sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O silêncio de Lula

MARCO ANTONIO VILLA

Lula perdeu. A soberba fez mais uma vítima. O presidente, com supostos 80% de aprovação, não elegeu sua sucessora no primeiro turno, como propalou nas últimas semanas. Toda a agressividade presidencial foi em vão.
As ameaças foram aumentando na mesma proporção que os institutos de pesquisa apresentavam o favoritismo da sua candidata.
Não custa imaginar como agiria discursando na festa da vitória que não houve. O silêncio de Lula nos últimos dias, caso raro, foi o mais extenso deste ano.
A oposição recebeu um claro recado das urnas. Há espaço para uma candidatura propositiva e oposicionista.
A maioria simples que o governo obteve foi graças ao apoio dos oligarcas (Sarney, Barbalho, Collor, entre outros), das centrais sindicais pelegas, dos velhos movimentos sociais sustentados com recursos públicos, das pesquisas que a cada dia jogavam uma ducha gelada na oposição e estimulavam o eleitor indeciso a votar na candidata oficial, da máquina estatal e de seus programas assistencialistas, e, finalmente, de Lula, que literalmente abandonou a Presidência para fazer campanha.
Apesar de tudo, o governo não obteve a vitória que imaginava. O segundo turno era tudo o que Lula não queria. Agora sua candidata vai ter as mesmas condições que Serra. Continuar falando por ela como fez no primeiro turno vai pegar muito mal.
O criador tem de dar alguma autonomia à criatura. Confundir apoio com tutoria, indica ao eleitor que Dilma não consegue caminhar com as próprias pernas.
A oposição terá nova chance. Não tem desempenhado bem o seu papel. Acreditou na fantasia de que somente 4% da população achava o governo ruim. E, depois dos resultados da eleição de domingo, é mais fácil crer no chapeuzinho vermelho do que nas pesquisas eleitorais.
O eleitorado apontou que a oposição tem de fazer política. Deve criticar (quem disse que o eleitor não gosta de crítica?) e propor alternativas. Chamar Dilma para o debate e não Lula. Afinal, é ela a candidata.
A verdadeira eleição, espero, começou na noite do último domingo. Até então, o que tivemos foi um mero simulacro. Debates monótonos, um amontoado de propostas desconexas, muito marketing e pouca política.
Foi o tipo de campanha que marqueteiro adora. Agora deve começar a eleição que interessa ao país. Longe daquilo que Euclides da Cunha, em 1893, chamava das "insânias dos caudilhos eleitorais e do maquiavelismo grosseiro de uma política que é toda ela uma conspiração contra o futuro de uma nacionalidade".

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MARCO ANTONIO VILLA é professor do Departamento de Ciências Sociais da UFSCar.Artigo disponível na Folha de S.Paulo.

5 comentários:

Anônimo disse...

Um presidente que, curriqueiramente, ataca grande parte da população, criando, só para "inglês ver", duas nações no país - pobres e ricos - simplesmente para que possa se perpetuar, juntamente com os seus esfomeados parceiros, com benesses do poder - conselhos, cargos, lobs, caixa dois, etc. - e ainda dá mal exemplo, principalmente para aqueles mal informados, de arrogância, desobediência as Leis, e bravatas que induzem a população à ações desenfreadas de ¨tudo pode¨, gerando as violências de todos os matizes: nas famílias, no trabalho, nas ruas, nas reuniões e por aí a fora. Pois é, esse homem que nada vê, que nada sabe quando se trata dos seus asseclas, distrata levianamente seus adversários, que chama de inimigos, determinando a extirpação de partidos políticos oponentes, "afirmando" ser castigo de Deus para aqueles que lhe combatiam e não foram eleitos, uma verdadeira lição de ódio e incitação a população. È esse "O Chefe", identificado no livro de Ivo Patarra. Parece que, pelo menos, ele vai deixar um pouco - tomara - de atazanar a vida de pessoas de bem que nele nunca acreditaram. A hora é essa. Brasileiro, pense bem em quem você vai votar. Ela, sua protegida, é muito arrogante também, sem entrar em outros detalhes de suas crenças pessoais. É apoiada pelo semi ditador Hugo Chaves e todos esses líderes mal informados (mal formados) da américa latina, além de outros sectários pelo mundo a fora (Irã, Coréia do Norte, Cuba ect.).

Anônimo disse...

Esqueceram de colocar no currículo do elemento que é um PSDBista melancólico, ainda tonto com a derrota do seu sociólogo.

Anônimo disse...

Tu nao tens jeito mesmo. A tua tucanagem se esconde atrás de postagem de aartigo da Folha. Por que tu mesmo não escreves?

Anônimo disse...

Ei! Você que, laconicamente, não está dizendo nada. Por que você não contesta o comentário?

Anônimo disse...

Sobre o comentário do Anônimo das 09:09, só uma avaliação:
Um festival de ressentimentos, diante dos fatos que o brasileiro sente e o mundo vê. Um operário inteligente que fez o que um Sociólogo medíocre e estadista meia-sola não consegui fazer para fazer do Brasil um país para os brasileiros. Que caminha com as suas próprias pernas, liberto das mordaças do FMI, o bicho papão do Nandinho e sua trope.