sexta-feira, 3 de abril de 2020

Médico que fez exames em idosa é premiado e muito benquisto em Alter do Chão, mas no momento está inacessível. Familiares sustentam que ela nunca apresentou sintomas de Covid-19.

Coronavírus (COVID-19): informe-se aqui! - Brasil Escola 

Postagem atualizada às 12h30

Até este momento, ninguém sabe e ninguém viu o médico que colheu as amostras para o exame da idosa de 87 anos, que morreu vítima do coronavírus Covid-19 no distrito de Alter do Chão, em Santarém, no dia 19 de março. O caso vem sendo alvo de procedimentos investigatórios do Ministério Público – tanto o do Pará como o Federal -, uma vez que não foram observados vários procedimentos exigidos para a detecção do coronavírus Covid-19, inclusive a realização de exames pelo Laboratório Central do Estado (Lacen).
O profissional, que não é paraense, mora em Alter do Chão e, segundo apurou o Espaço Aberto, é muito estimado no distrito. “Ele é uma pessoa muito boa e bem querida em Alter. Médico despojado, muito simples e que sempre lutou pela coletividade. Sempre ouço coisas boas a respeito do seu trabalho, apesar de não ter amizade com ele. É uma pena o que aconteceu. Quando era médico do posto de saúde de Alter do Chão, ganhou muitos prêmios. O posto era referência em nível nacional”, disse uma das fontes ouvidas pelo blog, no início da madrugada desta sexta-feira (03).
O médico ainda não pôde ser localizado para explicar sua participação no caso, eis que foi o responsável pela requisição do exame, pela remessa ao Laboratório Hermes Pardini, em Belo Horizonte (MG) – e não ao Lacen - e pelo preenchimento de um formulário que não poderia ter assinado, já que “não é servidor municipal e tampouco prestador de serviços ao SUS”, conforme expressões constantes de expediente remetido pelo secretário de Saúde, Alberto Beltrame, enviado ao Ministério Público do Pará, pedindo investigação para apurar responsabilidades.

Sem sintomas do Covid-19
O Espaço Aberto está de posse do número do celular do médico. O código é de outro estado, mas ele não responde às ligações e nem lê as mensagens por WhatsApp, porque o celular, ao que tudo indica, está desligado ou fora de área.
O blog apurou ainda que a senhora que faleceu morava com três filhos. Eles já afirmaram que ela nunca apresentou qualquer um dos sintomas do Covid-19 (sobretudo os mais conhecidos, como febre, dor de garganta, dificuldade para respirar e, eventualmente, diarreia). Seus problemas de saúde, segundo narrativa que têm apresentado, eram os típicos de uma octogenária cuja saúde vem sendo progressivamente debilitada em decorrência da idade avançada.
Ainda ninguém consegue explicar por que o médico requisitou o exame. Provavelmente, fez isso porque, ao examinar a paciente na casa dela, detectou alguma anomalia (tanto é assim que o atestado de óbito aponta broncopneumonia e insuficiência respiratória com as causas da morte). Mas já se sabe que as amostras do exame da mulher examinada foram colhidas pelo Laboratório Santos, de Santarém, que posteriormente as remeteu para o Hermes Pardini, com o qual é conveniado.
Tão logo o laboratório de Belo Horizonte emitiu o laudo, encaminhou-o ao Laboratório Santos, que por sua vez remeteu-o à Secretária Municipal de Saúde (Semsa), já que deu positivo a infecção por Covid-19. Em nota (veja ao lado), o laboratório de Santarém garante que seguiu todas as recomendações e imposições administrativas e legais exigidas pelas autoridades.

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