terça-feira, 21 de junho de 2011

E se os pedófilos saírem em marcha, o Supremo deixará?

Marco Aurélio: e os pedófilos, estão liberados a bater seus bumbos por aí?
Fora de brincadeira.
Mas olhem só uma coisa: a quem cabe, afinal de contas, traduzir - sem deixar margem a dúvidas - essa recente decisão do Supremo que defendeu a legalidade das chamadas Marcha da Maconha, campanha em defesa da descriminalização das drogas?
O poster passa esta semana em São Paulo.
No último domingo de manhã, cedo ainda, por volta das 8h da matina, entrou numa daquelas bancas de revista da Avenida Paulista.
E ouviu, estupefato, o seguinte diálogo entre uma senhora idosa, com a aparência de ser bem humilde, e o atendente da banca:
- O senhor sabe como é que foi a Marcha da Maconha, hein? [ocorrida no dia anterior, na própria avenida Paulista].
- Não tenho ideia - respondeu, quase monossilabicamente, o atendente.
- Pois é. Porque dizque agora já pode tudo, né? Já pode até matar... - emendou a mulher.
Essa é uma das traduções - livres - possíveis, até agora, da decisão do Supremo.
O que decidiram os juízes de primeiro grau que vinham proibindo a realização das marchas?
Entenderam que a manifestação tipificava apologia ao crime, ilícito capitulado no artigo 287 do Código Penal.
O que decidiu o Supremo?
Decidiu que a liberdade de expressão é de tal forma preponderante numa democracia, que prevalece até mesmo sobre um artigo que, parece - apenas parece, vejam bem - está em vigor, como é o caso do 287 do Código Penal.
Agora, vejam aqui este trecho muito interessante da manifestação do ministro Marco Aurélio.
Disse Sua Excelência, por ocasião do julgamento: “A democracia compreende simplesmente a possibilidade de ir a público e emitir opiniões sobre os mais diversos assuntos concernentes à vida em sociedade. [...] Mesmo quando a adesão coletiva se revela improvável, a simples possibilidade de proclamar publicamente certas ideias corresponde a um ideal de realização pessoal e de demarcação do campo da individualidade”.
Então, vamos sair das teses para o fato. Vamos sair do juridiquês para o português. No cru.
A parada é a seguinte.
Um sujeito acha bom, acha uma coisa das mais bacanas, das mais saudáveis molestar crianças.
Acha que considerar pedofilia um crime é coisa de imbecis.
Ele, o pedófilo, entende que a democracia, como disse o ministro Marco Aurélio, lhe permite ir a público e emitir essa opinião.
Ele, o pedófilo assumido, também acha que, muito embora seja improvável a adesão de toda a sociedade àquilo que ele pensa, é um direito seu (dele, o pedófilo) proclamar publicamente suas ideias, porque elas correspondem a um "ideal de realização pessoal e de demarcação do campo da individualidade" dele, pedófilo.
Bem.
Assentado esse entendimento, o pedófilo assumido arregimenta pela internet outros 100 ou 200 pedófilos iguais a ele.
Todos passam mão nos seus bumbos, nos seus tambores, fazem algumas faixas e saem pelaí, pela Avenida Presidente Vargas, em Belém; pela Avenida Paulista, em São Paulo; pela Avenida Atântica, no Rio, enfim, convocam Marchas em Defesa da Pedofilia em todo o País.
Pode isso?
Pode esse bando sair às ruas pregando o molestamento de crianças, um crime odioso?
Pode esse bando sair às ruas pregando a descriminalização da pedofilia?
O Supremo vai deixar?
O voto do relator, ministro Celso de Mello, foi no mesmo sentido.
Cabe à Suprema Corte, disse ele, garantir que as minorias possam defender suas ideias e posições, mesmo que sejam inaceitáveis para a maioria. “E isso que faz a democracia e é para isso que o STF tem o monopólio da última palavra”, disse o ministro.
Enquanto isso, aquela senhora vai entendendo direitinho o que o Supremo decidiu.
Entendeu tanto que resolveu, digamos, alargar o espectro (toma-te!), o alcance, a abrangência da decisão do Supremo
Ela acha que, por liberar a marcha da maconha, o Supremo já permitiu até que alguém tire a vida do outro.
É um absurdo, por evidente, imaginar que tenha sido essa a abrangência da decisão do Supremo.
Mas, afinal, quem pode traduzir perfeitamente, àquela senhora, o que a Suprema Corte decide?

5 comentários:

Anônimo disse...

Acredito que o fato de pedofilos sairem as ruas para defender um comportamento que acham ser normal, mesmo que nao seja aceito pela maioria, é absolutamente justo e aceitavel. Afinal os romanos e a pederastia sao dois termos que combinam muito bem, nem por isso deixamos (nos, sociedade contemporanea ocidental) de estuda-los e basar-se em conceitos daquela sociedade (os proprios juristas nao me deixam mentir). De uma manifestaçao em defesa da pedofilia a legalizaçao da mesma sao outros quinhentos.

Anônimo disse...

Que exagero, meu caro. Entendo seu esforço em condenar as drogas. Mas não há termo de comparação. O maior crime do pedófilo ignorar totalmente a individualidade do outro, no caso, a criança. É tratar o outro ser humano como objeto sexual, sem nenhum respeito pelo seu direito. Agora o maconheiro, que mal faz a outra pessoa, senão a si próprio? Responda se puder. Talvez você não goste do cheiro da maconha. Mas muita gente não gosta do cheiro do cigarro, ou do bafo do álcool. Mas eles não estão proibidos.

Breno Peck disse...

"Pode esse bando sair às ruas pregando o molestamento de crianças, um crime odioso?"

Não

"Pode esse bando sair às ruas pregando a descriminalização da pedofilia?"

Sim

"O Supremo vai deixar?"

O primeiro, não. O segundo, sim.

É tão difícil assim entender isso?

Anônimo disse...

E se a manifestação fosse para liberar a formação de grupos paramilitares?

Pela liberação da tortura?

Pela liberação do sexo em via pública?

Pelo fim do Estado Democrático de Direito?

Pelo fim do STF?

Anônimo disse...

Pela volta da ditadura?
Pelo fim das cadeias?
Pela liberacão da corrupcão?
Pelo fim dos direitos humanos?
Pelo fim das polícias?
Pela secessão?
Etc.