segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Moradores reclamam de balbúrdia no Umarizal e culpam empresa

Carros da locadora Inter Brasil Renta a Car estacionados na travessa Dom Romualdo Coelho

O estacionamento situado na Dom Romualdo de Seixas. A empresa diz que há
vagas para 30 carros. Moradores das imediações garantem que não.
Moradores e donos de escritórios e pontos comerciais situados na travessas Oliveira Belo, Dom Romualdo de Seixas, Dom Romualdo Coelho e nas ruas Bernaldo Couto e Diogo Móia, no bairro do Umarizal, estão cogitando acionar o Ministério Público para tomar providências contra a empresa Inter Brasil Rent a Car, que vem estacionando dezenas de carros nas imediações e contribuindo para aumentar os transtornos no trânsito em toda a área.
Contactada pelo Espaço Aberto, a empresa admite que, com o término da campanha eleitoral e o consequente retorno de veículos - entre eles Ford Ranger, Toyota Hilux, Pálio e Fiesta - locados para candidatos, a concentração de carros da Inter Brasil em toda a área realmente aumentou, mas alega que outros pontos comerciais também não possuem estacionamento próprio.
Leitores que ligaram ou mandarem e-mails para o blog também responsabilizam a Prefeitura de Belém de colaborar ativamente para a queda da qualidade de vida no bairro do Umarizal, que nos últimos anos também está sendo assolado pela violência e pelo banditismo.
Reclamam os leitores que a locadora possui um minúsculo estabelecimento na Oliveira Belo e outro menor ainda na Dom Romualdo de Seixas, que seria mais uma oficina mecânica para a manutenção da frota da Inter Brasil.
Por e-mail, um leitor diz que "a Prefeitura Municipal de Belém, por meio da Seurb (Secretaria de Urbanismo), não poderia conceder alvará de funcionamento para uma locadora que não possui estacionamento compatível para uma grande quantidade de carros, deixando à beira de um ataque de nervos não apenas os moradores do Umarizal e os trabalhadores que vão e voltam para o Umarizal, mas todos os cidadãos que tem passar por ali, a pé, de bicicleta, de ônibus ou de carro próprio."
Para o leitor, "a Seurb deveria aplicar para conceder alvarás o chamado Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), que é o instrumento de planejamento e gestão urbana, instituído pelo Estatuto da Cidade – Lei Federal n° 10.257/01 e, no município de Belém, consta do seu Plano Diretor. O EIV consiste, sinteticamente, no conhecimento de impactos que empreendimentos geram ao seu entorno, em decorrência de seu porte ou das atividades nele exercidas. A partir deste conhecimento, são traçadas diretrizes que visam mitigar os impactos, de modo a proporcionar melhores condições de habitabilidade, conforto e segurança à vizinhança."
Se a empresa tem alvará, de acordo com o leitor, "tudo indica que houve ou conivência de autoridades da Prefeitura de Belém ou informações inverazes da locadora, e ele deve ser cassado. Basta levantar no Detran quantos veículos estão em seu nome e confrontar com sua capacidade de estacionar.  Se a Prefeitura não o fizer, devemos esperar que o Ministério Público o faça, para o bem dos seus habitantes, para o bem de Belém, para o bem de uma cidade com menos abusos, conivências que são também violências, daquelas silenciosas que vão ruindo aos poucos o tecido social."

Zona mista e falta de estacionamentos
A proprietária da Inter Brasil, Lúcia Rosa, disse no último sábado pela manhã, em contato com o Espaço Aberto por telefone, que não vêm de hoje as reclamações de vizinhos em relação aos carros estacionados nas ruas. Mas pondera que, se transtornos existem, sua empresa não é a única responsável.
"Repare só. Nas imediações do nosso escritório, aqui na Oliveira com a Generalíssimo, temos o edifício Paulo Maranhão [na imagem abaixo, do Google Maps), com uns 12 andares e que não tem garagem. Eu mesma moro no edifício "Antônio Fidalgo", um dos mais antigos de Belém e que igualmente não tem garagem. Nós, eu e minha família, temos quatro carros e os guardamos na rua, porque ninguém no prédio, repito, possui garagem. No térreo do edifício funciona uma loja de material hospitalar, a Silex [abaixo], que também não tem estacionamento. Na mesma área, temos ainda uma locadora de vídeo, um salão de beleza, o restaurante 'Fuxico da Filó', a sorveteria Cairu, a Santa Casa de Misericórdia, a sapataria 'Rafa Maria' e atendimentos da Herba Life. Todos essas empresas não possuem estacionamento próprio. Quer dizer: os carros todos são guardados na rua. Portanto, toda esta área aqui é uma zona mista, onde existem prédios residenciais e comerciais. Não posso ser a única responsabilizada pelo excesso de carros nas ruas", disse a empresária.
Lúcia Rosa disse que sua empresa funciona regularmente desde 1989 e o alvará de funcionamento é compatível com a natureza do negócio que explora. "Nos temos alvará de funcionamento e lá está previsto que precisamos ter um estacionamento. E nós temos o estacionamento com capacidade para 30 carros, muito embora a empresa possua 50 veículos. O detalhe é que a natureza do negócio da nossa empresa é locação de carros, e não guardação de carros. Eu tenho os veículos para locar, e não para estacionar", argumenta a empresária.
Ela admite que, com o final da última campanha eleitoral, aumentou a concentração de veículos que ficam estacionados nas imediações de seu escritório e do estacionamento da Inter Brasil, na Dom Romualdo de Seixas, mas garante que essa concentração é temporária. "Esse acúmulo de veículos nossos é sazonal. Se você vier aqui agora mesmo [por volta das 11h30 da manhã de sábado], vai observar que a rua aqui na frente do escritório está praticamente vazia", disse Lúcia Rosa. O blog pediu que ela mandasse uma imagem por e-mail da rua quase vazia, mas até agora a foto não chegou.
Lúcia Rosa ressaltou que não interesse nenhum em criar animosidades com moradores das proximidades - "eu sempre costumo dizer que nossos melhores parentes são os nosso vizinhos", afirmou - e disse que por toda esta semana vai inaugurar um novo espaço para guardar os veículos, na rua José Pio. "E todos os vizinhos já foram informados dessa mudança", garantiu a empresária.


Ver mapa maior


Ver mapa maior

3 comentários:

Anônimo disse...

A Prefeitura de Belém e a SEMOB não levam a séria a mobilidade urbana de Belém.
Excesso de pontos de táxis irregulares, ausência de ciclofaixas nas ruas centrais, calçadas tomadas por camelôs no centro comercial, nenhuma melhora no transporte coletivo.
Tudo isto imobiliza uma cidade que já tem um dos piores trânsitos do Brasil.
Enquanto não houver melhora no transporte coletivo e na malha cicloviária, serão cada vez mais carros para menos ruas/estacionamentos.

Anônimo disse...

Sou morador da dom Romualdo de Seixas e a minha empregada doméstica quase foi atropelada semana passada por que teve que transitar pelo leito da rua, impedida pelos carros dessa locadora irregular, que ocupam todo o passeio público dos pedestres, e quem reclama é ameaçado pelos truculentos motoristas e outros empregados dela. Isso é mais que descaso da Prefeitura, é caso de Polícia!

Anônimo disse...

Essa cidade é uma festa para quem descumpre o código de posturas! Pior que isso é uma atividade comercial, bem diferente de quem guarda seu carro na rua porque não tem garagem na residência. Quer dizer que a atividade comercial lucra com espaço público. Mas será que a empresa divide o que ganha com o público?? Duvido.