quarta-feira, 22 de abril de 2020

“Pra onde vocês vão, c...”. Se não podem dizer isso, prefeitos chamam a polícia para garantir o isolamento. O de Santarém já chamou.


À medida que a pandemia do Covid-19 avança em todo lugar, inclusive no Pará, avançam também a insensatez, a desobediência, a indisciplina e a mínima e mais elementar falta de apreço à vida.
O que temos visto nas últimas semanas são cenas pavorosas de pessoas que, ao desrespeitarem o isolamento recomendado por especialistas do mundo inteiro e pelo próprio Ministério da Saúde, acabam cometendo um crime contra a saúde pública e contra a própria vida, como é o caso dos pacientes que, mesmo infectados, não seguem as prescrições médicas.
Na última segunda-feira (20), o Espaço Aberto revelou que o agente prisional Márcio Pinto da Silva, 46 anos, morreu em Santarém sob suspeita de ter contraído a Covid-19 e depois de ter, reiteradamente, descumprido recomendações médicas para que permanecesse em completo repouso em casa, inclusive porque, asmático, ele era um paciente de risco. Mas o monitoramento das equipes de Saúde constatou que o servidor saía frequentemente e chegou a frequentar até a casa da mãe, no bairro do Mapiri.
Nesta quarta-feira (22), o Portal OESTADONET informa que a Prefeitura de Santarém formalizou pedido de força policial para ajudar as autoridades de Saúde do município a garantir que os pacientes monitorados por técnicos cumpram as orientações de isolamento domiciliar. Ou seja: que se aquietem em casa e não ponham a cara nem na janela, se possível.
Segundo o jornal, o uso da força policial se faz necessário pelos casos crescentes de pacientes que não têm colaborado com a atualização do quadro e nem obedecido ao isolamento. Como lembra o jornal, comete crimes contra a saúde pública quem se recusa a ficar em isolamento ou quarentena, quando determinado pelas autoridades competentes.

“Pra onde vocês vão, c...”
Para os que acham que convocar a puliça numa hora dessas, para auxiliar numa situação que a rigor decorre de providências a encargo de médicos, seria algo assim como uma agressão a alegados direitos individuais, então o Espaço Aberto faz um convite: mirem-se no exemplo dos italianos. E vejam como eles fizeram.
Correu mundo, no final de março, imagens do prefeito de Messina, na região da Sicília, a ilha situada bem ao sul da bota italiana. Lá, o prefeito Cateno De Luca criou medida bastante inusitada para controlar moradores como os de Santarém, de Belém, do Brasil e de tantos países do mundo, que resistem ao isolamento.
De Luca, simplesmente, usou um drone com um alto-falante para mandar os desobedientes de volta para suas casas. “Não posso formalmente obrigá-lo a ficar em casa? Bem, então eu o proíbo de transitar em ruas públicas”, justificou o prefeito, misturando palavras de ordem e palavrões à moda italiana. “Pra onde vai, c…”, esbraveja o prefeito, com seu drone voando atrás dos moradores.
Assistam ao vídeo.
Prefeitos brasileiros têm motivos de sobra para, com drones ou em cima de trios elétricos, saírem pelas cidades gritando a quem estiver nas ruas, desobedecendo à quarentena: “Pra onde vocês vão, c...”.
Mas aí será um escândalo, não é?
Pois é.
Então, convoque-se a puliça.
Como está fazendo a Prefeitura de Santarém.

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