Um Anônimo passou por aqui, ontem cedinho, às 07h32, e deixou um comentário na postagem Ar de repulsa de Vic após falar com juiz. Leia abaixo e, logo a seguir, o comentário do próprio blog:
Caro blogueiro, as constantes notícias que você publica sobre o caso do Deputado são, em princípio, profissionais e impessoais. Pelo que lhe parabenizo. Contudo, esta última sobre um suposto ar de repulsa do Deputado Vic ultrapassou a isenção que se espera de um jornalista. Confabular sobre o possível estado de espírito de uma pessoa não me parece ser correto, especialmente por se tratar de caso tão delicado como o que estamos acompanhando.
Sugiro que você tome um pouco mais de cuidado com esse limite entre informação e especulação.
Também acho que nos últimos dias este espaço vem dando uma importância excessiva para o caso, entendo que temos outros assuntos no cenário paraense que também merecem atenção.
Fica a sugestão.
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Do Espaço Aberto:
Caro Anônimo, o blog agradece a sua sugestão, mas não a acolhe.
E se não a acolhe, Anônimo, é porque a sua sugestão já é seguida por aqui.
Não sabemos quem você é. Infelizmente, não sabemos. Mas você sabe quem somos. Não nos escondemos no anonimato.
Mesmo não sabendo quem você é, Anônimo, com a mais absoluta certeza você sabe contar e tirar a média.
Uma média matemática, Anônimo.
Então, aqui vai uma sugestão a você. Uma sugestão que produzirá uma resposta objetiva, numérica, estatística.
Faça o seguinte: conte quantas postagens este blog faz por dia. Você vai verificar que é uma média de 20 a 30. Destas, verifique quantas se referem ao caso Sefer: vai constatar que, em média são umas três. Faça as contas, some - 1 + 2 + 3..., - divida por sete dias da semana e diga, em média, quantas postagens têm sido feitas especificamente em relação ao caso Sefer. Tirada a média, calcule a proporção, para verificar qual o percentual das notícias e dos comentários sobre este caso em relação aos demais.
Você constatará, Anônimo, que não estamos, não, dando uma “importância excessiva” a este caso. Ao contrário, reconhecemos mesmo que o blog tem conferido espaço muito aquém do merecido por este caso.
Muitas informações não têm sido divulgadas
E por que, Anônimo, o próprio blog entende que o tratamento deste caso tem ficado aquém da importância que o caso merece?
Porque é um caso delicado, Anônimo.
Porque o blog não dispõe de elementos concretos para divulgar muitas, muitíssimas informações que não podem ser reveladas.
Anônimo, você, como tantos outros, pode ter dos jornalistas a impressão de que são sensacionalistas, de que são carniceiros, de que se comprazem em ver a honra dos outros exposta à execração pública, de que não têm piedade dos dramas familiares que envolvem casos como este, de que são meros especuladores.
Pois creia, Anônimo, este caso envolvendo o deputado Sefer é uma excelente oportunidade para discutirmos coisas como essa.
Você na imagina, Anônimo, quantas informações chegam aqui ao blog sobre este caso. Você não imagina o volume de especulações que chegam ao conhecimento do blog.
Você nem imagina.
Assim como o poster, outros colegas jornalistas dispõem de um expressivo volume de informações sobre este caso.
E aí, Anônimo, o que acontece? Não divulgamos nem um quinto, nem um décimo do que sabemos.
Por que não? Por alguns motivos.
Porque, algumas vezes, as informações são escancaradamente fantasiosas, inverídicas, desconectadas de qualquer sentido. Não é preciso ser um Sherlock Homes para constatar isso.
Porque, outras vezes, as informações até fazem sentido, mas apenas quando consideradas isoladamente. Quando colocadas no contexto, geram dúvidas.
Porque, outras vezes, as informações são verdadeiras – temos elementos fartos de convicção para acreditar nisso -, mas não podemos divulgá-las porque exporiam a própria menor a constrangimentos. Há um dilema ético, entende, Anônimo?
