Passados os nove primeiros meses do ano, a União (Executivo, Legislativo e Judiciário) ainda não conseguiu engrenar um bom ritmo de investimento, ao contrário do que vem acontecendo com todos os outros tipos de despesas. Até setembro, os dispêndios com obras e equipamentos, considerados aplicação nobre, diminuíram R$ 2,9 bilhões em relação ao mesmo período de 2010, quando R$ 30,2 bilhões já haviam sido utilizados. No total, cerca de 41,8% foram investidos este ano, equivalente a R$ 27,3 bilhões.
Os investimentos da União envolvem atividades como o planejamento e execução de obras e equipamentos e material permanente. O decréscimo acompanha o movimento do orçamento de investimentos que era de R$ 69 bilhões em 2010 e atualmente está em R$ 65,3 bilhões.
A principal diferença está na diminuição do valor empenhado, ou seja, nas reservas orçamentárias feitas para futuros pagamentos. Até setembro de 2010 cerca de R$ 34,4 bilhões haviam sido empenhados, contra R$ 23,1 bilhões deste ano. Como conseqüência, o montante realmente executado, sem considerar os restos a pagar que praticamente permaneceram em cifras iguais, passou de R$ 11,2 bilhões para R$ 7,3 bilhões de um período para o outro.
Confira aqui a tabela de gastos
A baixa de execução acendeu de vez a luz vermelha do governo federal. No fim do primeiro semestre, a presidente Dilma Rousseff cobrou maior velocidade no ritmo de pagamento das despesas de investimentos. Porém, faltando apenas três meses para terminar 2011, dificilmente o governo conseguirá recuperar o atraso.
A lentidão tem afetado, sobretudo, investimentos que não fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Para eles, o Tesouro Nacional libera os recursos e cabe ao gestor de cada ministério direcionar o dinheiro, que pode ir para obras e equipamentos ou para despesas de custeio. É neste ponto, que reside a cobrança da presidente, pois nessas verbas que se concentra a paralisia.
A inquietação é tanta que o secretário do Tesouro, Arno Augustin, até mudou o discurso. Normalmente, confiante, no final de setembro, ele afirmou pela primeira vez que está preocupado com a velocidade dos investimentos. “O ritmo não é ideal”, advertiu.
Para o economista, Newton Marques, membro do Conselho Federal de Economia (Cofecon), a preocupação do governo federal também está atrasada. “O governo já devia ter acelerado os investimentos há muito tempo. A política que está sendo tomada é completamente anticíclica, não é normal. Neste momento de crise mundial, certamente, os investimentos devem fazer falta”, ressalta.
Segundo Marques, daqui para frente, entendendo que faltam apenas três meses para o fim do ano, é pouco provável, e ao mesmo tempo muito arriscado, que o governo aplique todo o dinheiro previsto.
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