segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

O que eles - e elas - disseram em 2007

Muitos até já devem ter esquecido - por conveniência, é claro - o que disseram. Nós, não.

"Essa moça tem, com certeza, alguma debilidade mental, porque em nenhum momento ela manifestou sua menoridade."
Raimundo Benassuly
, delegado-geral da Polícia Civil do Pará, manifestando sua sincera opinião à Comissão de Direitos Humanos do Senado, em 27 de novembro, sobre a menor L., 15 anos, que passou vários dias presas com homens numa cela da Delegacia de Abaetetuba, onde foi seguidamente estuprada e torturada. Um dia depois, Benassuly deixou o cargo.

"Ela sofreu abuso, mas não foi na dimensão em que está sendo divulgado. Não aconteceu todos os dias, com vários presos."
Liane Martins, delegada que investigava o caso da menor de Abaetetuba.

"O senhor não vai bagunçar a minha audiência. Aqui não é a Câmara dos Deputados. Você chegou aqui com uma carinha de coitadinho, de humildezinho, que veio do Pará ou não sei lá de onde. Mas aqui o senhor não manda. Fique quieto e responda às perguntas."
Maria de Fátima Costa, juíza federal da 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília, ao deputado federal Paulo Rocha (PT-PA), a quem interrogava sobre o caso do mensalão.

“Relaxa e goza porque você vai esquecer dos transtornos”.
Marta Suplicy, ministra do Turismo e sexóloga, ao ser perguntada sobre o que dizer aos turistas diante do caos aéreo que marcou o setor aéreo em 2007.

"Por que não te calas?"
Rei Juan Carlos, da Espanha, ao ditador da Venezuela, Hugo Chávez, durante a Cúpula Ibero-Americana, em Santiago do Chile.

"É uma vitória de merda"
Hugo Chávez, o ditador bufão da Venezuela, sobre a vitória da "não" às suas pretensões de perpetuar-se no poder.

"Hitler e Mussolini também faziam plebiscito. E, na verdade, era para fazer uma Constituição autoritária, que é um mau exemplo para a América do Sul."
José Serra, governador de São Paulo, exultante com a derrota de Chávez.

"A Venezuela é eterna, mas o Chávez é psicopata, cafajeste, palhaço e maluco."
Deputado Paulo Maluf, ao aprovar a inclusão da Venezuela no Mercosul, apesar de Hugo Chávez.
"Eu prefiro ser uma metamorfose ambulante."
Presidente Lula, citando música de Raul Seixas, para explicar por que queria tanto a CPMF, tributo que combateu quando estava na oposição (dezembro)

"Rapaz, para tirar o coco, não basta balançar o pé, que ele não cai. Quem quiser vai ter de subir no pé e retirar o coco com as próprias mãos."
Renan Calheiros (PMDB-AL), em plena resistência para não largar a presidência do Senado.

"Boi, boi, boi, boi da cara preta, pega os senadores que têm dinheiro na maleta."
Manifestantes cantando no protesto "Fora Renan", no Senado

"Não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. A reação de um negro de não querer conviver com um branco ou não gostar de um branco eu acho natural."
Matilde Ribeiro, ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, sobre suas concepções acerca do racismo.

"Ninguém encontrou nada que agredisse a minha honra. Não sou corno e não tenho paixão por pessoa do mesmo sexo."
Carlos Lupi, ministro do Trabalho, mostrando suas credenciais para o cargo, quando ainda era cogitado para integrar o ministério do governo Lula.

"Bem-vindo ao Congo"
Kevin Neuendorf, gerente de imprensa do Comitê Olímpico dos Estados Unidos no Pan do Rio, ao encontrar a bagunça estabelecida na vila olímpica Kevin Neuendorf. Logo depois, ele foi mandado embora para os Estados Unidos pela própria delegação americana.

"Eu vaiei o Lula no Pan! Rio 2007."
Inscrição em camisetas depois que o presidente levou uma vaia história na abertura do Pan do Rio.

"Matar uma pessoa é um crime, mas ter vontade não é"
Marina Magessi, deputada federal e inspetora licenciada da Polícia Civil, em telefonema sugerindo a um policial que crivasse de balas um delegado que denunciara maus policiais.

“Eu tenho medo de andar de avião. Ando porque sou obrigado. Se a pessoa já tem medo, chega no aeroporto, a tensão é elevada à quinta potência, por ter atraso dos vôos, por não ter as informações corretas, a pessoa fica à beira do infarto."
Presidente Lula, num momento singelo de confissão em plena crise do apagão aéreo.

"Ô, arruma dois pau pra eu?"
Vavá, irmão do presidente Lula, em telefonema a um empresário de bingos que a Polícia Federal gravou durante a Operação Xeque-Mate.

"O Vavá, nessa história, me parece mais um lambari que foi pego. (...) Se vocês conhecerem Vavá, ele está mais para ingênuo do que para lobista." Presidente Lula, sobre o irmão.

"Não tenho nada a declarar. Vocês fazem o que querem e eu faço o que quero."
Marco Aurélio Garcia, assessor para Assuntos Internacionais do governo Lula, depois de ser mostrado por câmeras indiscretas fazendo o "top, top, top" no Palácio do Planalto, animado com a suposta inocência do governo no acidente com o avião da TAM.

"O que eu posso fazer? Tudo o que entra sai. Tudo o que sobe desce. É a lei da física."
Brigadeiro José Carlos Pereira, então presidente da Infraero, ao falar sobre a sua demissão, àquela altura já decidida.

"Ninguém, ninguém está acima da Constituição e das leis da República. (...) É preciso reconhecer que os cidadãos desta República têm direito a um governo honesto. Têm direito a legisladores probos, a administradores honestos e a juízes incorruptíveis."
Celso de Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento histórico em que foi acolhida a denúncia contra os mensaleiros.

"São pessoas repulsivas. Seis pessoas acanalharam seus votos."
Arthur Virgílio, líder do PSDB no Senado, sobre os que se abstiveram e ajudaram a absolver Renan Calheiros em plenário no caso do lobista.

"O número de filhos por mãe na Lagoa Rodrigo de Freitas, Tijuca, Méier e Copacabana é padrão sueco. Agora, pega na Rocinha. É padrão Zâmbia, Gabão. Isso é uma fábrica de produzir marginal."
Sérgio Cabral, governador do Rio, em defesa explícita da legalização do aborto.

"Todos os canalhas são desinibidos. Nada incomoda mais um canalha que uma pessoa de bem. Fere a auto-estima do canalha saber que há pessoas honestas."
Jefferson Péres, senador (PDT-AM), relator da terceira representação contra Renan Calheiros no Conselho de Ética, de peito aberto contra dossiê anônimo que tentava intimidá-lo.

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