LUIZ ISMAELINO VALENTE
Cedendo à irresistível tentação, nem vacilei em surrupiar o título do romance de Marques Rebelo e do filme homônimo de Bruno Barreto para registrar um acontecimento da maior importância para mundo cultural do Pará: na noite de 17 de junho de 2009, o hall Benedicto Monteiro, do Centur, em Belém, foi o palco iluminado do lançamento, em meio a um show lítero-musical, do primeiro livro de Wanda Monteiro – “O Beijo da Chuva”.
Para a mídia em geral e mesmo para os espíritos mais atilados, é tentador associar (ou comparar) a obra da nova estrela, que veio refulgir no céu da literatura paraense, com a do seu famoso pai – o advogado, político, contista, historiador, poeta e romancista Benedicto Monteiro.
De fato, “filho de peixe, peixinho é” – diz a milenar sabedoria do caboclo destas plagas.
Mas convém não restringir a abordagem da produção literária de Wanda Monteiro unicamente ao liame genético inquebrantável que a prende ao autor de “Verde Vagomundo”, “O Minossauro”, “A Terceira Margem”, “Aquele Um”, “O Homem Rio” – e tantas outras obras que se tornaram clássicos da literatura amazônica.
Creio ter sido um dos primeiros, se não o primeiro, a ressaltar publicamente (perante os imortais confrades de seu pai na Academia Paraense de Letras, em palestra que lá proferi em 4 de novembro de 2008, a convite dos acadêmicos Edson Franco e Júlio Victor Moura, a propósito do meu ainda inédito “Memorial Poético de Alenquer”) – que, muito embora ela tenha herdado do pai a veia literária, é inquestionável que Wanda Monteiro “ostenta farol próprio a iluminar seus passos.”
Naturalmente, não terá sido nada fácil para Wanda, a filha, superar (não no sentido de destruir, mas de exceder, de acrescentar) a grandiosa, imponente e abrangente influência paterna, para, a partir dela, erguer a catedral do seu próprio e inconfundível estilo na arte poética, e, assim, brindar os seus leitores com peças inegavelmente antológicas como os poemas de “O Beijo da Chuva”.
É claro que o filho ou a filha não tem, obrigatoriamente, de se “distanciar”, de se “livrar” ou de se “libertar” da ascendência paterna para desbravar o seu mundo “independente”, mas, quando alguém decide realmente assumir o compromisso da entrega total e incondicional à arte, por qualquer de suas formas, tende, de modo natural e irresistível, a buscar a sua própria marca, a perseguir uma identidade ímpar, a construir, pedra por pedra, seu estilo pessoal, pois a verdade é que – “Le style est l'homme même”, como ensinou Buffon.
Alguns certamente estranharão essa estréia literária um tanto quanto tardia. Mas Wanda Monteiro não se fez de repente: sua obra é fruto de paciente, minucioso e irreversível amadurecimento intelectual e artístico.
Como a frágil lagarta, Wanda teve primeiro que se transformar em crisálida, tornando-se, assim, um autêntico lepidóptero, mas, para isso, precisou vencer a prova de resistência mais difícil de todas: romper o casulo no seio do qual se operou o milagre da transformação, para, então, e só então, voar livre e graciosa como borboleta.
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Um comentário:
Pelo jeito, o senador Mário Couto quer "impor" o seu nome como candidato do partido a qualquer custo, nem que pra isso aplique a velhas táticas das ameaças. Esquece o senador que os tempos são outros e já não se aceita que seja empurrado goela abaixo o nome de quem quer que seja. Daí que a juventude do PSDB já fez a sua opção pelo ex-governador Simão Jatene e não são as ameaças do sr. Mário Couto que vão fazer os jovens mudarem de posição.
Até por quê os jovens querem o que se ouve nas ruas na voz do povo: a volta do Jatene.
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