No AMAZÔNIA:
Na Fundação Santa Casa de Misericórdia é o porteiro que decide quem vai ser atendido. No final de semana passado, a dona-de-casa Ana Silma Carvalho, de 28 anos, que estava em processo de aborto, foi impedida de entrar no hospital. No mesmo dia, ela deixara de receber atendimento adequado no hospital Layr Maia, do Hapvida Sistema Saúde. Segundo a empresa, ela recebeu o atendimento de emergência, mas não pôde ficar internada porque estava com mensalidades atrasadas. Grávida de sete meses, Ana Silma sangrava muito quando chegou na Santa Casa. E, mesmo nesta situação, ainda deixou de ser recebida em mais dois hospitais: Beneficente Portuguesa e Pronto Socorro da 14 de Março.
O pastor Paulo Alves, que acompanhou de perto o drama de Ana Silma, está indignado com a situação. Segundo ele, esse foi um exemplo de banalização da vida. 'Quando vi o caminho de sangue nos corredores dos hospitais achei aquilo revoltante. Era uma jovem, que precisava ser atendida e estava sofrendo com o descaso do governo', diz.
De acordo com o pastor, Ana Silma Carvalho estava em um evento da igreja, que foi realizado em um sítio em Santa Izabel, quando começou a passar mal, na madrugada de sábado para domingo. Por volta de 6h da manhã, eles saíram do município, em direção ao hospital Layr Maia. Quando chegaram lá, ela recebeu o atendimento de urgência. Logo depois, eles foram até a Santa Casa de Misericórdia. 'Conversamos com o guarda do hospital e ele disse que ninguém iria entrar. Segundo ele, eram ordens do diretor do hospital. Fiquei indignado. Perguntei qual era o nome deste diretor, queria falar com ele, queria satisfações. Esse tipo de atitude é inexplicável, é desumana', conta Paulo Alves.
Como foram impedidos de entrar na Santa Casa de Misericórdia, eles seguiram para o Pronto Socorro da 14 de Março. Lá, disseram ao pastor que não atendiam pessoas na situação de Ana Silma. No quarto hospital, a Beneficente Portuguesa, mais uma vez Ana Silma foi mal atendida. O motivo foi a falta de leito. 'O doutor Antônio Guerra nos deu uma requisição para que ela fosse fazer um ultra-som na Unimed da Doca. No entanto, nós estávamos sem dinheiro. Até porque tudo aconteceu muito de repente. Mas conseguimos a quantia com a ajuda de amigos', diz o pastor.
O médico que fez a ultra-som também trabalha na Maternidade do Povo e, por esse motivo, ela foi transferida para o hospital, onde precisou pagar a quantia de R$ 800 para fazer o parto cesariano. Muito abalada, Ana Silma preferiu não se manifestar sobre o assunto. Mas o marido, Márcio Cavalho, declarou que ela passa bem.
A direção da Santa Casa informa que a paciente não foi atendida porque estava em trabalho de parto prematuro e havia a necessidade de retaguarda de leito neonatal, mas o hospital não tinha mais capacidade.
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