quinta-feira, 19 de abril de 2012

Ex-superintendente da Curro Velho é encontrado morto

Do Portal ORM

 

O homem encontrado morto na manhã desta quinta-feira (19), dentro de um apartamento no bairro da Campina, em Belém, foi identificado como Valmir Bispo, de 50 anos, ex-superintendente da Fundação Curro Velho. De acordo com informações do Ciop (Centro Integrado de Operações), Valmir foi encontrado enforcado, mas a hipótese de suicídio foi descartada pela família.

O corpo de Valmir está no Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, que vai apontar as causas da morte.

A Uepa (Universidade do Estado do Pará) divulgou uma nota no início da tarde de hoje (19) lamentando a morte de Valmir, que era diretor do (NAC) Núcleo de Arte e Cultura da instituição. A nota diz ainda que a instituição se 'junta a seus familiares, amigos e colegas de profissão nesse momento de dor e sofrimento'.

Valmir, antes de ocupar o cargo no NAC, foi superintendente da Fundação Curro Velho e também presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). A universidade está em contato com a família do servidor e aguarda informações sobre o velório e o sepultamento.

2 comentários:

Adelina Braglia disse...

Caro Paulo,

à família,aos amigos e aos companheiros de trabalho do Valmir mando meu fraterno abraço, ainda não refeita do susto e do choque desta brutal violência.

Abração.

Cássio de Andrade disse...

Valmir, presente!
Em nossa tradição, costumamos ratificar presenças, ante a ausência de um companheiro. Essa atitude traduz nossa rebeldia em não aceitar o determinismo da morte. Por sabermos inexorável, ousamos desafiá-la pelo gesto infame da coragem e da persistência, uma ode à vida na última trincheira da memória. Não aceitamos a dor da partida, pois amamos a vida e a permanente possibilidade de transformá-la.
Valmir, presente!
Não aceitamos a circunstância sombria da tua partida, qual seja, posto que tua presença mantenha a memória, ainda que doa a alma rediviva. Uma geração te é tributária: àquela que junto aos teus pares, aprendeu a lutar pela meia passagem nas ruas de Belém. Dos passes aos cartões magnetizados, dos chips inteligentes em voga, estão ali, as marcas principais de tuas pegadas. Não! Não aceitamos.
Com tua geração, nós, oitocentistas passamos a dizer NÃO: à ditadura, aos coronéis, aos tubarões do transporte, aos conservadores, aos hipócritas, aos reitores das baionetas, aos coveiros da poesia e dos sonhos.
Minha geração oitocentista é posterior pouca coisa à tua.
Não partilhávamos dos mesmos métodos e das mesmas experiências de luta, mas comungávamos na renovação da esperança pelo mundo novo. Recordo dos gritos histéricos da direita renitente em conluio aos arautos da verdade, no Congresso da UNE de 1988, bradando os impropérios das falanges, e você, ali entre resoluto e paciente, esperando a malta acalmar. Assim era Valmir: moderação e rebeldia no corpo frágil da coragem.
Valeu, Valmir. Essa luta não foi em vão. Em outras trincheiras de luta, agora pela arma da cultura e pela defesa dos povos indígenas, lá estavas a tecer armas. Tua partida tira um pouco a alegria da vida, do brilho, do doce deboche, mas memória não morre.
Valmir, presente!