Não será por falta de investigação que deixará
de ser esclarecida a morte de uma idosa de 87 anos no distrito de Alter do
Chão, em Santarém, o primeiro óbito oficialmente registrado no Pará em
decorrência do novo coronavírus Covid-19, a pandemia mais assoladora desde a
Gripe Espanhola, no início do Século XX.
Além do Ministério do Público do Pará (MPPA), o
Ministério Público Federal (MPF) também já entrou em campo para investigar as
circunstâncias da morte da mulher, cujos familiares passaram a divulgar vídeos
e áudios colocando em dúvida o diagnóstico anunciado pela Sespa, o que levou a
secretaria a tornar públicos documentos como o laudo, emitido por um
laboratório de Belo Horizonte (MG), o atestado de óbito e um expediente assinado
pelo secretário de Saúde, Alberto Beltrame, pedindo que o caso seja
investigado.
O procedimento investigatório criminal (PIC) do
MP do Pará, já instaurado, corre em caráter sigiloso e tem à frente a promotora
Lilian Furtado Braga, da 8ª Promotoria de Justiça da Saúde e Educação de
Santarém. O MPF, que instaurou um inquérito civil, vai buscar esclarecimentos,
entre outros pontos, sobre os procedimentos de notificação adotados pelo
Município de Santarém, as razões de a família não ter sido devida e previamente
informada e o acompanhamento do quadro clínico e isolamento social que foram e
que serão adotadas para prevenir a disseminação da Covid-19, a partir de
pessoas que tiveram contato com a senhora que faleceu.
O Espaço
Aberto apurou, nesta quinta-feira (02), que vários familiares da idosa já
se submeteram a exames para detectar se contraíram o Covid-19, sobretudo os que
moravam com ela. Com base nos exames, vão avaliar a pertinência de entrar ou
não com ações judiciais para responsabilizar profissionais de saúde, entidades
ou mesmo entes públicos por eventuais equívocos ou danos morais que
eventualmente tenham sido causados à família e mesmo à paciente que faleceu.
Inconsistências
Conforme o Espaço
Aberto mostrou, em postagem feita nesta quarta-feira, o expediente (veja a íntegra nas imagem acima)
remetido pelo secretário de Saúde ao procurador-geral de Justiça, Gilberto
Martins, traz
à tona graves incongruências e inconsistências sobre a morte da idosa.
Ela morreu no dia 19 de março. No dia 18,
portanto quando ela ainda estava vida, foi recebida a amostra para o exame
laboratorial, que ficou pronto no dia 24.
Mas por que a amostra foi colhida?
Os familiares pediram?
Se pediram, alguém tinha suspeita de que a
mulher estava infectada pelo vírus?
Ela apresentava algum dos sintomas de Covid-19
nos dias anteriores à sua morte?
Por que o exame não foi feito em Santarém mesmo?
Por que foi mandado para um laboratório
particular em Belo Horizonte, e não para o Laboratório Central (Lacen) da Sespa?
E o médico, que nem é funcionário público
municipal, por que não notificou a Sesma ou a Sespa de que a paciente era um
“caso suspeito”, como era “seu dever legal”, conforme expressões do próprio
secretário, vazadas no expediente remetido ao MP?
Todas
essas questões, espera-se, serão passadas a limpo nos procedimentos investigatórios
dos dois MPs.PARA VER POSTAGEM ANTERIORES SOBRE O COVID-19 NO BLOG, CLIQUE NESTE LINK
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