teve o desplante de fazê-lo – mantenho meu propósito de fazer com que o referido advogado, que usa da condição de ser presidente de comissão para querer falar em nome da instituição contra ela própria, que esse senhor será levado às barras do devido processo legal para responder por essas reiteradas infrações.
O advogado Afonso Arinos não pode me desafiar a provar isso ou aquilo em relação ao objeto em discussão simplesmente porque eu não afirmei nada sobre as supostas irregularidades que ele assevera terem ocorrido. Quem afirma é ele e, agora, está sim obrigado a responder por isso, queira ou não. Eu próprio quero saber se ocorreram e quem são os autores dos supostos desvios e tomarei, sim, medidas caso cheguem-me às mãos elementos pelo menos indiciários dessas imputações, seja contra quem for. Aliás, sobre as “perícias” brandidas pelo Dr. jarbas (que foram obtidas por contrato particular, portanto, não tem caráter oficial) pelo que li, as afirmações contra o dr. Evaldo parecem-me de tal modo obtusas prima facie que demonstra terem sido baseadas, sim, em informações falsas. Apenas a título de exemplo, a única assinatura existente em qualquer carteira de advogado obtida nessa gestão é com base em aposição do punho escriturador escaneada do próprio presidente afastado Jarbas Vasconcelos.
Esclareço, dr. Afonso Arinos, que como advogados, de fato, não temos qualquer diferença de direitos e obrigações (apesar de vossa senhoria acreditar que é um grande mérito seu pagar anuidades, e não mera obrigação!). Mas enquanto membros da estrutura de poder da OAB há grande diferença, sim, entre nossos direitos e obrigações. Eu, enquanto conselheiro, possuo mandato eletivo e, portanto, sou agente político e represento, por meio do voto direto, parcela dos advogados paraenses. E, como já expliquei, exerço, assim, direito-função, por meio do qual possuo outras prerrogativas e poderes para serem utilizados em prol do interesses de outrem – que é justamente a classe dos advogados. Por esse direito, tenho autonomia de ação e, dentro da estrutura da OAB, não possuo subordinação para falar em nome dela. Isso que nos permitiu enfrentar, dentro da entidade, aqueles que tentaram se locupletar; isso que nos permitiu, utilizando nosso direito de voz e voto, fazer anular a venda maldita; isso que nos permitiu encaminhar ao Conselho Federal várias representações e expedientes em nome da advocacia paraense, até o esclarecimento dos crimes e a possibilidade de intervenção. Já os membros de comissões são subordinados, primeiramente, à diretoria – hoje representado pelos interventores contra quem vossa senhoria se rebela - e ao conselho, que pode, inclusive, requisitar explicações e prestações de conta das ações tomadas. Há, sim, senhor advogado, uma grande diferença de direitos e obrigações, que vossa senhoria poderá conhecer melhor lendo o Estatuto e o Regulamento, como bom advogado que se intitula.
Para finalizar, faço minhas as palavras do Dr. Sérgio Couto, cuja autoridade sobre o tema dispensa apresentações. Parte do texto transcrito abaixo é de conhecimento público posto que publicado na rede advpa, e corresponde à resposta dada pelo ex-presidente e ex-conselheiro federal à dra. Rejane Bastos, que lhe encaminhou a minha manifestação e a sua respectiva crítica a mim. O título deste texto foi tomado emprestado de passagem perfeita declinada com o tirocínio peculiar às manifestações do respeitável batonier. Eis a lição (os grifos e sublinhos estão no original do texto):