Viu só, Anônimo? O que você considera “importância excessiva” por causa de duas ou três postagens diárias, em meio a 30, em verdade não representa nem um décimo das informações que poderiam ser publicadas aqui, mas não o são.
E não o são pelos motivos que acabamos de expor.
O pior de tudo são honras maculadas
Aqui na redação, Anônimo, tem um crivo, entendeu?
Aliás, há vários crivos: tem um grande, um médio, um pequeno e um menor ainda. As informações vão sendo depuradas ao máximo, Anônimo, até virarem isso que você e outros leitores têm lido.
E em caso delicadíssimos como este, Anônimo, há crivos sobressalentes que ajudam no processo de depuração.
Sabe pra quê tudo isso, Anônimo?
É para não errarmos.
Mas, Anônimo, fique certo: nós podemos errar, sim. Aliás, já erramos vários vezes e pedimos desculpas pelo erro.
Há um esforço enorme para não errarmos; ou, se errarmos, que a gravidade do erro não seja de tal monta que macule a honra das pessoas.
Porque o pior de tudo, Anônimo, são honras maculadas.
Anônimo, é justamente para não incorrermos no massacre à honra alheia que temos procurado ser comedidos na abordagem deste fato.
Você mesmo o reconhece quando diz: “Caro blogueiro, as constantes notícias que você publica sobre o caso do Deputado são, em princípio, profissionais e impessoais. Pelo que lhe parabenizo.”
Não tem nada que parabenizar, Anônimo. Não tem nada que parabenizar.
Qualquer um tem o dever com a verdade. Qualquer pessoa, em qualquer profissão, tem o dever com a verdade.
Mas, no caso dos jornalistas, o compromisso com a verdade é uma questão de sobrevivência. É essencial.
As quatro verdades do caso Sefer
Anônimo, são quatro as verdades neste caso. Quatro.
A primeira: o deputado Luiz Afonso Sefer existe.
A segunda: uma menor de idade existe.
A terceira: foi feita uma acusação formal da menor contra o deputado.
Quarto: instaurou-se um inquérito para apurar a acusação.
São as quatro verdades, Anônimo.
O blog o desafia, Anônimo, a desmentir uma só dessas verdades. Diga assim:
A primeira verdade: o deputado Luiz Afonso Sefer não existe. Quem existe é o cidadão Fulano de Beltrano Sicrano.
A segunda: não existe menor envolvida, e sim uma maior envolvida.
A terceira: a maior não fez nenhuma acusação contra o Fulano Sicrano.
A quarta: em vez de um inquérito, foi aberto um processo que, ao final, apontará a necessidade de conceder-se uma medalha de honra ao mérito a Fulano.
Pronto. Desminta dessa forma.
Está lançado o desafio.
Desminta uma – uma apenas - das quatro verdades.
Anônimo, das quatro verdades que você leu acima, a terceira é que transforma este caso em delicado. Trata-se da procedência da acusação.
Ninguém sabe se é verdadeira, Anônimo.
Ninguém sabe se é totalmente verdadeira, se é parcialmente verdadeira, se é totalmente inverídica.
E porque ninguém sabe, Anônimo, ninguém pode condenar o deputado Sefer. Aqui, o deputado Sefer tem sido tratado como acusado, como suspeito e termos correlatos.
Podemos especular com procedência, sim
Anônimo, você reprova o blog porque fez especulações “sobre o possível estado de espírito de uma pessoa”, no caso o deputado Vic Pires Franco, quando saiu do gabinete do magistrado que teve acesso ao relatório do Conselho Tutelar que descreve as sevícias sexuais sofridas pela menor.
Você diz na sua postagem:
“Contudo, esta última [especulação] sobre um suposto ar de repulsa do Deputado Vic ultrapassou a isenção que se espera de um jornalista. Confabular sobre o possível estado de espírito de uma pessoa não me parece ser correto, especialmente por se tratar de caso tão delicado como o que estamos acompanhando.
