O jornalista Luiz Flávio postou nesta
segunda-feira (27) o depoimento abaixo, acompanhado da foto acima, em seu
perfil no Instagram.
O relato é pungente – porque verdadeiro e
emblemático da situação de colapso, de saturação, de exaustão completa em que
se encontra o sistema público e privado de saúde em Belém.
Leiam.
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Minha mãe tem 71 anos. É asmática, diabética e
renal crônica.
Faz diálise numa clínica particular às terças,
quintas e sábados e essa semana sentou ao lado de uma senhora com Covid-19.
Ontem à tarde sentiu um desconforto respiratório
acima do normal. A temperatura corporal subiu para 37,5°.
Seguimos para a Unimed-Doca para fazer uma
tomografia.
Chegamos lá às 20h30. Só conseguimos ser
atendidos às 00h15 de hoje. A tomografia foi feita por volta das 1h.
Retornamos ao médico para a reavaliação por
volta das 4h30.
O exame mostrou uma mancha grande no pulmão, com
indicativo de Covid-19...
Ela recebeu a “dose de ataque”, com um
comprimido de hidroxicloroquina e outro de azitromicina.
Ela tá bem, com falta de ar, mas o médico quer
internação imediata, dada a idade avançada e as comorbidades.
Seguimos na luta na busca por um leito.
Passamos 9 horas no hospital à espera de
atendimento.
A maior unidade do maior plano de saúde do
Estado virou um Hospital de Guerra: pessoas jogadas nos bancos desacordadas,
outras em cadeiras de rodas urrando sem conseguir respirar. Muitas desmaiadas
em macas...
No meio de tudo isso os profissionais de saúde,
trabalhando no limite, sem conseguir atender todos a tempo, ouvindo impropérios
pela demora no atendimento.
A culpa não é deles. Mas a quem apelar e
despejar todo nosso medo e agonia num momento desesperador?
Se quem tem um plano de saúde passa por isso,
imagino o povo da periferia que sequer consegue entrar em UPA.
A velha Marina tá bem, tomando medicação em casa.
O que vi e vivi ontem naquela unidade de saúde
não desejo para o meu pior inimigo.
Acho importante compartilhar esse relato para
mostrar o quão esse vírus é letal, na esperança de tocar na mente e coração de
pessoas que ainda debocham dessa pandemia, que já vitimou dezenas de milhares
de pessoas pelo mundo.
Um câncer não derrubou essa mulher e não vai ser
um vírus “feladaputa” desse que vai fazer ela se entregar.
Eu? Bom... Acho que fui infectado, pois fiquei
so lado da minha mãe o tempo todo.
Vamos aguardar os próximos dias e ver como meu
organismo reage.
Tenho histórico de atleta, mas sabe como é que
é, né...
Fiquem
com Deus e, principalmente: #FiqueemCasa
2 comentários:
Força, Dona Marina!
Força, Luiz Flavio!
Vocês superarão mais essa!
Vamos nos cuidar e, quem puder, ficar em casa. Precisamos o máximo de isolamento social, para evitarmos a proliferação e cuidarmos de quem estiver com a Covid.
Só assim, com apoio de todos, poderemos sair dessa Pandemia e retomarmos nossas atividades diárias: estudar, brincar, festejar, trabalhar e gozar a vida em sua plenitude.
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