"Rejane (...)  a seu pedido, afirmo que todos os advogados devem se submeter ao disposto no art. 34, inciso XVI, do EOAB e aos arts. 44 e 45, do CED - Código de Ética do Advogado brasileiros.
Uma coisa é discordar. Todos nós temos direito a isso!
Outra coisa é se rebelar contra as estruturas organizacionais estratificadas, classificando as decisões de qualquer instituição como “ato arbitrário, de abuso de poder, ilegal ou antidemocrático”, ou “medida desproporcional e despropositada, desmoralizadora de toda a classe, subentendendo nossa absoluta incapacidade de defender nossos direitos e resolver nossos problemas”.
Outra é insubordinação com o uso de termos, frases e expressões vedadas pelos art. 44 e 45, de nosso CED, que ofendem profundamente o patrimônio moral da instituição, dos dirigentes e de seus integrantes (inclusive dos que concordam com sua opinião).
Portanto, o mínimo que posso recomendar é moderação em um caso tão sensível como esse. Não é cartesianamente possível que 87 “cabeças” integrantes do CFOAB sejam todas tão magnificamente “irresponsáveis” a ponto de decretar a medida extrema da “intervenção”, sem sólidos fundamentos éticos, morais e jurídicos para tanto.
Enfim: as comissões de trabalho, na estrutura institucional-administrativa da OAB, são órgão de assessoramento da diretoria. Não são órgão de execução para discordar e desafiar os órgãos hierarquicamente superiores. Nem os animais se insubordinam contra as estruturas hierárquicas - organizacionais dos grupos que integram. Seria o caos. A anarquia que já dizimou civilizações e destruiu bandos!"
Lamento, dr. Afonso Arinos, mas o senhor terá que se submeter a isso, queira ou não!

13 comentários:

Anônimo disse...

Em primeiro lugar, advogados devem respeitar e fazer respeitar a Constituição e as normas infraconstitucionais que estejam de acordo com ela. Devem, assim, fazer com que se respeite o Estado Democrático de Direito seja lá contra quem quer que seja.De modo que se o Conselho Federal da OAB procedeu contra o Estado Democrático de Direito, e agora se reconhece que sim, deve responder seriamente por sua atitude nas instâncias adequadas.Em segundo lugar, os advogados não são animais, são pessoas com dignidade que deve ser respeitada. Em terceiro lugar,nosso sistema jurídico não admite submissão a atos que configuram abuso de poder e de autoridade. O nosso sistema graças à lutas democráticas não é absolutista faz muito tempo...

Anônimo disse...

Contradições

Vejam só:

1) a OAB luta contra julgamentos administrativos secretos nos tribuansi. Considera isso antidemocrático e nocivo à sociedade. Mas a OAB federal acaba de decidir secretamente pela intervenção na subseção do Pará. Justifica que assim a lei prevê. Mas os julgamentos administrativos nos tribunais também não tem amparo na lei?

2) A OAB lutou contra – e o fez muito bem – eleições indiretas pelo colégio eleitoral no Congresos Nacional. Considerava isso um entulho autoriário. Mas, agora os conselhos federais da OAB rejeitam a realização de plebiscito entre advogados e advogadas para eleição direta à presidência do Conselho Federal. Isso não é manter um entulho autoritário? Convém lembrar que as eleições para as seccionais são diretas. Então, a democracia está mais presente nas seccionais.

3) A OAB defende - e parabéns por isso – concursos públicos para todos os setores da administração pública, especialmente para a magistratura. Mas a OAB não toca no incotável quinto constitucional – entulho autoritário que beneficia diretamente advogados e procuradores com ingresso nos tribunais, sem concurso público. Como justifica isso? E Por que não abre mão disso?
Pelo quinto, alguém já viu um advogado que não é alinhado politicamente à cúpula da OAB chegar ao desembargo, ao STJ, ao TST, aos tribuansi federais, ao STF ?

4) A OAB lutou e conseguiu encaixar na Constituição o direito de participar nas comissões de concurso da magistratura. E também conseguiu uma vaga no CNJ. Mas vejam que a OAB não permite assento de qualquer cidadão (muito menos magistrado ou procurador) no seu tribunal de ética. Não seria bem democrárico o assento de um representante da magistratura, do MP, dos delegados, da sociedade no tribunal de ética da OAB? Afinal, esse tribunal julga advogados que são acusados de faltas contra os clientes, contra jurisdicionados.