Sugiro que você tome um pouco mais de cuidado com esse limite entre informação e especulação.”
Posso sim, Anônimo, especular. E posso fazer especulações com pequeníssima margem de erro, quando dispuser de elementos para tal.
Você quer ver uma coisa?
O blog nunca teve contato com amigos e familiares do deputado Luiz Afonso Sefer. Mas tem certeza – por especulação, observe – que estão vivendo um drama.
O deputado Sefer tem mãe, pai, filhos, irmãos, sobrinhos e amigos. Tem amigos. Todos gostam dele. Presume-se que acreditam na sua inocência e que estejam sofrendo com a exposição negativa a que o deputado está exposto.
É uma especulação, Anônimo. Uma especulação lógica, pertinente.
Você haverá dizer que não é pertinente?
Vamos fazer outra especulação, Anônimo.
Há uma criança envolvida nessa história escabrosa, Anônimo.
Há uma criança que sofreu coisas escabrosas, Anônimo.
Há uma menor de idade que foi barbarizada, Anônimo.
Há uma criança que foi vítima de sevícias que se estenderam ao longo do tempo, Anônimo.
Há uma criança que teve uma história familiar triste – a mãe foi assassinada e, segundo alguma versões, o assassino seria o marido, ou seja, o pai da garota.
Quem foi o autor das barbaridades contra a menor?
Vamos supor que seja alguém que reside em Pasárgada, Anônimo.
Não importa.
Essa criança está sofrendo, Anônimo.
É uma especulação que fazemos, porque não sabem quem é a criança, nunca falamos com ela.
Estamos errados ao fazer uma especulação nesse sentido, Anônimo?
Vic saiu, sim, desolado e com ar de repulsa
No caso específico do ar de “preocupação e desolação”, além de repulsa, externados nas feições do deputado Vic Pires Franco, após ter falado com o magistrado, o blog tem elementos para revelar isso.
Aliás, desculpe, não tem apenas elementos: tem, sim, a mais absoluta certeza que o deputado Vic Pires Franco mostrava, ao sair do gabinete do magistrado, um ar preocupado, desolado, consternado, de repulsa ao que ouviu.
E o blog afirma isso porque tem a mais absoluta certeza de que a fonte é segura.
O blog tem tanta certeza disso, Anônimo, quanto tem certeza de que, até agora, o deputado Luiz Afonso Sefer é suspeito, é um acusado.
Você concorda, Anônimo, que o deputado é um suspeito, um acusado?
Se você concordar, também está especulando, porque não sabe se é.
E se você afirmar que o deputado Sefer é inocente, também estará especulando, porque não tem certeza disso. Sem tem certeza, você ampara-se em quê?
Da mesma forma, se disser que é culpado, também especulará, porque não tem elementos de convicção para fazer tal afirmação.
Por tudo isso, Anônimo, é que não acolhemos a sua sugestão e consideramos suas críticas inconsistentes.
Mas sinceramente, Anônimo, fique por aqui nos vigiando.
E não nos deixe errar.
Porque há honras a preservar, duas delas principais.
Uma delas é a do deputado Luiz Afonso Sefer.
A outra é a honra da criança que sofreu sevícias, Anônimo. Sofreu sevícias sexuais pavorosas, Anônimo.
Pense nela também.
3 comentários:
Caro Paulo Bemerguy.
Você é um exemplo, pra essa nova geração de jornalistas que sai todos os anos da universidade.
Aliás, um grande exemplo.
Dá um orgulho danado na classe.
Vic Pires Franco
Deputado,
Sei que é bondade sua.
Muito obrigado, de qualquer forma.
Abs.
Não é bondade, não. É reconhecimento, e uma resposta ao anônimo, também.
Só isso.
Vic
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