Na FOLHA DE S.PAULO de hoje
"Violência é banalizada", dizia Ana Júlia
Como senadora, atual governadora do Pará marcou sua carreira com discursos condenando agressões contra as mulheres
Estado virou tema nacional após descoberta de menina presa junto com homens; "PT sabe fazer oposição e discurso", afirma tucano
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REDAÇÃO
Como senadora, Ana Júlia Carepa (PT), atual governadora do Pará, marcou sua carreira com discursos condenando a violência contra mulheres. Em 2004, por exemplo, afirmou que a agressão contra a mulher é "uma dimensão da violência ainda mais banalizada".
No mês passado, o Pará virou tema nacional, após a descoberta de que, em Abaetetuba (137 km de Belém), uma menina de 15 anos permaneceu encarcerada com mais de 20 homens. A menor foi submetida a estupros e violências seguidas.
Para o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), há uma diferença entre o que a senadora pregava antes e o que faz na prática. "Normalmente, o PT sabe como ninguém fazer oposição e discursos. Mas, quando eles recebem a responsabilidade de administrar o Estado do Pará, não têm competência de organizar o governo", afirma.
Em 2003, a até então senadora Ana Júlia se dizia orgulhosa por ter sido relatora da lei 10.778, que estabelece "notificação compulsória do caso de violência contra a mulher que for atendida em serviços de saúde públicos ou privados".
No mesmo ano, apresentou requerimento pedindo "ao Ministério da Justiça informações sobre a implantação do Programa de Administração Carcerária, no Estado do Pará".
Eleita para o Senado em 2002, ela exerceu o mandato até 2006. "Nós, grandes mulheres, não queremos mais estar atrás dos grandes homens, queremos estar lado a lado, sim, deles, construindo uma outra sociedade, justa, igualitária, humana, lutando pela paz, porque nós, mulheres, que concebemos a vida, vamos defendê-la até o último momento", discursou em 2003.
Segundo Ana Júlia, um dos desafios do país seria a "liderança feminina no cenário político e social". "Consultei o significado da palavra liderança e pude verificar que se trata de um conceito sempre ligado a um partido ou a um grupo. Ou seja, sempre há um coletivo, não existe líder sem liderados."
Em 2004, ela dizia que "mais do que o corpo, a violência atinge a alma, destrói sonhos e acaba com a dignidade." Parafraseando o folclorista Câmara Cascudo, segundo quem "o melhor do Brasil são os brasileiros", disse, em 2005, que "o melhor mesmo são as brasileiras".
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