No AMAZÔNIA:
Quando a primeira rodada da Copa do Centenário, disputada na tarde do sábado passado, no Mangueirão, foi encerrada com as vitórias de Tuna Luso e União Esportiva sobre Remo e Paysandu, a surpresa não foi por mais um vexame dos 'gigantes' na temporada. Afinal, se os times eliminados da Série C por clubes sem tradição como Águia, Rio Branco-AC e Luverdense-MT já eram fracos, imagine-se após o desmanche sofrido com a saída da competição. O espanto veio, na verdade, da constatação de que nem mesmo os jogadores remanescentes do elenco encontraram motivação para disputar um torneio de fim de ano.
Remistas e bicolores entraram em campo apenas para cumprir mais um compromisso e foram surpreendidos por adversários que encararam aquela oportunidade como uma decisão de campeonato. Jogadores de Tuna e União Esportiva - um time ressuscitado com o elenco do Ananindeua - demonstraram muito mais determinação e vontade de vencer do que azulinos e bicolores. No Remo, a displicência e a falta de interesse são justificadas pelo fator financeiro. De acordo com o técnico Carlinhos Dornelles, os três meses de salários atrasados afetam até mesmo os atletas da categoria de base.
'É difícil você motivar os jogadores quando o problema é financeiro e não há perspectivas para que o quadro se altere rapidamente', reconheceu o treinador. Já o meio-campista Jóbson entende de outra forma. Para ele, apesar da falta de pagamento, era de se esperar que ao menos a garotada que está subindo agora para o profissional demonstrasse um pouco mais de interesse.
'Não consigo entender porque isso aconteceu', diz o experiente meio-campista. 'Tenho 34 anos e já conquistei muita coisa no futebol. Mesmo assim, sempre entro em campo com a mesma motivação. Os garotos que tentam uma vaga no elenco da próxima temporada deveriam aproveitar a oportunidade para mostrar que têm valor. Mas tudo ocorreu ao contrário. Depois, eles mesmos reclamarão quando os dirigentes começarem a contratar jogadores de fora.'
No Paysandu, a mesma desmotivação foi constatada pelo auxiliar técnico Ronaldo do Couto, o Nad, na manhã de ontem, na Curuzu. Ele, no entanto, não conseguia encontrar uma explicação plausível para o comportamento dos jogadores. 'Problema de dinheiro não é, pois os salários estão praticamente em dia para todos', apontou. 'E mesmo que os salários não estivessem em dia, os jogadores deveriam entender que o torneio é a chance que eles têm para garantir um lugar no grupo da próxima temporada. Mas o que eu vi em campo foi um time sem nenhuma motivação', apontou.
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