No AMAZÔNIA:
No dia 20 de outubro de 1969 nascia a paraense Maria Augusta Silva dos Anjos com um problema congênito no coração. Ontem, 20 de outubro, na data em que completou 39 anos, Maria Augusta renasceu com um novo coração, recebido de jovem Eloá Cristina Pimentel, morta de forma trágica aos 15 anos pelo ex-namorado, que a manteve em cárcere privado por mais de cem horas. A dor da família de Eloá não impediu que outra vidas fossem salvas, entre as quais a da paraense, que há dois anos estava na fila dos transplantes em São Paulo, à espera de um coração, que chegou ontem às 5 horas, quando começou a cirurgia que durou quase quatro horas. No final da tarde de ontem o transplante já era considerado um sucesso, com uma resposta de 80% do funcionamento do novo órgão. Até a completa recuperação ela vai permanecer na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Beneficência Portuguesa.
Moradora do conjunto Cidade Nova III, em Ananindeua, Maria Augusta foi para a capital paulista em busca de uma esperança, e durante esse período vivia da ajuda da família, que só soube do transplante às 5h30 de ontem, quando ela já estava na sala de cirurgia. 'No início ficamos apreensivos, por ser uma cirurgia complicada e de risco. Também ficamos muito tristes com a morte da Eloá, porque acompanhamos junto com o Brasil o drama dela e da família dela, orei muito por ela e nunca imaginei que justamente ela fosse salvar a minha irmã, porque o que podemos dizer hoje é que a Eloá ainda vive por meio da minha irmã', disse Maria Adriana dos Anjos, irmã de Maria Augusta.
Desde que chegou a notícia o telefone da família não parou mais de tocar. Eram familiares e amigos que torciam pela recuperação de Maria Augusta. Muito emocionados, os pais da paciente, Matilde Nazaré da Silva e Benedito Teixeira, também disseram que o gesto da família de Eloá foi grandioso. 'Nós ficamos tristes por ela, e muito emocionados com o gesto da família', destacou Matilde.
Segundo Maria Adriana, os pais não têm condições de ir a São Paulo para visitar a filha agora, por isso a família vai esperar a recuperação de Maria Augusta para que ela possa voltar de vez para Belém. 'O mais importante é que tudo correu bem. Ela sempre dizia que um dia receberia um coração de presente de aniversário', revelou Adriana.
De São Paulo as notícias são enviadas pela sobrinha de Maria Augusta, Jeanne Carla Teixeira Rodrigues, de 26 anos, que há dois se mudou com a tia para esperar o transplante. Ela contou que antes da cirurgia a tia disse estar muito agradecida pelo gesto de solidariedade da família de Eloá. Segundo ela, a tia recebeu a ligação do hospital às 23h de domingo, 19. A preparação para a cirurgia começou às 3 horas e o coração chegou ao hospital às 5h15. O procedimento de transplante terminou às 8h30.
Maria Augusta tinha uma cardiopatia congênita e já havia realizado cirurgia cardíaca 16 anos atrás, mas nos últimos anos voltou a piorar e não conseguia fazer tarefas rotineiras como lavar o cabelo ou a louça sem se cansar. 'Era uma vida de muitas limitações, nem filhos ela pôde ter', contou a irmã Adriana.
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