sábado, 5 de junho de 2021

No futebol, só 2 a 0. No posicionamento político, uma goleada da Seleção Brasileira.

Casemiro: a voz do capitão é pela vida. E vida, todos sabemos, é algo que o governo do Capitão
parece não prezar nem um pouco. Estão aí quase 500 mil brasileiros mortos pela Covid.

No futebol, nenhuma surpresa.

No posicionamento político, uma grata, gratíssima surpresa.

No futebol, a Seleção Brasileira, que há pouco confirmou sua supremacia ao vencer o Equador por 2 a 0, no Beira-Rio, não mostrou um futebol exuberante. Mas fartamente, folgadamente, inequivocamente consolidou sua posição de melhor equipe do continente e uma das melhores do mundo, praticamente definindo sua participação na Copa do Mundo a se realizar no Qatar.

No aspecto político, a grata, gratíssima surpresa está sendo assistirmos ao pacto entre jogadores e comissão técnica, todos unidos e unânimes na rejeição a essa maluquice, a essa afronta criminosa que será a realização da Copa América no Brasil, com o apoio enfático do governo Bolsonaro.

Esse posicionamento, que já fora fortemente sinalizado na entrevista em que o técnico Tite confirmou haver uma deliberação harmônica do grupo sobre o assunto - a ser revelada apenas depois do jogo contra o Paraguai, na próxima terça-feira -, ficou claro, claríssimo na entrevista do capitão Casemiro, logo após a partida em Porto Alegre.

"Nosso posicionamento, todo mundo sabe. Acho que mais claro, impossível", disse Casemiro, mesmo sem dizer ainda qual é, uma vez que, por determinação da CBF, todos estão proibidos de falar em público sobre a questão Copa América.

"O Tite deixou claro para todo mundo qual é o nosso posicionamento e o que nós pensamos da Copa América. Existe respeito, existe hierarquia que temos que respeitar. Claro que queremos dar a opinião nossa", disse Casemiro, reforçando que os jogadores fazem questão de falar depois do jogo contra o Paraguai.

Com essa nível de consciência - humanitária e política - demonstrada pelos jogadores, pelo técnico Tite e toda a comissão técnica, uma vitória por 2 a 0 transforma-se, isso sim, numa goleada. E eleva o conceito dos que verdadeiramente fazem o futebol, apesar de dirigentes ignóbeis como os da CBF, em tabelinha com governantes igualmente repulsivos.

Um comentário:

kenneth fleming disse...

Caro Paulo.

No geral quase sempre concordo com tuas opiniões ou colocações, o que me deixa satisfeito, pois pior seria concordar com as postagens de blogueiros bolsonaristas( que não leio, por óbvio) que sempre estão a decidir por qual lado da terra plana saltarão às profundezas de suas ignorâncias. Mas quanto aos comentários sobre os jogadores e o treinador da seleção, me permito discordar. Não os vejo, a nenhum deles, como pessoas com posturas ideológicas a defender, ou como cidadãos a se manifestar sobre os temas mais candentes do cenário brasileiro.

Muito pelo contrário. Para mim, todos eles se submetem ao famoso "mercado", como a cabritinha Ivete, quase 99 % dos sertanejos e a grande maioria dos cantores e artistas nacionais.

Não, não posso me manifestar, meus patrocinadores não deixam, meu contrato não permite, tenho fãs nos dois lados do espectro político, não me meto em política, não sou nem de esquerda nem de direita, não sou Lula nem Bolsonaro
não sou nem Levy Fidelix nem Cabo Dalciolo, ..... enfim, são infinitas as desculpas para justificar o verdadeiro motivo do silêncio dessas figuras : grana, dinheiro, dindin, caraminguás, dólares, euros, reais, contratos milionários,ignorância, má-fé, casas caríssimas e cafonas, mantença de 3,5 milhões de seguidores, etc, etc.

Ainda estou para entender o que está acontecendo, mas não creio que o que está acontecendo seja em decorrência de um nível de consciência humanitária e/ou política.

No mundo todo, por onde jogam eles, o futebol continuou, desde os primórdios da pandemia. O fato de não haver torcedores nos estádios não anula a questão do convívio entre eles, da transmissão entre jogadores, dirigentes, funcionários, etc. E algum se manifestou anteriormente? Nenhunzinho!!!

Só não vimos jogadores morrendo - felizmente - pelo fato de que são jovens e bem preparados fisicamente, o que certamente ajudou na recuperação dos muitos que contrairam a Covid e se recuperaram.

Também todos os campeonatos continuaram, seja a Libertadores aqui na América, Copas européias, Campeonato Brasileiro, etc, etc.

E por que só agora esses jogadores "ativistas" aparecem para se manifestar? Um Neymar? Um Gabigol(aquele do bingo clandestino)? Ora, ora, .....

Para mim, tudo isso tem mais a ver com o fato de que a Copa América não é transmitida pela Globo, por valores de premiação, por contratos milionários com os clubes, que perderão receita e jogos sem os jogadores, etc, etc.

Como disse Churchill : aqueles que nunca mudam de idéia nunca mudam nada. Concordo, mas creio que não é o caso desses jogadores e do técnico, sempre alienados e que, tenho a convicção, continuarão alienados.

Nunca os vi , em momento algum, propondo caminhos para evitar a decadência civilizatória do Brasil. E acho que não verei, infelizmente. Mas continuo sendo um otimista esperançoso, a exemplo de Suassuna .

Que a razão esteja com você, meu caro

Kenneth Fleming