Prédio do Incra é ocupado

No AMAZÔNIA:

Seiscentos trabalhadores rurais de vários assentamentos no Pará ocupam a sede da Superintendência do Incra (Instituto Nacional de Colonizaçao e Reforma Agrária) em Belém para pedir que sejam cumpridos os acordos para a construção de infra-estrutura nos assentamentos e os repasses de financiamento e fomento para a agricultura familiar pelo instituto e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. No final da manhã de ontem cerca de 200 agricultores dos assentamentos 'Benedito Alves Bandeira', localizado no município de Acará, e da Colônia Bom Jesus, de Concórdia do Pará, se juntaram às famílias da área 'Paragonorte', antiga Fazenda Caip, e do assentamento 'Luiz Inácio', em Paragominas, e da Fazenda Balalaica, em Ipixuna do Pará, que já estão há 18 dias acampadas em barracas dentro do Incra para protestar contra a falta de condições. 'Nós não temos posto de saúde, energia, não temos segurança, transporte e nem como escoar a produção porque as estradas vicinais não foram concluídas e viram um lamaçal durante o período de chuvas ', denunciaram os agricultores Solônio Alves de Andrade, de 54 anos, e José Felipe Lima, de 62, que moram com 11 filhos cada um no assentamento Paragonorte, onde vivem cerca de 8 mil pessoas.
Segundo os trabalhadores rurais, desde que o assentamento foi criado o Incra prometeu 50 hectares para cada um, mas só entregou a metade, e se comprometeu a beneficiar 2 hectares de cada agricultor um durante 5 anos, mas isso nunca aconteceu. São eles mesmos que fazem as roças ainda de forma tradicional e manual para produzir principalmente arroz, feijão, milho e mandioca.
No Acará e em Concórdia a situação não é muito diferente de Paragominas. Os agricultores denunciam que tem energia nas fazendas mas ela não chega aos assentamentos. 'Falta energia para a agricultura familiar, falta infra-estrutra, crédito para habitação digna e assistência técnica', denuncia o agricultor Zacarias Gonçalves, de 55 anos, mais de 20 deles lutando por melhores condições só no assentamento onde vivem 300 famílias plantando roça. Os agricultores informaram que até agora não há reunião marcada com a direção do Incra, onde ninguém foi encontrado para falar sobre as reivindicações. Os agricultores que ocupam a sede do Incra em Belém são ligados ao Movimento Terra e Liberdade (MTL), à Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas) e à USTN (União dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra do Norte).