Em O ESTADO DE S.PAULO:
Juiz italiano manda prender 13 brasileiros
Eles são suspeitos de participação no assassinato de 25 cidadãos da Itália durante os regimes militares
Um juiz italiano emitiu na última segunda-feira mandados de prisão contra 140 latino-americanos, entre os quais 13 brasileiros, suspeitos de envolvimento na perseguição a opositores dos regimes militares da América do Sul, na década de 70.
Seis países promoveram esse movimento de repressão à época, com a integração de suas polícias políticas: Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Bolívia. A ação conjunta foi chamada de Operação Condor. Um dos governos militares brasileiros sob o qual ocorreu a operação foi o do general Emílio Garrastazu Médici (1969-1974).
Os pedidos de prisão envolvem cidadãos argentinos, bolivianos, brasileiros, chilenos, paraguaios e peruanos, suspeitos de terem sido cúmplices no assassinato de 25 italianos durante as ditaduras militares. Quase todos os integrantes da lista de pedidos de prisão vivem atualmente na América Latina. Alguns deles já estão sob custódia policial.
De acordo com a lei italiana, os magistrados do País podem realizar investigações sobre assassinatos de cidadãos italianos que foram cometidos no exterior. Não ficou claro, entretanto, se o processo contra os integrantes da lista que vivem fora da Itália é simbólico ou se o juiz tentaria obter a extradição dos suspeitos.
O Itamaraty afirmou que ainda não recebeu nenhum comunicado oficial sobre o pedido de prisão dos 13 brasileiros supostamente envolvidos nos crimes, cujas identidades não foram reveladas.
No Brasil, qualquer ação dessa natureza precisa ser informada ao Ministério das Relações Exteriores. Depois, é encaminhada ao Ministério da Justiça, que analisa caso a caso. O Itamaraty lembra também que a Constituição veta a extradição de brasileiros para que sejam processados em outros países.
Segundo a agência de notícias Efe, a lista incluía 146 pessoas - 61 da Argentina, 32 do Uruguai, 22 do Chile, 13 do Brasil, 7 da Bolívia, 7 do Paraguai e 4 do Peru. Porém, seis dos citados já morreram, entre eles o ex-presidente chileno Augusto Pinochet.
Estão também na relação o ex-presidente da Argentina Jorge Rafael Videla, o ex-almirante argentino Emilio Eduardo Massera e o ex-presidente uruguaio Juan María Bordaberry, de acordo com a rede britânica BBC.
O ex-integrante dos serviços secretos do Uruguai Nestor Jorge Fernandez Troccoli, de 60 anos, foi preso na cidade de Salermo, no Sul da Itália. Troccoli morava no local havia anos e será transferido para Roma, onde tem audiência marcada para este mês, segundo informações de agências internacionais.
Os 140 listados enfrentam acusações que vão desde crimes pequenos até assassinatos múltiplos, além de seqüestros. A apuração na Itália teve início a partir de denúncias feitas por familiares de desaparecidos que tinham origem italiana.
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