quarta-feira, 22 de outubro de 2008

“Os que defendem rasgar a 25 têm ódio aos moradores”

De um Anônimo, sobre a postagem Quem sofre mais com o trânsito travado: o rico ou pobre?:

Incrível que, sempre que se discute situação caótica do trânsito de Belém, os gênios só conseguem pensar em rasgar avenidas amplas e com direitos irrestritos aos automóveis, que não se discuta a reorganização do trânsito, a reformulação do sistema de transporte coletivo, que aqui é absurdo, o fim de filas duplas, triplas, quadruplas em frente às escolas (de ricos), o respeito às regras do trânsito.
Os defensores de rasgar a 25 é uma demonstração de ódio aos moradores da área, como se eles não tivessem os mesmos direitos dos que alegam ter necessidade de se transformar uma rua tranqüila em um inferno de alta velocidade, como se uma rua pequena como a 25 pudesse solucionar todo o caos do trânsito em Belém.
Infelizmente, como aqui nessa terra onde até a Justiça escolhe de que lado ficam os direitos são simplesmente jogados para o alto, vão rasgar a 25, que em pouquíssimo tempo se transformará num inferno de filas intermináveis de carros, fumaça e buzinas sem fim. E quem sabe algum juiz determine o fim do bosque Rodrigues Alves para dar mais espaço àquilo que importa - carros com mais velocidade. Quem sabe também se pudesse abrir ali o parque zoobotânico do Museu Emilio Goeldi, a Praça da República - onde já se viu um imenso espaço como aquele usado apenas por desocupados?
Preocupante, caro jornalista, é sua sugestão final: por que não fazer esse teste? Certo, vamos derrubando árvores, rasgando avenidas, só para testar. Se não der certo, azar de quem sofrer com isso. Afinal, qualidade de vida, respeito ao meio ambiente, isso é papo ultrapassado, de gente que não entende as necessidades do mundo moderno, não é mesmo? Como diz, feliz da vida, a comentarista Denise: comentário irretorquível. Gostaria, minha senhora, de ver seu comentário daqui a poucos anos, quando a 25 estiver o inferno que a senhora e tantos defensores do predomínio do asfalto defendem.
Vão sugerir que tipo de teste?

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Do Espaço Aberto:
O Anônimo – e qualquer leitor – estão convidados a apontar uma vírgula que seja na qual o blog tenha defendido que se faça um teste como o da derrubada de árvores na 25 de Setembro.
E não adianta dizer que a essa conclusão – da suposta defesa em favor do teste de derrubar árvores – se chega a partir do contexto da postagem, das inferências que podem ser feitas em relação a ela. Porque, se disserem isso, o blog se achará no direito de “inferir” que não se leu direito o que está escrito no texto.
É uma pena, vale repetir, que estádios de futebol sejam para se assistir a futebol, que o céu seja para o avião, que a Curuzu seja para os bicolores, que o Baenão seja para os remistas, que as calçadas sejam para pedestres e que as ruas, inacreditavelmente, sejam para carros e outros veículos.
É assim, Anônimo. Sempre foi assim.
O blog não tem culpa de ser assim. Nem você. Nem ninguém. Mas é assim.
Se a rua terá lombadas, se a rua será margeada por áreas de lazer, se nos canteiros centrais vão plantar 1 bilhão de árvores, se a rua será em forma de ziguezague, de círculos, de quadrado ou seja já o que for, isso é outra história.
Mas que rua é para veículos, isso é.
E não há dúvida que um trânsito que flua melhor, que flua mais rápido é mais vantajoso sobretudo para o pobre, que não tem carro e que sofre em ônibus caindo de podre.
Anônimo, quando se fala em “trânsito que flua mais rápido”, ninguém está defendendo que a 25 de Setembro ou qualquer outra rua se transforme numa pista de Fórmula 1.
E quem foi que disse a você que a 25, no formato ziguezague, é menos perigosa do que uma pista reta, mas dotada de mecanismos de controle eficazes, inclusive os de velocidade?
Você tem razões de ordem técnica para dizer isso? Se tiver, apresente-as aqui. Se não, precisamos esperar quem as tenha para que apresentá-las.
O blog não tem razões técnicas para fazer essa afirmação. E porque não tem é que, na postagem na qual você comentou, isso está dito claramente. Leia novamente o trecho em que o blog expõe suas dúvidas:

Argumenta-se, nesse caso da 25 de Setembro, que torná-la uma via mais rápida não servirá para desafogar o trânsito nas avenidas paralelas, no caso a Almirante Barro e a Duque, por exemplo.
Não mesmo? Ou, ao contrário, a 25 de Setembro sem ziguezague vai melhorar o fluxo de veículos, com bons reflexos em outras ruas mais próximas? Que estudos existem para balizar uma ou outra resposta? Existem tais estudos? O que eles apontam? Vão fazer estudos mais detalhados, técnicos?

Por fim, Anônimo, vincular debates sobre esse assunto a um suposto ódio aos moradores da 25 de Setembro só pode ser uma brincadeira.
Aliás, o pessoal aqui da redação tem pelo menos um dez amigos que residem na 25 de Setembro e um 200 - caríssimos amigos - que trabalham em empresa que fica na 25 de Setembro.
Ninguém tem ódio de ninguém, Anônimo.
Apenas estamos debatendo assuntos que dizem respeito à cidade onde moramos, à cidade que pretendemos tornar melhor.
É apenas isso.

6 comentários:

Anônimo disse...

