segunda-feira, 10 de maio de 2010

Jader: “As eleições no Pará passam pelo PMDB”

O deputado Jader Barbalho está certo de que a aliança local entre o seu PMDB e o PT da governadora Ana Júlia só vai se definir depois que for selada, nacionalmente, a aliança entre os dois partidos. Ele atribuiu à falta de confiabilidade em interlocutores petistas locais, sobretudo os de um grupo reduzido que sempre orbitou próximo à governadora, as dificuldades para uma recomposição. Admite que, hoje, o anseio praticamente unânime entre os peemedebistas do Pará é o disputar as eleições de 2010 com candidatura própria e avisa: “As eleições no Pará passam pelo PMDB”.
Jader falou por 35 minutos ao repórter Carlos Mendes, que reproduziu a entrevista no último sábado à tarde, durante o programa Jogo Aberto, que o jornalista, ao lado de Francisco Sidou, apresenta na Rádio Tabajara 106,1 FM.
“Hoje, há um sentimento predominante em todos os segmentos do partido por uma candidatura própria”, disse o deputado. Ele acrescentou, no entanto, que a questão local está subordinada à nacional. Ou seja: é preciso primeiro selar o acordo pelo qual, esperam os peemedebistas, o deputado federal Michel Temer, presidente da Câmara, será o vice na chapa de Dilma Rousseff, a presidenciável petista. “Vamos analisar primeiro a aliança nacional”, reforçou o presidente regional do PMDB.

Jejum de poder
Jader chamou atenção de que seu partido, muito embora detenha no Pará a maior estrutura e o maior número de prefeitos e tenha sido nos últimos oito anos o fiel da balança nas eleições no Estado, está há 16 anos fora do Poder Executivo.
Ressaltou o deputado que não é apenas o nome dele que tem densidade eleitoral suficiente para concorrer ao governo do Estado. “Não acho que existe apenas o meu nome. Há o de outros companheiros que podem concorrer ao governo com possibilidade de vitória”, acredita. Admitiu ainda que o relacionamento político entre o PMDB e o governo Ana Júlia não foi o esperado pelos peemedebistas. “Não foi uma convivência ao longo desses três anos e alguns meses”.
O presidente do PMDB lembrou que a quebra de compromissos e a falta de confiabilidade do governo Ana Júlia na interlocução política não foram problema que afetaram apenas o PMDB, mas o PT e suas várias tendências. “Isso é público e notório. Aqui no Pará, há um grupo que controla o governo e a governadora”, apontou o deputado.

O núcleo duro
Ainda que sem mencionar nomes, ele se referia ao que se convencionou chamar de núcleo duro, formado por quatro pessoas: o consultor-geral do Estado, Carlos Botelho; o secretário de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (Sedect), Maurílio Monteiro; o secretário de Projetos Estratégicos, Marcílio Monteiro, ex-marido da governadora; e Cáudio Puty, que até março exercia o cargo de chefe da Casa Civil e agora é assessor especial e pré-candidato a deputado federal. Esse grupo integra a DS (Democracia Socialista), tendência minoritária no PT.
Jáder reclamou que o PMDB, muito embora detenha ainda o controle de alguns órgãos, como a Cosanpa, Jucepa e Cohab, jamais participou efetivamente do governo. “É diferente ter participação no governo e ter empregos no governo. O que nos interessam 20 ou 30 empregos no governo, se não participamos efetivamente?”, questionou o deputado.
O presidente do PMDB considerou que a confiabilidade é essencial nas relações humanas, em qualquer circunstância, e sobretudo no relacionamento político entre lideranças e partidos. Atualmente, acrescentou, o problema no relacionamento entre PMDB e PT é a ausência do que ele classificou de “expectativa de um melhor tratamento” ao PMDB por parte do governo, na eventualidade de o partido continuar na aliança e Ana Júlia conseguir a reeleição.

Proposta “indecente”
Jader foi breve ao comentar os termos da proposta que Ana Júlia fez ao PMDB, após visitar o deputado de surpresa. Mas confirmou informação exclusiva do Espaço Aberto, segundo a qual a essência da proposta está no oferecimento de uma vaga ao Senado para ele próprio, Jader. Condestável do PMDB ouvido pelo blog já classificou essa proposta de “indecente”.
O presidente do PMDB afirma que não exclui ninguém das conversações políticas que desenvolve. “Não temos preconceitos. No Pará, eu já estive em quase todos os palanques e quase todos já estiveram no meu palanque”, acrescentou o deputado. E destacou que o PMDB negociará consciente de quem tem importância decisiva na definição do cenário político no Estado.

2 comentários:

Anônimo disse...

É uma vergonha termos que aceitar isso. Uma força descomunal de um partido sabidamente contaminado por tantas alianças somente para consolidar o seu poder. E vê-se que ele, muitas vezes, nem se interessa por cargos majoritários, basta os cargos chaves da administração pública e vagas para garantir sua eleição para cargos no legislativo. Para começar a mudar, vamos ficar de olho no projeto ficha limpa e pressionar para uma reforma política, com o voto distrital, por exemplo. Se o projeto for muito modificado, vamos fazer uma corrente de divulgação dos "fichas sujas".

Anônimo disse...

Bom, Paulo Rocha, com o seu envolvimento com o Mensalão, pode ser considerado "ficha suja" - ou não pode?

O caso é que, se Jáder e Jatene se unirem, podem formar uma aliança para governar o Pará durante 12 ou 16 anos, sobretudo considerando a memória residual que ficará desse "bom" governo da Sra. Ana Júlia - ou não pode?