À medida que a pandemia do Covid-19 avança em
todo lugar, inclusive no Pará, avançam também a insensatez, a desobediência, a
indisciplina e a mínima e mais elementar falta de apreço à vida.
O que temos visto nas últimas semanas são cenas
pavorosas de pessoas que, ao desrespeitarem o isolamento recomendado por especialistas
do mundo inteiro e pelo próprio Ministério da Saúde, acabam cometendo um crime
contra a saúde pública e contra a própria vida, como é o caso dos pacientes
que, mesmo infectados, não seguem as prescrições médicas.
Na última segunda-feira (20), o Espaço Aberto revelou que o agente
prisional Márcio Pinto da Silva, 46 anos, morreu em Santarém sob suspeita de
ter contraído a Covid-19 e depois de ter, reiteradamente, descumprido
recomendações médicas para que permanecesse em completo repouso em casa,
inclusive porque, asmático, ele era um paciente de risco. Mas o monitoramento
das equipes de Saúde constatou que o servidor saía frequentemente e chegou a
frequentar até a casa da mãe, no bairro do Mapiri.
Nesta quarta-feira (22), o Portal OESTADONET informa que a Prefeitura de Santarém formalizou
pedido de força policial para ajudar as autoridades de Saúde do município a garantir
que os pacientes monitorados por técnicos cumpram as orientações de isolamento
domiciliar. Ou seja: que se aquietem em casa e não ponham a cara nem na janela,
se possível.
Segundo o jornal, o uso da força policial se faz
necessário pelos casos crescentes de pacientes que não têm colaborado com a
atualização do quadro e nem obedecido ao isolamento. Como lembra o jornal, comete
crimes contra a saúde pública quem se recusa a ficar em isolamento ou
quarentena, quando determinado pelas autoridades competentes.
“Pra
onde vocês vão, c...”
Para
os que acham que convocar a puliça
numa hora dessas, para auxiliar numa situação que a rigor decorre de
providências a encargo de médicos, seria algo assim como uma agressão a
alegados direitos individuais, então o Espaço
Aberto faz um convite: mirem-se no exemplo dos italianos. E vejam como eles
fizeram.
Correu mundo, no final de março, imagens do
prefeito de Messina, na região da Sicília, a ilha situada bem ao sul da bota
italiana. Lá, o prefeito Cateno De Luca criou medida bastante inusitada para
controlar moradores como os de Santarém, de Belém, do Brasil e de tantos países
do mundo, que resistem ao isolamento.
De Luca, simplesmente, usou um drone com um
alto-falante para mandar os desobedientes de volta para suas casas. “Não posso
formalmente obrigá-lo a ficar em casa? Bem, então eu o proíbo de transitar
em ruas públicas”, justificou o prefeito, misturando palavras de ordem e
palavrões à moda italiana. “Pra onde vai, c…”, esbraveja o prefeito, com seu
drone voando atrás dos moradores.
Assistam ao vídeo.
Prefeitos brasileiros têm motivos de sobra para,
com drones ou em cima de trios elétricos, saírem pelas cidades gritando a quem estiver
nas ruas, desobedecendo à quarentena: “Pra onde vocês vão, c...”.
Mas aí será um escândalo, não é?
Pois é.
Então, convoque-se a puliça.
Como
está fazendo a Prefeitura de Santarém.
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