Quando a Globo anunciou a minissérie “Dalva e Herivelto – Uma canção de amor” fiquei ansioso e cuidadosamente disciplinado com os meus horários, preocupado para não perder a programação, tal o zelo com a mania de curtir a história da música popular brasileira, de Donga aos contemporâneos dos Chicos e Caetanos, passando por Chiquinha Gonzaga, Ataulfo Alves, Pixinguinha, Geraldo Pereira, Lupicínio, Baden Powell, Jobim, pelo nosso grande Billy Blanco, pelo próprio Herivelto e tantos outros monstros sagrados da composição literária e musical brasileira, nunca esquecendo os seus iluminados e iluminadas intérpretes: dos Caubys aos João Gilbertos, das Naras às Betânias da vida.
Atento a todos os capítulos, constatei, melancolicamente, que, talvez pela primeira vez, a poderosa Globo fracassou na produção de uma mini-série levada a público.
Não foram poucos os detalhes que comprometeram o habitual sucesso da Globo em produções do gênero. Dentre eles, destaco a participação do Fábio Assunção (um excelente ator, diga-se de passagem) na interpretação do Herivelto Martins. O desafio de fazê-lo parecido com o compositor deixou muito a desejar; o traço físico, a postura visual, de certa forma rústica, e o jeitão aparentemente introvertido do Herivelto não se transfiguraram no Fábio. O ator, por sua vez, não conseguiu adequar o seu sotaque verbal (personalíssimo) àquele que modulava a expressão vocal do Herivelto (faltou, talvez, pesquisa e ensaio). O guarda-roupa do personagem não guardou coerência com a moda da época onde, como detalhe, não se via os colarinhos armadinhos pelos sintéticos de hoje.
Do conjunto da obra, somente dois pontos altos: A caracterização e interpretação emprestadas pela Adriana Esteves ao personagem da Dalva, com todas as suas marcas personalíssimas firmemente definidas (a Branquinha deu um show enquanto o Branquinho fracassou sob a responsabilidade exclusiva da Globo – e olha que o cara é, sim, um bom ator). O outro destaque foi o ator (não sei o nome) que interpretou o Pery Ribeiro. O noviço está de parabéns pela interpretação e a Globo, sem contra-senso, pela escalação (o cara tem a mesma arcada dentária do Pery. Até parecem pai e filho).
No todo, a mini-série foi “água com açúcar” que me levou ao tédio desde a segundo capítulo, quando as expectativas já se revelavam brutalmente arranhadas. Lamento que a Globo não tenha, sequer, conseguido fazer da exposição da vida intima do polêmico casal Dalva e Herivelto, um ponto de reflexão para as gerações futuras. Ficou, na cuca de cada um a pergunta:
Ué, com todo o “porradal” entre o Heri e a Dalva, como pode a Globo ter dado à mini-série o subtítulo “uma canção de amor”? - Bem poderia ser “entre tapas e beijos”. A própria negativa do Herivelto em atender o chamado da Dalva, já prostrada e ferida de morte, sela o fora da Globo na produção da minissérie, a partir do título inadequadamente adotado.
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Quando a Globo anunciou a minissérie “Dalva e Herivelto – Uma canção de amor” fiquei ansioso e cuidadosamente disciplinado com os meus horários, preocupado para não perder a programação, tal o zelo com a mania de curtir a história da música popular brasileira, de Donga aos contemporâneos dos Chicos e Caetanos, passando por Chiquinha Gonzaga, Ataulfo Alves, Pixinguinha, Geraldo Pereira, Lupicínio, Baden Powell, Jobim, pelo nosso grande Billy Blanco, pelo próprio Herivelto e tantos outros monstros sagrados da composição literária e musical brasileira, nunca esquecendo os seus iluminados e iluminadas intérpretes: dos Caubys aos João Gilbertos, das Naras às Betânias da vida.
Atento a todos os capítulos, constatei, melancolicamente, que, talvez pela primeira vez, a poderosa Globo fracassou na produção de uma mini-série levada a público.
Não foram poucos os detalhes que comprometeram o habitual sucesso da Globo em produções do gênero. Dentre eles, destaco a participação do Fábio Assunção (um excelente ator, diga-se de passagem) na interpretação do Herivelto Martins. O desafio de fazê-lo parecido com o compositor deixou muito a desejar; o traço físico, a postura visual, de certa forma rústica, e o jeitão aparentemente introvertido do Herivelto não se transfiguraram no Fábio. O ator, por sua vez, não conseguiu adequar o seu sotaque verbal (personalíssimo) àquele que modulava a expressão vocal do Herivelto (faltou, talvez, pesquisa e ensaio). O guarda-roupa do personagem não guardou coerência com a moda da época onde, como detalhe, não se via os colarinhos armadinhos pelos sintéticos de hoje.
Do conjunto da obra, somente dois pontos altos: A caracterização e interpretação emprestadas pela Adriana Esteves ao personagem da Dalva, com todas as suas marcas personalíssimas firmemente definidas (a Branquinha deu um show enquanto o Branquinho fracassou sob a responsabilidade exclusiva da Globo – e olha que o cara é, sim, um bom ator). O outro destaque foi o ator (não sei o nome) que interpretou o Pery Ribeiro. O noviço está de parabéns pela interpretação e a Globo, sem contra-senso, pela escalação (o cara tem a mesma arcada dentária do Pery. Até parecem pai e filho).
No todo, a mini-série foi “água com açúcar” que me levou ao tédio desde a segundo capítulo, quando as expectativas já se revelavam brutalmente arranhadas. Lamento que a Globo não tenha, sequer, conseguido fazer da exposição da vida intima do polêmico casal Dalva e Herivelto, um ponto de reflexão para as gerações futuras. Ficou, na cuca de cada um a pergunta:
Ué, com todo o “porradal” entre o Heri e a Dalva, como pode a Globo ter dado à mini-série o subtítulo “uma canção de amor”?
- Bem poderia ser “entre tapas e beijos”. A própria negativa do Herivelto em atender o chamado da Dalva, já prostrada e ferida de morte, sela o fora da Globo na produção da minissérie, a partir do título inadequadamente adotado.
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