segunda-feira, 20 de abril de 2020

Ao vivo e em cores, o País conhece a tragédia no Pará. Mas ainda viramos as costas para o horror!


O Jornal Nacional acaba de escancarar ao vivo e em cores, para todo o Brasil, o colapso em que já se encontra o sistema de saúde em Belém.
O sistema de saúde público e privado, vale dizer.
Exibiu-se imagem do prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, referindo-se à exaustão do atendimento em UPAs na cidade.
Exibiu-se imagem do secretário de Saúde do Pará, Alberto Beltrame (ele mesmo um convalescente da Covid-19), repetindo o governador Helder Barbalho ao informar que o Hangar, preparado para funcionar como hospital de campanha, não mais atenderá pacientes leves e moderados, mas será equipado com UTIs, para atender os casos graves. Mas o hospital continua intacto. Literalmente intacto - puríssimo, branquíssimo, esterilizadíssimo e intocabilíssimo -, porque não há respiradores e muito menos equipamentos de UTI que permitam fazê-lo funcionar de imediato.
A repercussão nacional do colapso em que se encontra o sistema de saúde em Belém é consequência dos relatos horrorosos que circularam com mais intensidade desde a manhã desta segunda-feira (20).
São imagens e áudios de gente chorando - desolada, desesperada, desnorteada - porque familiares com sintomas da doença não estão sendo atendidos.
São profissionais de Saúde relatando coisas tenebrosas que têm visto em UTIs.
São pessoas chorando seus mortos.
São hospitais, como o Amazônia (vejam na imagem), informando que não há mais leitos. Para ninguém - nem os que estão com Covid-19, nem os que sofrem de outras doenças.
Da manhã de hoje até agora, temos o horror se ampliando diante de nossos olhos.
Mas vemos um horror mais inacreditável ainda: o de tantos, aqui e além de nossas divisas e fronteiras, achando que isso tudo é conversa fiada.
Temos o horror assumindo - se é que já não assumiu - as proporções de uma catástrofe bem debaixo de nossos olhos. Mas muitos viram as costas para a tragédia que se prenuncia e vão passear no bosque, enquanto seu lobo não vem, como dizia aquela música de roda das nossas infâncias.
Mas o lobo está à porta, uivando.
E muitos não querem vê-lo.
E muito menos ouvi-lo.
Que horror!

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