sábado, 18 de julho de 2009

Bebês ficam na sujeira

No AMAZÔNIA:

Faltam fraldas, algodão, gaze, lençóis e micropore - espécie de esparadrapo - na Fundação Santa Casa de Misericórdia. As mães, que dependem do material para garantir a higiene das crianças, estão indignadas com a precariedade dos serviços oferecidos pelo hospital. No setor de neonatologia, por exemplo, os recém-nascidos têm que passar horas sujos e ensopados de urina. Para piorar a situação, muitos deles ainda ficam no frio durante a noite devido à ausência de lençóis.
Isso acontece, segundo Maria Michelly dos Santos - tia de uma adolescente de 15 anos que teve bebê recentemente -, porque não é permitido que os materiais de higiene sejam trazidos de casa. Até porque existe todo um cuidado do hospital para que as crianças não tenham nenhum tipo de infecção com coisas vindas da rua. 'Nós viemos de São Miguel do Guamá e não tem como a gente se manter em Belém', ressaltou.
Para tentar solucionar o problema, as mães vão de ala em ala da Santa Casa pedir materiais de higiene para outras que têm melhores condições financeiras. No entanto, nem sempre é possível garantir pelo menos uma fralda para os bebês. Até porque muitas mães não se solidarizam para que não falte nada para seus filhos, o que é bastante compreensível, segundo Maria Michelly dos Santos.
Rivaive Cardoso, que está há 17 dias no hospital, conta que já não sabe mais o que fazer para reverter essa situação. Ela explica que o problema com o fornecimento de materias já acontece há, aproximadamente, duas semanas. O primeiro item a faltar na Santa Casa foi algodão, depois partiu para as fraldas e virou um ciclo sem fim. A mãe de apenas 15 anos disse ainda que já não tem mais dinheiro para comprar fralda para a filha recém-nascida. 'Eles dizem que os materiais não estão vindo para cá, mas acho que isso é má administração e desvio de dinheiro público', ressaltou Rivaive Cardoso.
De acordo com Maria da Conceição Rocha, outra mãe que passa pelo mesmo problema, quando a Santa Casa fornece fraldas é com apenas 8 unidades, quantidade que dura apenas um dia. 'Essa quantidade só dá para um dia ou nem é suficiente. São quatro mamadas de manhã e quatro à noite e trocamos o bebê em cada uma delas', explicou.
Em nota enviada pela assessoria de imprensa do hospital, a direção da Santa Casa informou que houve o atraso na entrega de alguns itens do hospital, como fraldas e gaze, por parte dos fornecedores, mas o estoque destes materiais já foi regularizado.
Quanto à troca de roupas de cama, a demora na substituição ocorreu porque a lavagem da rouparia da Santa Casa foi transferida temporariamente para o hospital Ofir Loyola em decorrência da demolição da lavanderia da Santa Casa para o início da obra da Unidade Materno Infantil. Na próxima semana, a nova lavanderia da Santa Casa será entregue, possibilitando a normalização da distribuição de rouparia.

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