quinta-feira, 2 de abril de 2009

Aliança com o PMDB preocupa ministros do PT

No ESTADO DE S.PAULO:

A dificuldade para fechar alianças com o PMDB nos maiores colégios eleitorais e o impacto da crise financeira na sucessão de 2010 foram os principais temas de uma reunião sigilosa entre 12 ministros do PT e dirigentes do partido com o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, na noite de terça-feira. Em três horas de conversa após o expediente, na sede do Diretório Nacional, os petistas mostraram preocupação com a montagem dos palanques estaduais para sustentar a campanha da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Palácio do Planalto, em 2010.
A queda-de-braço entre o PT e o PMDB no Senado já se reflete nos Estados. Até agora, os dois maiores partidos da coalizão ocupam posições no ringue político para se enfrentar em São Paulo, Minas, Bahia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Mesmo onde os petistas estão no governo do PMDB, como no Rio, há problemas de relacionamento: ainda ontem o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), repetiu que não abre mão de entrar no páreo contra o governador Sérgio Cabral (PMDB), candidato à reeleição.
O diagnóstico predominante no encontro foi que o PT deve trabalhar pela repetição do casamento de papel passado com os aliados históricos e com o PMDB, mesmo se tiver de sacrificar candidatos próprios. O ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, chegou a trocar farpas com o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), sobre a chapa em Minas. Motivo: Patrus quer ser candidato ao governo mineiro e Vaccarezza defende o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel.
O debate, no entanto, não parou aí: na avaliação de ministros e dirigentes do PT, o governo precisa reduzir ainda mais os juros e anunciar medidas urgentes para socorrer os municípios se não quiser ter problema nas eleições de 2010. Embora a discussão sobre estratégias de campanha tenha ocupado boa parte da reunião, Dilma não compareceu. Na hora do encontro petista ela estava em Santos, onde participou da abertura do 53º Congresso Estadual de Municípios.
A eleição para a escolha da nova cúpula do PT, em novembro, também embalou a conversa. O governo não quer um processo de disputa fratricida entre as correntes do PT, sob o argumento de que o embate pode respingar na candidatura de Dilma.
Depois do bate-boca com Patrus, Vaccarezza disse que só a candidatura de Gilberto Carvalho à presidência do PT unifica a legenda. Insistiu em que a bancada pedirá a Lula a "liberação" de Carvalho para a tarefa. "Precisamos procurar a harmonia no PT", afirmou Vaccarezza. Para o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), além de construir alianças sólidas para Dilma, o PT precisa defender o governo Lula. "A economia está reagindo, mas é necessário tomar medidas emergenciais para amenizar o impacto da crise nos municípios", emendou ele.

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