Superintendente da CTBel , Ellen Margareth, torna pública, mais uma vez, a indigência no planejamento do tráfego e na gestão do trânsito de Belém, justamente as principais atribuições daquele órgão. Com ares de comovente sinceridade, ela admite não ter projetos para solucionar os graves problemas do trânsito na cidade, como a falta de estacionamento para veículos particulares. Ellen Margareth tem uma virtude rara na gestão pública: não fica se queixando de "heranças malditas" nem buscando culpados. Com humildade, confessa as deficiências do órgão que dirige e procura ajuda através de parcerias com entidades representativas da sociedade, como sindicatos de motoristas, donos de ônibus, Ministério Público, OAB e imprensa. Está no caminho certo. Diagnósticos sobre os problemas de trânsito existem muitos. Faltam soluções.
Com os principais corredores de tráfego “entupidos” de carros, o caos no trânsito da cidade se estabelece logo cedo com filas duplas e triplas nas portas dos colégios particulares. Deixar filhos menores no colégio é um hábito cultural paraense. A rigor, ninguém pode condenar esse gesto de pais e mães assustados com os índices alarmantes da violência na cidade. Mas, em nome do interesse coletivo, há que se ordenar o trânsito. Para tanto existem os agentes da lei. Aturdidos, os guardas da CTBel recorrem ao apito e às multas, amplificando o caos. O poder público municipal deveria exigir de grandes colégios que adotassem o modelo do “Gentil Bittencourt”, que construiu uma via interna para embarque e desembarque de alunos, facilitando a vida dos pais, além de contribuir para desafogar o pesado tráfego na área. Belo exemplo de como a parceria pode contribuir na busca de soluções alternativas para o caótico e neurótico trânsito de Belém. Outra medida seria adotar solução caseira para estacionamento pago em áreas públicas, sem vícios de origem duvidosa, como licitações manipuladas e favorecimentos terceirizados, que contaminaram a credibilidade da famigerada “Zona Azul”. O correto seria o aproveitamento dos atuais “flanelinhas” com carteira assinada e direitos trabalhistas respeitados. Eles seriam os primeiros a colaborar com a implantação do sistema, se também convocados para debater e ajudar a construir soluções alternativas.
Ellen Margareth também reclama que mais gente está comprando carro e ninguém quer usar o transporte coletivo, o que contribui para aumentar os congestionamentos. Ora, pois, pois, dra. Ellen... Devemos saudar a ascensão social de uma nova classe média, que está podendo comprar comprar seu carrinho, mas também paga impostos, embutidos nos preços dos carros e nas taxas de IPVA. Antigamente era muito fácil gerir o trânsito de Belém, pois só "barões" tinham carro. Hoje, com ruas de menos e carros de mais, o que a CTBel precisa é exercitar a capacidade inventiva de seus técnicos na busca de alternativas no planejamento do tráfego, além de exigir dos empresários do setor a modernização da frota de ônibus, em sua maioria, sucateados e bastante "rodados" em outras praças, como o Rio de Janeiro, de onde são mandados para Belém, após cinco anos de uso.
Abrir licitação para ônibus especiais, com ar condicionado, mesmo com tarifa diferenciada, seria outra alternativa para atrair os emergentes da nova classe média, que poderiam até trocar o automóvel particular pelo ônibus, desde que oferecessem um mínimo de condições. O problema, dra. Ellen, é que os donos de ônibus não querem mudar nada. Ocorre, porém, que eles são donos de ônibus, mas não da cidade. O poder público municipal tem a obrigação de tomar providências visando ao interesse da comunidade, sem se submeter a interesses privados. Não por acaso a rejeição do atual prefeito atinge índices estratosféricos.
O trânsito caótico/neurótico de Belém reclama providências urgentes desde a década de 80, quando os então jovens técnicos da consultoria japonesa JICA elaboraram o mais completo diagnóstico dos problemas e soluções possíveis, algumas "inadiáveis" desde então. Previram também que se nada fosse feito, “Belém iria parar por volta de 2010.” Bingo !
Terminais de integração, vias expressas para ônibus com bilhetagem única (temas recorrentes em campanhas eleitorais) já constavam do PDTU de 1985, como também o anel viário do Entroncamento e prolongamento da Primeiro de Dezembro. O projeto "Ação Metrópole", mesmo com seu viés eleitoral, teve o mérito de quebrar o imobilismo de duas décadas de omissões e iniciativas desastradas e empíricas. Só pecou em não dar prioridade ao anel viário do Entroncamento.
