segunda-feira, 27 de abril de 2009

Pantera conquista returno

No AMAZÔNIA:

Primeiro, a empolgação. Logo em seguida, a desconfiança. Pouco a pouco, vieram o sofrimento, o desespero e a agonia. Até que, ontem à tarde, ao ser derrotado pelo São Raimundo por 2 a 1, no Colosso do Tapajós, em Santarém, o sonho de disputar a Série D do Campeonato Brasileiro foi desfeito. E o roteiro sobre a participação do Remo no Parazão 2009 deixou de ser um drama, para se transformar em terror. Agora, o Leão Azul terá pela frente um abismo de oito meses sem competições oficiais.
Já o time da casa fez bonito. Com toda justiça, o São Raimundo conquistou um título inédito em sua história - o returno do Campeonato Paraense -, garantindo assim o direito de decidir a competição estadual com o Paysandu e de disputar a Série D deste ano e a Copa do Brasil de 2010.
Em princípio, as partidas finais serão disputadas nos dois próximos domingos. A Federação Paraense de Futebol (FPF) já marcou os dois jogos para o Mangueirão, uma vez que o Colosso do Tapajós está vetado por decisão da Justiça Desportiva. Mas a diretoria santarena ainda tenta reverter a situação para poder levar o segundo jogo para seu reduto. Dessa vez, ao contrário das decisões do turno e returno, não haverá vantagem de empate para nenhum dos finalistas. Caso a série termine empatada, o campeão será decidido nos pênaltis.
Quanto à decisão de ontem - a sexta partida consecutiva em que o Leão não consegue superar a Pantera -, os jogadores do Remo, após o apito final, não encontraram palavras para resumir o que havia acontecido. Entretanto, é fácil explicar a derrota. Porque os erros cometidos foram os mesmos de toda a campanha no Parazão: as finalizações erradas de uma equipe que demonstrou uma carência gritante nesse fundamento; a falta de volume de jogo, característica de um time sem conjunto ou organização tática; e, por fim, a desatenção. Esta foi a grande causa do maior vexame da centenária história azulina.
Embora tenha finalizado pouco e mal, o São Raimundo foi dono do jogo desde o apito inicial e marcou seu gol aos 43 minutos da partida, após Hélcio ser derrubado pelo zagueiro Rogério Corrêa na área remista. Após muita reclamação dos azulinos, que reclamaram da não marcação de falta em cima de Marlon no lance anterior, o meia-atacante Michell cobrou o pênalti com categoria e abriu o placar.
No segundo tempo, a Pantera recuou, atraindo para seu campo o Remo. Apesar do sufoco no início da etapa, o time mocorongo defendeu-se bem e ampliou aos 12, após falta sofrida por Garrinchinha em um contra-ataque pela direita. Michell cobrou a falta, Adriano e Marlon falharam e Garrinchinha só desviou para o gol. Pantera 2 a 0.
Em desvantagem, o Remo partiu para o ataque, já na base do desespero, e passou a criar algumas chances de gol. Mas foi em uma bola parada que conseguiu marcar o seu gol de honra. Aos 23, Marlon cobrou falta da intermediária. A bola explodiu no travessão e Beto, de cabeça, diminuiu. A partir daí, o time da capital voltou a acreditar no milagre e partiu com tudo em busca do segundo gol. Mas a defesa santarena e o goleiro Labilá trataram de enterrar o sonho azulino.
Todo o empenho e todo o esforço da grande maioria dos jogadores em campo, durante todo o jogo, ruiu aos 49 minutos da etapa final, quando o árbitro Leonardo Gaciba encerrou a partida. Tudo foi reduzido a pó. As lembranças vinham das péssimas atuações do meia Jaime. Da falta de pontaria dos atacantes. Das mudanças erradas do técnico Artur Oliveira. Das insistências da diretoria anterior do clube em não ouvir os apelos do torcedores e se isolar em uma redoma. Da falta de estrutura que atual diretoria não teve competência para superar.
O Remo acabou pagando caro por vários pecados acumulados durante os últimos anos. Erros que culminaram com a derrota de ontem e o fim do sonho de retornar à Série C. Pior, o pesadelo de passar os próximos meses 'de férias forçadas'. A próxima competição oficial será o Parazão 2010, a partir de janeiro do ano que vem, quando o terá novamente que buscar a vaga na Serie D do próximo ano.
Quando se perde é assim. Esse atual elenco, o treinador e também diretoria do Remo ficarão marcados pelo fracasso. Titular absoluto e capitão do time, o zagueiro Rogério Corrêa era o símbolo da desolação. Aos prantos, como uma criança, o jogador chorou ao final da partida. 'Eu vou ter uma dívida eterna com o Remo.'

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