Do ministro-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto, ao convocar os eleitores às urnas:
“A nossa expectativa é de uma eleição alegre, descontraída, limpamente disputada, refletida na hora de selecionar os candidatos para que façamos da eleição aquilo para que ela se presta. É um elemento indispensável, de legitimidade na formação dos quadros dirigentes do estado. Estamos velando pela regularidade do processo para que tudo transcorra democraticamente, honestamente e nesse clima de descontração, porque eleição não é velório, não é estorvo. Eleição é a grande festa, a grande celebração da democracia representativa.”
É sim.
O ministro tem razão.
Mas é preciso registrar que “a grande festa, a grande celebração da democracia representativa”, como é uma eleição, poderia ser uma festa ainda maior, poderia ser uma celebração retumbante da democracia representativa se o sistema democrático pudesse expurgar de seu meio aqueles que o maculam, que o desonram, que se esmeram em exibir, despudoradamente, as piores qualidades que um homem público poderia exibir.
A democracia representativa, é certo, não poderia e não poderá jamais ser a democracia das vestais, dos imaculadas, dos puros. Porque a democracia representativa é feita de seres humanos e imperfeitos.
Mas só porque são imperfeitos, só porque seres humanos não são vestais, só por isso a democracia representativa tinha que se tornar o que realmente é - um sistema que abriga despudorados, corruptos, que projeta para instâncias várias de poder tanta e tanta gente que não tem compromisso com nada e ninguém, a não ser com seus próprios bolsos, com seus próprios interesses?
É admissível que a democracia representativa abrigue partidos cujos princípios e programas não passam de um faz-de-conta, não passam de meros elementos teóricos para apreciação de intelectuais que se debruçam sobre os desvãos, os descaminhos, as mazelas, a fragilidade e a falta de identidade do sistema partidário no Brasil?
Mas, vamos admitir, votar é bom.
Todos às urnas, neste domingo.
Votem.
Votemos.
Candidato é o que não falta.
Discurso é o que mais tem.
Promessas bamburram sem controle.
Promessas despencam na cabeça, na cara da gente mais do que mangas despencavam ontem à tarde, durante o temporal de final de tarde que desabou em Belém.
Candidato é que não falta.
Escolha os seus.
Escolhamos os nossos.
Candidatos são todos iguais?
Não são. É claro que não. Você pode até dizer que não há candidato melhor; há candidato menor pior.
Mesmo que você diga isso, porém, estará reconhecendo que candidatos não são iguais uns aos outros.
Cabe a cada um, portanto, fazer a sua escolha.
Mas fique certo: se você, ao final de uma avaliação muito pessoal e consciente, achar que nenhum candidato contempla suas expectativas, vote em branco ou anule seu voto. Faça isso sem culpa, sem quaisquer melindres.
Faça isso claramente. E se lhe for conveniente, diga que fez isso. Não é demérito para ninguém votar em branco e votar nulo. É legítimo. É moralmente legítimo. É legal. É aceitável. É plenamente admissível.
Se não fosse moralmente legítimo, se fosse ilegal, se fosse inadmissível e inaceitável, então presume-se que o ordenamento jurídico que vige no País não abrigaria mais o voto nulo, nem o voto em branco.
Ficou claro?
Se não ficou, repita-se para ficar.
Vote. O melhor, o ideal é escolher um candidato e votar nele. Conscientemente.
Mas, se não der, vote em branco ou anule seu voto. Conscientemente.
Boa eleição.
Boa votação.
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