A frustrada candidatura de Belém como subsede da Copa/2014 foi o amargo preço que pagamos por conta da cultura do atraso de nossa política. Não perdemos para Manaus. Perdemos para nossas deficiências, a exemplo do jurássico sistema viário urbano de Belém, onde ainda convivemos com “cocadas baianas”e “tartarugas do asfalto” como b alizadores de trânsito, enquanto Manaus se prepara para inaugurar festivamente moderno sistema de metrô de superfície...
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FRANCISCO SIDOU é jornalista
chicosidou@bol.com.br
Com os principais corredores de tráfego “entupidos” de carros, o caos no trânsito da cidade se estabelece logo cedo com filas duplas e triplas nas portas dos colégios particulares. Deixar filhos menores no colégio é um hábito cultural paraense. A rigor, ninguém pode condenar esse gesto de pais e mães assustados com os índices alarmantes da violência na cidade. Mas, em nome do interesse coletivo, há que se ordenar o trânsito. Para tanto existem os agentes da lei. Aturdidos, os guardas da CTBel recorrem ao apito e às multas, amplificando o caos. O poder público municipal deveria exigir de grandes colégios que adotassem o modelo do “Gentil Bittencourt”, que construiu uma via interna para embarque e desembarque de alunos, facilitando a vida dos pais, além de contribuir para desafogar o pesado tráfego na área. Belo exemplo de como a parceria pode contribuir na busca de soluções alternativas para o caótico e neurótico trânsito de Belém. Outra medida seria adotar solução caseira para estacionamento pago em áreas públicas, sem vícios de origem duvidosa, como licitações manipuladas e favorecimentos terceirizados, que contaminaram a credibilidade da famigerada “Zona Azul”. O correto seria o aproveitamento dos atuais “flanelinhas” com carteira assinada e direitos trabalhistas respeitados. Eles seriam os primeiros a colaborar com a implantação do sistema, se também convocados para debater e ajudar a construir soluções alternativas.
Ellen Margareth também reclama que mais gente está comprando carro e ninguém quer usar o transporte coletivo, o que contribui para aumentar os congestionamentos. Ora, pois, pois, dra. Ellen... Devemos saudar a ascensão social de uma nova classe média, que está podendo comprar comprar seu carrinho, mas também paga impostos, embutidos nos preços dos carros e nas taxas de IPVA. Antigamente era muito fácil gerir o trânsito de Belém, pois só "barões" tinham carro. Hoje, com ruas de menos e carros de mais, o que a CTBel precisa é exercitar a capacidade inventiva de seus técnicos na busca de alternativas no planejamento do tráfego, além de exigir dos empresários do setor a modernização da frota de ônibus, em sua maioria, sucateados e bastante "rodados" em outras praças, como o Rio de Janeiro, de onde são mandados para Belém, após cinco anos de uso.
Abrir licitação para ônibus especiais, com ar condicionado, mesmo com tarifa diferenciada, seria outra alternativa para atrair os emergentes da nova classe média, que poderiam até trocar o automóvel particular pelo ônibus, desde que oferecessem um mínimo de condições. O problema, dra. Ellen, é que os donos de ônibus não querem mudar nada. Ocorre, porém, que eles são donos de ônibus, mas não da cidade. O poder público municipal tem a obrigação de tomar providências visando ao interesse da comunidade, sem se submeter a interesses privados. Não por acaso a rejeição do atual prefeito atinge índices estratosféricos.
O trânsito caótico/neurótico de Belém reclama providências urgentes desde a década de 80, quando os então jovens técnicos da consultoria japonesa JICA elaboraram o mais completo diagnóstico dos problemas e soluções possíveis, algumas "inadiáveis" desde então. Previram também que se nada fosse feito, “Belém iria parar por volta de 2010.” Bingo !
Terminais de integração, vias expressas para ônibus com bilhetagem única (temas recorrentes em campanhas eleitorais) já constavam do PDTU de 1985, como também o anel viário do Entroncamento e prolongamento da Primeiro de Dezembro. O projeto "Ação Metrópole", mesmo com seu viés eleitoral, teve o mérito de quebrar o imobilismo de duas décadas de omissões e iniciativas desastradas e empíricas. Só pecou em não dar prioridade ao anel viário do Entroncamento.
A frustrada candidatura de Belém como subsede da Copa/2014 foi o amargo preço que pagamos por conta da cultura do atraso de nossa política. Não perdemos para Manaus. Perdemos para nossas deficiências, a exemplo do jurássico sistema viário urbano de Belém, onde ainda convivemos com “cocadas baianas”e “tartarugas do asfalto” como b alizadores de trânsito, enquanto Manaus se prepara para inaugurar festivamente moderno sistema de metrô de superfície...
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FRANCISCO SIDOU é jornalista
chicosidou@bol.com.br
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