sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Puty faz nova investida para implodir o G10 na Assembléia


Nos dois últimos dias, o Diário Oficial do Estado veio recheado de exonerações de indicação dos deputados que integram o G10, o grupo de parlamentares ditos independentes que tem criado problemas para o governo Ana Júlia na Assembléia Legislativa. Ele é integrado pelos deputados João Salame (PPS); Márcio Miranda e Haroldo Martins, do DEM; Adamor Aires e Júnior Hage, do PR; Zé Neto (PP); Cezar Colares e Ana Cunha, do PSDB; Luiz Afonso Sefer (DEM) e Roberto Santos (PRB).
Nos bastidores dos dois palácios, o Cabanagem e dos Despachos, corre que, passadas as eleições, a governadora eleita Ana Júlia e o governador de fato Cláudio Puty (ao lado), chefe da Casa Civil, decidiram revidar à derrota que sofreram durante o processo de escolha do conselheiro para o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). O preferido de Ana era o deputado Luís Cunha, que perdeu para o deputado Cezar Colares com os votos justamente do G10, do PSDB e dos insatisfeitos do PMDB e do PV.
Neste ano de 2008, o governo bateu o recorde de derrotas no parlamento paraense. A mais recente foi a eleição para o TCM. E por conta disso, a intenção de Puty é implodir o G10, sonho que acalenta desde que assumiu a Chefia da Casa Civil. E isso é uma questão de honra para o chefe da Casa Civil, segundo os ventos que sopram da Augusto Montenegro.

Demora a nomeação de Cezar Colares
Outro sinal que aponta para a retaliação contra o G10 é o fato da governadora Ana Júlia ainda não ter nomeado Cezar Colares para o Tribunal. Ele foi eleito no último dia 23 de setembro, mas até agora, nada. Ninguém passou tanto tempo aguardando o decreto governamental para tomar assento na Corte. Nem Zeca Araújo, nem Daniel Lavareda, nem Mara Barbalho.
E mais: o governo bate pé e não quer ver o deputado Júnior Hage assumir o comando da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Casa, hoje presidida por Cezar Colares. Ele é o vice de Colares na comissão e os dois integram o G10. Portanto, segundo a avaliação dos experientes assessores dos dois palácios, o Cabanagem e dos Despachos, Ana Júlia prefere deixar a comissão nas mãos de Colares até o final deste ano, para que ele relate o Orçamento 2009, enquanto ganha tempo para definir um nome dentro do PT para assumir a Comissão de Finanças.

Mudanças na Assembléia vêm a galope
No ano que vem, as mudanças virão na Assembléia. É tempo de eleição da Mesa Diretora e do rodízio feito na presidência das comissões técnicas da Casa. As de Justiça e de Finanças, claro, são as mais cobiçadas e, portanto, pleitear o comando delas requer habilidade e competência nas articulações políticas. E requer também sabedoria para avançar e recuar neste jogo, além de muita, muita paciência. E isso, com certeza não falta ao G10.
O PT tem hoje a Comissão de Justiça, sob o comando da deputada Regina Barata, pessoa, parlamentar que, digamos, não goza da confiança plena do governo por causa de sua postura independente em relação ao Palácio dos Despachos. A presidência da Comissão de Finanças, que vai vagar com a saída de Colares, será disputada a ferro e fogo entre o PT e o PMDB. Antes do tucano Colares presidi-la, ela já esteve nas mãos do PMDB de Helder Barbalho e Ana Cunha, quando ela ainda rezava pela cartilha de Jader.
O governo brigar para que o PT comande a Comissão de Finanças, por onde passam todas as peças orçamentárias do Executivo, significa abrir mão da presidência da Comissão de Justiça e oferecê-la a outro partido aliado. Ou o PT quer comandar as duas comissões mais importantes da Casa? Pretensão, à vezes, opera milagres.
Mas o governo esqueceu de um detalhe: combinar o jogo que sugere jogar com o G10, PSDB e PMDB que, juntos, esmagam uma bancada governista frágil e inexpressiva que vaga na Assembléia Legislativa.
Ah, e tem mais: juntos, G10, PSDB e PMDB elegem ou reelegem o presidente da Alepa. Com ou sem exonerações.

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