segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

“Dói muito ver na minha terra um lugar violento e inseguro”

O leitor Luiz Braga manda pra cá, por e-mail, o seguinte comentário:

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Minha Belém a cada dia se desfigura mais um pouco. Seja pela verticalização inconseqüente que a sufoca, seja pelo crime que a abate.
Deves lembrar de quantas vezes eu já te escrevi sobre isso.
Será que é tão difícil usar de inteligência para pelo menos minimizar essa barbárie que estamos vivendo?
Vamos a alguns pontos.
Quantos carros e motos assistimos por dia nas ruas sem placa?
Ou com a placa virada?
Que tal instituir uma linha direta em que a população possa exercer o seu direito de denunciar esse tipo de absurdo que mais do que nunca, como sabemos, acoberta esses assassinos ambulantes?
Quem é responsável pelo patrulhamento? Já vi carro da PM assistir a infrações absurdas, tipo avanço de sinal ou contramão, e nada fazer com a desculpa de que trânsito é com a CTBel!!
Desde quando trânsito deixou de ser segurança pública? Por que não unir essa questão? Ao que todo mundo sabe, a CTBel se limita apenas a multar sorrateiramente os que falam ao celular ou estacionam em lugar proibido. Não existe um patrulhamento que abrace a segurança como uma questão maior.
Lembro da minha adolescência quando a cidade era patrulhada pelo BPTRAN da PM. Tinham os guardas (e muitos) nas esquinas e os carros (fuscas) patrulhando a cidade. Por que involuímos?
Hoje é um festival de absurdos de toda a ordem e ninguém a quem reclamar!
Por que as ferramentas de disque-denúncia não são divulgadas para a população? Em São Paulo, o número e uma frase de incentivo estão nos ônibus que circulam na cidade. Muitas ações policiais bem sucedidas se originam em chamadas para lá.

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Aceitar que nossa cidade passe a ter que pedir licença para bandido para poder fazer uma entrega de batedeira de bolo é demais.
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Que tal uma campanha que conscientize a população de seus direitos, abordando os casos mais comuns de infrações? A ficar como está, vai se implantando o caos total de terra sem lei. Terra de direitos? Quais?
Que tal usar toda a frota de motoboys para trazer para a cidade a contribuição deles? Eles, ao lado dos taxistas e motoristas de ônibus, são os cidadãos que mais circulam na cidade e poderiam ser colaboradores do trabalho da polícia. Claro que para isso teria que antes fazer um trabalho de conscientização com eles, que também desrespeitam as leis, mas devem ter uma associação para os resguardar. Afinal, a violência também atinge a eles.
Aceitar que nossa cidade passe a ter que pedir licença para bandido para poder fazer uma entrega de batedeira de bolo é demais.
Assistir a isso fazendo de conta que não é conosco é esperar pela dominação total.
Assim foi quando no Rio as favelas proliferaram sob a cegueira oficial e desaguaram num território onde o Estado é refém de bandidos ultra bem organizados.
A hora de agir já passou e está na hora correr atrás do prejuízo, eliminando essa tolerância que faz germinar o mal e proliferar a criminalidade como algo banal nos nosso dias.
Isso é balela e encobre com um lençol rasgado os pés do comodismo.
Desculpa o desabafo, mas é que dói muito ver minha terra se transformar num lugar tão violento e inseguro.

2 comentários:

Anônimo disse...

O grande problema é que vivemos numa sociedade de valores invertidos. O ter é mais valorizado do que o ser. E a TV contribui de forma decisiva para a triste cultura de banalização da violência em que todos estamos mergulhados.

Exagero?

Ligue na novela "A Favorita" e assista com um olhar mais crítico, que você vai descobrir que estou com a razão. Muitos podem argumentar que é apenas uma novela, obra de ficção e que apenas as pessoas de "mente fraca" se deixam influenciar por cenas assim. Mas acredito que todos nós, em maior ou menor grau, acabamos sim sendo influenciados pelas cenas de violência, grosseria, agressividade e crimes que assistimos nas telenovelas.

Eu posso desligar o televisor na hora da novela, orientar meu filho e assistir apenas às programações educativas. Ainda assim, posso ser vítima, na rua, de um desequilibrado que teve a sua loucura potencializada por cenas violentas exibidas na TV.

Aí é que está o problema.

É por essa razão que, muito mais do que simplesmente desligar o televisor (cômodo, não?) a sociedade deve se unir, se mobilizar, no sentido de exigir a promoção de uma verdadeira cultura da paz na grande mídia.

Ninguém precisa de todo esse lixo que banaliza e incentiva a violência. Ninguém precisa e ninguém merece!

Adelino Neto

Luiz Braga disse...

Acertou na mosca: A Favorita é um manual da maldade elevado a enésima potência. Prega o cinismo, a canalhice, a maldade em estado puro e com todos os detalhes, manual passo a passo e ilustrado. O elenco do mal reina absoluto. Com certeza a tv não é responsável pelo crime em si, mas que fornece um bom arsenal de opções para quem dele quer fazer carreira não tenho dúvida. Os programas do bem ficam para as sete da manhã de sábado ou duas da manhã de qualquer dia. Pensando de uma forma bem "Flora", ela está fornecendo combustível para o noticiário do horário nobre que hoje é um grande "caderno" de polícia que celebriza o crime. Tristes tempos!