5) A OAB reclama contra a morosidade processual, mas pergunte se a OAB já sugeriu algum projeto de lei para reduzir os números de recursos no sistema jurídico brasileiro? Pergunte se ela é favorável ao projeto do presidente do Supremo, o propõe um enxugamento no sistema recursal brasileiro.

Bom, por ai vai...

Nos advogados e advogados, que queremos uma OAB democrática, devemos lutar por tudo isso. A sociedade ganhará com isso.

Anônimo disse...

NÃO SOMOS ANIMAIS!
ADVOGADOS!NOSSO VOTO NÃO VALE NADA!
Intervenção e/ou Diretoria provisória, seja lá a ideologia e/ou o interesse político em jogo,O FATO É QUE ISSO NA ESSÊNCIA,isso que importa,É UM FLAGRANTE ATO DE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO.Podemos até imaginar se a moda pegar, toda vez que as Seccionais de cada Estado fazerem uma administração correta e proba que desagrade certas pretensões politicas serão logo objeto de intervenção pelo conselho federal...Já imaginaram...Com efeito, nosso voto que elegeu por maioria Jarbas Vasconcelos para presidir a OAB-PA pelo triênio até 2012 NÃO VALEM ABSOLUTAMENTE NADA....A advocacia paraense está de LUTO!A DEMOCRACIA BRASILEIRA ESTÁ DE LUTO!
Sinceramente, essa medida interventiva só tem um imediato objetivo:enfraquecer ao máximo a atual gestão para inviabilizar disputar à reeleição. Vejamos que tudo nessa medida é desproporcional:1.A intervençao,por si só,além de CÍNICA, é inconstitucional, ilegal e imoral;2.O tempo determinado para a intervenção é exagerado, 6 meses; 3. Ano que vem, por volta de outubro a novembro, haverá eleição novamente;4.Parte dos integrantes do grupo interventivo fizeram e fazem parte do grupinho que maculou a atual presidência alimentando o Jornal o Diário do Pará do Jader Barbalho com informações depreciativas da OAB-PA;
5.É por estas razões dentre outras que a maioria da advocacia brasileira, 99%, quer eleição direta para os membros da diretoria do Conselho Federal da OAB.Está mais que na hora de acabar com eleição indireta para a escolha da diretoria da OAB nacional;6.Esse mesmo Conselho federal que em SESSÃO SECRETA determinou a intervenção na nossa OAB-PA, logo em seguida, em sessão seguinte também IMPEDIU QUE FOSSE REALIZADO PLEBISCITO no Brasil entre os Advogados Brasileiros para saber se queriam eleição direta para a Diretoria, cinco cargos. Vejam a que ponto chegamos:quem é eleito indiretamente determina intervenção e interventores e, além do mais, obstruem a consulta democrática.

Anônimo disse...

"Nem os animais se insubordinam contra as estruturas hierárquicas - organizacionais dos grupos que integram. Seria o caos. A anarquia que já dizimou civilizações e destruiu bandos!". Me apresenta quem te ensinou sociologia, porque isso que foi dito é uma pérola. Esse papo da OAB fez vir à luz "grandes expoentes" da advocacia paraense, pelo menos nos blogs, ainda desconhecidos do grande público. Aliás, recebi ontem os boletos da anuidade e decidi: não vou pagar, não é por protesto, raiva, ódio do Jarbas, do interventor, da Ângela... somente por falta de vontade, prá que?

José Carlos Lima disse...

Animais obedecem hierarquia por instinto. Quem tem instinto animal obedece hierarquia, usa a força e a intimidação para fazer conhecer a hierarquia. Gostei do título, retrata muito bem o momento que estamos enfrentando na OAB.

Anônimo disse...