Esse assunto lembra a tal "reforma político-partidária", onde todos os políticos são a favor.
Desde que não se mexa com eles.

A verdade é que a cidade grita por socorro e soluções precisam ser pensadas e aplicadas urgentemente.
E necessariamente atingirá e desagradará alguns, em benefício de todos.

Agora, uma constatação: há muito que os canteiros arborizados da 25 de setembro deixaram de ser "um oásis paradisíaco de sombras e verde".
Os camelôs; as barracas de porcarias; o motel-a-céu-aberto; os estacionamentos irregulares e a bandidagem se apossaram da área.

Resta a escolha: ou muda de utilização para melhor, ou deixa na mão dos atuais "posseiros".

Marcelo disse...

PB,

há pontos com os quais concordo e outros nem tanto na sua argumentação sobre a 25, mas um reparo tenho que fazer. Não é verdade que necessariamente "ruas, inacreditavelmente, sejam para carros e outros veículos".
Não fopi sempre assim, não... e continua não sendo hoje. Em outras paragens, mais "civilizadas", determinadas áreas são vedadas para automóveis (e essas áreas tendem a crescer), e as ruas são reservadas aos pedestres- as chamadas ruas de pedestres- "rues piétonnes" em bom português. :-).
Portanto, esse argumento de "cada um no seu quadrado" é bem questionável, depende da referência de cada um sobre o que possa ou deva ser uma cidade.
Gostaria de poder escrever mais sobre o tema, mas o tempo e um novo de ataque de LER/DORT não não estão ajudando.

aquele abraço,

Marcelo Vieira

Poster disse...

Grande Marcelo,
Você confirma o que eu disse e digo: "Ruas, inacreditavelmente, são para carros e outros veículos".
Porque de fato são. Inapelavelmente, são. Inevitavelmente, são.
Veja, não há qualquer "rua de pedestre" no mundo inteiro que não seja para pedestre. Por quê? Porque a rua é "de pedestres". E tanto é verdade que ruas são para carros é que, na sua função original é precípua, não é preciso adicionar-lhe o complemento "de pedestres".
A mesma coisa as calçadas. Calçadas são para pedestres, certo?
Pois bem. Se eu improvisar um caçada por onde trafeguem carros, terei de dizer "calçadas para carros" (aliás, há muitas dessas em Belém).
Acontece, Marcelo, que a 25 de Setembro é uma rua.
Rua. Apenas rua.
Ruas são para carros, veículos - inclusive aqueles de madeira.
Se a 25 de Setembro for transformada numa "rua de pedestres", ela perderá sua função original de rua para carro e, excepcionalmente, passará a ser apenas de pedestre. Aí, não há o que se discutir. Por ele, só andará gente, só andarão pessoas.
Mas, repito - e todos sabemos -, não é o caso da 25.
Ela é uma rua.
Se é rua, é para carros. Ninguém - nem eu, nem você, nem ninguém - tem culpa disso.
Mas a realidade é essa.
Gostemos ou não, é esta: ruas são para carros, "ruas de pedestre", é claro, são pedestres.
O que não é o caso da 25.
Abs. e estimo que você se recupere logo.

Anônimo disse...

Façamos o seguinte: a 25 ficará reservada ao trânsito apenas de carroças puxadas por jegues, para bebuns irem pra lá tomar cana nos bares, cujo zigue-zague não teram problemas para executares, porque estarão tontos de tanta pinga!

Anônimo disse...

Engano, caro blogger, a rua 25 não é simplesmente uma rua, foi criada para ser uma "rua de lazer", e se voce defende que rua de pedestre seja para pedestre, a rua de lazer é construída para o lazer, e não só dos seus moradores, mas para toda a redondeza. A rua de lazer, se voce tiver tempo de estudar o assunto, admite sim, o tráfego de automóveis, desde que em velocidade reduzida e com cuidado em relação aos seres humanos,cujo direito ao lazer e de se manterem vivo, imagine só, tem muita gente que defende. Então, a 25 é rua sim, mas de lazer e disvirtuar sua razão faz parte do lobby da gasolina, atende aos interesses dos motorizados e nem de longe resolve os problemas de trânsito da cidade.

Poster disse...

Engano meu?
Egano seu, caro Anônimo. Engano seu quando diz que eu me enganei.
Eu disse que rua é para carros, certo?
Você há de concordar que é.
Eu disse que rua de pedestre é só para pedestres, certo?
Você há de concordar que é.
Você aponta uma nova categoria - a rua de lazer, que admite a circulação de carros, mas em velocidade reduzida, para a segurança das pessoas.
Mas é só uma rua de lazer que admite isso, Anônimo?
É só uma rua de lazer que pode ser segura para os pedestres?
Uma rua só para carros não pode, não?
Veja: a 25 de Setembro não tem faixa para pedestre. E é uma rua de lazer e teoricamente segura para os pedestres.
Pois a Duque, que é rua apenas para carros, tem faixa de segurança para a travessia de pedestres. Em certos cruzamentos, como você sabe, todos os carros devem parar, à passagem de um pedestre. Depois que o pedestre passa, o trânsito flui normalmente.
Uma rua só para carros não pode ser segura, hein, Anônimo? Não pode ter arara, periquito, papagaio e seja lá o que for para controlar o velocidade? Não pode ter uma batalhão de agentes da CTBel para vigiarem as transgressões?
Então, Anônimo, onde foi, afinal, que eu me enganei? Onde foi?
Abs.