MARCO ANTONIO VILLA
Lula perdeu. A soberba fez mais uma vítima. O presidente, com supostos 80% de aprovação, não elegeu sua sucessora no primeiro turno, como propalou nas últimas semanas. Toda a agressividade presidencial foi em vão.
As ameaças foram aumentando na mesma proporção que os institutos de pesquisa apresentavam o favoritismo da sua candidata.
Não custa imaginar como agiria discursando na festa da vitória que não houve. O silêncio de Lula nos últimos dias, caso raro, foi o mais extenso deste ano.
A oposição recebeu um claro recado das urnas. Há espaço para uma candidatura propositiva e oposicionista.
A maioria simples que o governo obteve foi graças ao apoio dos oligarcas (Sarney, Barbalho, Collor, entre outros), das centrais sindicais pelegas, dos velhos movimentos sociais sustentados com recursos públicos, das pesquisas que a cada dia jogavam uma ducha gelada na oposição e estimulavam o eleitor indeciso a votar na candidata oficial, da máquina estatal e de seus programas assistencialistas, e, finalmente, de Lula, que literalmente abandonou a Presidência para fazer campanha.
Apesar de tudo, o governo não obteve a vitória que imaginava. O segundo turno era tudo o que Lula não queria. Agora sua candidata vai ter as mesmas condições que Serra. Continuar falando por ela como fez no primeiro turno vai pegar muito mal.
O criador tem de dar alguma autonomia à criatura. Confundir apoio com tutoria, indica ao eleitor que Dilma não consegue caminhar com as próprias pernas.
A oposição terá nova chance. Não tem desempenhado bem o seu papel. Acreditou na fantasia de que somente 4% da população achava o governo ruim. E, depois dos resultados da eleição de domingo, é mais fácil crer no chapeuzinho vermelho do que nas pesquisas eleitorais.
O eleitorado apontou que a oposição tem de fazer política. Deve criticar (quem disse que o eleitor não gosta de crítica?) e propor alternativas. Chamar Dilma para o debate e não Lula. Afinal, é ela a candidata.
A verdadeira eleição, espero, começou na noite do último domingo. Até então, o que tivemos foi um mero simulacro. Debates monótonos, um amontoado de propostas desconexas, muito marketing e pouca política.
Foi o tipo de campanha que marqueteiro adora. Agora deve começar a eleição que interessa ao país. Longe daquilo que Euclides da Cunha, em 1893, chamava das "insânias dos caudilhos eleitorais e do maquiavelismo grosseiro de uma política que é toda ela uma conspiração contra o futuro de uma nacionalidade".
--------------------------------------
MARCO ANTONIO VILLA é professor do Departamento de Ciências Sociais da UFSCar.Artigo disponível na Folha de S.Paulo.
5 comentários:
Um presidente que, curriqueiramente, ataca grande parte da população, criando, só para "inglês ver", duas nações no país - pobres e ricos - simplesmente para que possa se perpetuar, juntamente com os seus esfomeados parceiros, com benesses do poder - conselhos, cargos, lobs, caixa dois, etc. - e ainda dá mal exemplo, principalmente para aqueles mal informados, de arrogância, desobediência as Leis, e bravatas que induzem a população à ações desenfreadas de ¨tudo pode¨, gerando as violências de todos os matizes: nas famílias, no trabalho, nas ruas, nas reuniões e por aí a fora. Pois é, esse homem que nada vê, que nada sabe quando se trata dos seus asseclas, distrata levianamente seus adversários, que chama de inimigos, determinando a extirpação de partidos políticos oponentes, "afirmando" ser castigo de Deus para aqueles que lhe combatiam e não foram eleitos, uma verdadeira lição de ódio e incitação a população. È esse "O Chefe", identificado no livro de Ivo Patarra. Parece que, pelo menos, ele vai deixar um pouco - tomara - de atazanar a vida de pessoas de bem que nele nunca acreditaram. A hora é essa. Brasileiro, pense bem em quem você vai votar. Ela, sua protegida, é muito arrogante também, sem entrar em outros detalhes de suas crenças pessoais. É apoiada pelo semi ditador Hugo Chaves e todos esses líderes mal informados (mal formados) da américa latina, além de outros sectários pelo mundo a fora (Irã, Coréia do Norte, Cuba ect.).
Esqueceram de colocar no currículo do elemento que é um PSDBista melancólico, ainda tonto com a derrota do seu sociólogo.
Tu nao tens jeito mesmo. A tua tucanagem se esconde atrás de postagem de aartigo da Folha. Por que tu mesmo não escreves?
Ei! Você que, laconicamente, não está dizendo nada. Por que você não contesta o comentário?
Sobre o comentário do Anônimo das 09:09, só uma avaliação:
Um festival de ressentimentos, diante dos fatos que o brasileiro sente e o mundo vê. Um operário inteligente que fez o que um Sociólogo medíocre e estadista meia-sola não consegui fazer para fazer do Brasil um país para os brasileiros. Que caminha com as suas próprias pernas, liberto das mordaças do FMI, o bicho papão do Nandinho e sua trope.
Postar um comentário