COMO ADVOGADO E CIDADÃO SINTO-ME OFENDIDO COM OS ARGUMENTOS EXPRESSOS PELO SR. ISMAES MORAES.
POIS,EU NÃO SOU ANIMAL.MINHA ESPOSA NÃO É ANIMAL.MEUS FILHOS NÃO SÃO ANIMAIS.MEUS AMIGOS NÃO SÃO ANIMAIS.
SOMOS CIDADÃOS QUE VIVEMOS, SOBREVIVEMOS E NOS RELACIONAMOS SOB O IMPÉRIO DA LEI, DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO.

Anônimo disse...

Os advogados vao dizer no voto ano que vem, quem sao os animais. FORA INTERVENCAO.

Anônimo disse...

Que a intervenção dure um ano e meio! É o que desejam os advogados paraenses sérios, todos com quem eu converso.

Anônimo disse...

Dr Ismael,

O senhor está tal qual o Ricupero: O que é bom a gente fatura, o que é ruim esconde. Aliás, achar boa a nossa comparação com animais é querer forçar a barra além do tolerável. O senhor transcreveu um pedaço do texto e omitiu todo o resto, incluindo a minha manifestação e minha resposta que desarmam todos os argumentos fracos. Por que o senhor não transcreve o que escreveu o Dr Deusdedith sobre a nulidade da sindicância? Óbvio, porque não lhe interessa. Interessante notar como as pessoas de aliam quando conveniente. O senhor votou no Dr Sergio? Eu, por acaso, fiz parte da sua chapa e campanha para ele. Lamento que ele esteja visceralmente equivocado ao defender uma intervenção imperialista e ditatorial, porém, é compreensível em virtude da derrota na eleição.
Sds
Rejane Bastos
*ps: Dou aqui por encerrada a polêmica inócua com o senhor, pois, a essa altura quem vai dizer o Direito é o judiciário com as provas entregues à Polícia Federal. Vamos aguardar e torcer para que todos os erros de todos que erraram sejam cobrados, ganha com isso a categoria e não apenas um grupo com interesses particulares.

Anônimo disse...

Ismael, quer dizer que para tirar o Presidente do comando, uma simples confissão da secretária sobre falsificação de assinatura é suficiente. Agora, para fazer prova contra o vice Evaldo, a perícia técnica do perito mais respeitado do país não serve? Isso está muito estranho. Eu era a favor da intervenção estou começando a mudar de opinião.

Anônimo disse...

Vamos parar com essa insensata troca de insultos. Todos perdem. A OAB perde. A advocacia do Pará perde muito. Não é questão de submissão a hierarquia. Apenas os colegas que integram a comissão de meio ambiente não podiam manifestar-se como comissão, porém, podem e devem manifestar sua divergência ou sua crítica com urbanidade, individualmente, ainda dando destaque, se assim quiserem, ao fato de integrar a comissão.
E agora vou voltar para os meus estudos pois tenho prova domingo.

Anônimo disse...

Quem te disse isso anônimo da 2:20? Que como membros de Comissão não podiam se manifestar?Vai estudar mesmo, está precisando.

ANDRÉ SERRÃO disse...

Em primeiro lugar, gostaria de saber porque as pessoas que enviam comentários têm medo de colocar seus nomes. Não estamos num estado democrático de direito?
Pontuando a polêmica iniciada com a publicação da nota pela comissão de meio ambiente, duas questões, em minha modesta opinião, estão bem claras:
1 - A comissão realmente não tem a atribuição de emitir a manifestação que emitiu, eis que totalmente diversa da finalidade para a qual foi criada;
2 - Não entendi porque o advogado Ismael Moraes reagiu com tanta agressividade contra o presidente da comissão que emitiu a nota, inclusive tentando diminuí-lo como profissional. Em minha análise, o conteúdo da nota foi totalmente impessoal e buscou claramente apenas a transparência nas contas da instituição.
Com todo o respeito a todos os advogados paraenses, faço constar aqui meu entendimento.
André Serrão.
OAB/PA 11.960