No AMAZÔNIA:
A ocupação da sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Belém, já dura um mês. Nenhuma das seis comunidades que tomaram conta do local foi atendida. Para dificultar os contatos, o superintendente Elielson Pereira da Silva, dispensou os funcionários desde quarta-feira, 15. Ontem numa tentativa desesperada de chamar atenção, os mais de 600 ocupantes fecharam a estrada que dá acesso às Centrais de Abastecimento do Pará S/A (Ceasa) por uma hora e meia.
Com a chegada da Polícia Militar, a rua foi liberada. Os invasores prometem que até segunda-feira, pelo menos 1.500 pessoas devem estar na sede do órgão. O movimento já ganhou inclusive apoio do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal do Estado do Pará (Sintsep-PA). O coordenador do movimento de ocupação do Incra, Edílson Silva Santos, de 28 anos, repudia a atitude do superintendente de não conversar com os ocupantes. Ele acrescenta que a postura do superintendente tem demonstrado o descaso com as comunidades. 'Ele disse que nossa ocupação era truculenta. Não fazemos isso. Nosso movimento é pacífico, pois tem mulheres e crianças. Para piorar, ele afirma que nós não entregamos pauta de reivindicações para ele, mas demos essa pauta às 10h30 de quarta-feira, ele recebeu, pois foi acompanhada de ofício e protocolada', diz. 'E nem deveríamos entregar mais pautas, pois nossas reclamações são históricas. As reclamações de agora são as mesmas de há 12 anos. Entra gestão e sai gestão sem que ninguém resolva nada', acrescenta Edílson.
Os trabalhadores rurais afirmam que o Incra havia prometido melhorias para as áreas de assentamentos, mas os serviços de infra-estrutura, saneamento, urbanismo, educação e saúde ainda não chegaram às localidades. Ocupante da Fazenda Caip, Luciano de Oliveria, de 41 anos, garante que o Incra e o Governo do Estado têm dificultado a regularização das terras e obras nas áreas ocupadas. O Incra afirma que as terras invadidas são de competência do Instituto de Terras do Pará (Iterpa). Porém, segundo os ocupantes, o Ministério Público Federal (MPF) já desmentiu o órgão.
'Tem ocorrido desvio de recursos liberados às comunidades, financiamentos esquecidos, negociações com empresas para que as terras sejam entregues ao agronegócio e não à agricultura familiar', denunciam os manifestantes que devem permanecer no local por tempo indeterminado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário