Do petista Leopoldo Vieira, em comentário sobre a postagem Por que Ana Júlia perdeu a eleição?:
Ana perdeu a eleição porque a DS [Democracia Socialista] fez a opção, por fora do PT e dos petistas, de trocar um governo estadual por um deputado federal que, aliás, desempenhou um papel chave na derrota. Primeiro, como o "gerente" do governo. Não à toa, um governo com várias obras e iniciativas demorou para alavancá-las. Depois, deixou sua indelével contribuição na desarticulação política, quando perdemos a governabilidade e o apoio político do PMDB, fonte de inúmeros desgastes posteriores. Enfim, em nome dos esforços para se eleger federal, secundarizou-se a própria governadora, sua campanha e os objetivos de governar. Conquistado o segundo turno, atropelou a boa coordenação de mobilização em Belém da campanha e assumiu ele mesmo a função, que foi mais um terrível, tremendo, estupendo desastre.
É como disse Plekhanov: "O papel do indivíduo na História". Neste caso, um Midas ao avesso, que converte em fracasso/derrota/conflito/etc. tudo em que toca.
Ana tem as responsabilidades dela, mas foi rifada pela DS, num raciocínio simples: ela nunca foi vista como "orgânica" do grupo nacionalmente, mas como um pragmático guarda-votos. Com a rejeição elevada, a DS Nacional desacreditou de sua eleição e priorizou dois objetivos: 1) assegurar na derrota iminente o mínimo de sobrevida política, com um federal, que era o cargo possível que restava; 2) assegurar que essa sobrevida fosse tocada por alguém tido como orgânico.
Bueno. A oposição venceu. O PT vai refletir, se reorganizar e voltar a campo, mas algumas coisas são certas:
1- Um carreirismo atroz, como o visto jamais, será permitido novamente pelas maiorias petistas paraenses.
2 - Creio que há certeza quanto iremos inibir a lenda de que vale um candidato popular ainda que dissociado da dinâmica partidária.
3) É o fim da Era da DS no PT paraense por muitos anos. O máximo que ocuparão é o cargo na Câmara Federal.
Quanto à Link, ela será o bode expiatório para encobrir, inclusive, as responsabilidades da ala da DS coordenada pelo deputado federal eleito pelo grupo, mas, a despeito das questões que envolveram sua contratação, a empresa tirou uma Ana Júlia desmoralizada, sem credibilidade e rejeitada, com 10% de intenção de votos e a colocou no segundo turno, a 10 pontos do primeiro colocado (curiosamente o percentual de Domingos Juvenil no 1o round), recuperando a imagem do governo dela a ponto de ele poder ser defendido pela militância.
A DS vai fazer o chamado à unidade, claro, mas a hora é de reflexão profunda e de debate interno democrático, pero duro, realista e absolutamente franco. Só se procedermos assim vamos estar à altura de enfrentar os desafios que se colocarão.
Na Juventude Petista, onde milito, e como não poderia deixar de ser em se tratando de jovens, isso será travado com grande dedicação, até porque a renovação e a reoxigenação partidária passam por nós e os erros que levaram a essa derrota precisam ser extirpados desde já, porque menos políticos e mais culturais.
6 comentários:
Comentário irretocável e preciso.
Fan-tás-ti-co. É isso aí, Leo.
Beijo pra ti.
Bom dia, de novo, Paulo:
realmente a derrota é orfã. Ou tem uma madrasta qualquer.
Ninguém tem dúvida sobre a responsabiilidade da DS não na derrota, ams no desgoverno que assolou o Pará. Aliás, o mesmo elogiado em prosa e verso pelo Leopoldo Vieira, pelos deputados de todas as tendências, e todos os que se locupletaram em benesses e cargos.
A derrota é do PT, por omissão de muitos, por conivência de alguns, que deixaram a escória nacional do partido apossar-se do Pará. E que não chorou e nem rangeu os dentes, enquanto lhe foi conveniente.
As demais tendências, que sempre tiveram maioria no partido, mas acachaparam-se à canetadevem, pelo menos, dividir a conta, ainda que a taxa de serviço seja paga só pela DS.
Abração
Sai prá lá plekanov! Ih, Paulo qual é a tua ficar dando espaço prá esse cara?
Leopoldo sempre foi um dos mais brilhantes candidatos a futuros dirigentes do PT, mesmo atuando na Juventude da sigla.
Nos momentos de governar, quando compôs governo, o fez com competência e sem sectarismo, com reconhecimento das juventudes políticas até da oposição. Expulso do governo, soube fazer a crítica necessária, sem revanchismos. Na direção da JPT e da campanha de jovens da Dilma, soube reconhecer o momento de ir à luta pelo projeto, ainda que com seus defeitos, até porque liderou e ganhou a disputa interna pelo programa que Ana Júlia deveria apresentar à juventude, incluindo o balanço (crítico, mas propositivo) do que ela fizera.
Não é à toa que a Teoria & Debate pinçou esse jovem nortista para sua reportagem sobre os futuros dirigentes do petismo, na revista comemorativa dos 30 anos da legenda.
Concordo com o Leopoldo!
Que link que nada! A derrota tem nome e sobrenome CLÁUDIO PITY
Pelo que se lê vai ser difícil o Puty limpar a "barra" dele com os companheiros.
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