quinta-feira, 9 de abril de 2020

Ninguém escreve ao Capitão, esse atormentado com poderes que estão definhando

A rigor, Bolsonaro é um fantasma vagando pelos labirintos do poder.
Governadores já não dão a menor bola ao presidente. Prefeitos, muitos menos.
Bolsonaro tentou quebrar o isolamento social. Não conseguiu.
Tentou passar a ideia de que o Covid-19 é uma gripezinha ou um resfriadinho. Caiu não ridículo.
Seu governo fez veicular propaganda que pregava o fim do isolamento social. A Justiça mandou suspendê-la.
Bolsonaro faz viralizar mentiras pelo Twitter. Mas o Twitter vem apagando todas elas.
O presidente ensaia demitir o ministro da Saúde, mas não tem coragem. Tem a caneta, mas lhe falta a tinta.
Bolsonaro diz que está com decreto pronto para quebrar o fim da quarentena nos estados. O Supremo já disse que ele não poderá fazer isso.
A rigor, Bolsonaro é um presidente com poderes, sim. Mas não pode exercê-los da forma que gostaria.
Bolsonaro continua mais e mais isolado, segregado, confinado às suas redes sociais e às suas paranoias.
Ele ainda governa? Se governa, governa pra quem?
Diante desses poderes que se esvaem de Bolsonaro, lembrei de Ninguém escreve ao Coronel, de García Marquez.
Minha edição (vejam na imagem) está meio, como se diz, encardida.
É bem antiga.
Tem mais de 40 anos.
Mas guardo-a com carinho, como outras dez obras de García Márquez que tenho por aqui.
A novela, vocês sabem, conta o ocaso de um coronel que há 15 nos aguarda uma carta sobre a aposentadoria dele. Um coronel esquecido, que vive de suas lembranças.
Mas ninguém escreve ao coronel.
Toda sexta-feira ele esperava uma carta.
E nada.
Nenhuma carta.
Bolsonaro está entrando no estágio desse personagem de García Marquez.
Daqui a pouco, ninguém vai mandar nem sequer uma carta para o Capitão.
Nem um Twitter.
Nada.

2 comentários:

AHT disse...

O MITO ESTÁ SÓ?


O incrível Mito, um misto de Don Quixote e Sancho Pança,

Montado num jegue chegou ao Planalto confiante que a
Internet continuaria uma de suas armas contra inimigos
Travestidos de gente do bem e guardiões da Praça Central,
O local da corporação “Legislar & Judicializar Ilimitada”.

Encarado e atacado por arautos profissionais e amadores
Servindo aos senhores desejosos do quanto pior melhor e,
Tornar realidade o dia do grito: “O Poder é nosso, à
Áurea Pátria Brasileira a obrigação de nos servir!”


Sob o temor servil, a grande maioria do povo clamando
Ó Cristo! Somos seu rebanho. Nos livra desse temor
?


AHT
10/04/2020

kenneth fleming disse...

Em breve, nem ao capitão escreverão