segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Descaso prejudica pacientes

No AMAZÔNIA:

Quatro situações de abandono e de negligência familiar para com pacientes, principalmente idosos, preocupam os profissionais de saúde que trabalham no Hospital de Pronto-Socorro Municipal (HPSM) do Guamá. Lá, inclusive, permanecia até ontem o corpo de uma mulher que morreu no último dia 4. Caso nenhum parente faça o reconhecimento, Regina da Silva Chaves, 45 anos, será enterrada como indigente. 'Infelizmente, casos de abadono e de negligência familiar para com pessoas que chegam aqui, no Pronto-Socorro do Guamá, são frequentes, e temos tido uma média de 10 a 12 casos por mês, a maioria relacionados a idosos e moradores de rua, como em dezembro, em que tivemos nove casos assim, todos resolvidos', afirmou a assistente social Vânia Feliz, que atua diretamente com pacintes com esse perfil no hospital.
O abandono caracteriza-se por pessoas que chegam sem acompanhantes ao hospital, e a situação de negligência familiar é a do paciente que não é procurado por ninguém da família.
O corpo de Regina da Silva Chaves permanece no HPSM do Guamá há 19 dias, e após a expedição do laudo do setor de identificação da Polícia Civil, será encaminhado para ser sepultado como indigente. Regina Chaves foi levada ao hospital no dia 4 por Orlando Batista Santos, que se apresentou como amigo da mulher. Desde então, os profissionais do hospital não conseguem contato com alguém próximo de Regina, moradora da Vila do Rato, atrás do Banco da Amazônia, no centro comercial de Belém. Ela entrou na unidade hospitalar com um quadro de pneumonia e insuficiência respiratória.
Em estado gravíssimo e internado na Central de Terapia Intensiva (CTI) do HPSM do Guamá, Luís Carlos da Silva, 24 anos, encontra-se há três meses internado. Apenas um amigo dele comparece ao hospital para visitar o paciente com neurotoxicoplasmose. Ninguém da família acompanha o caso do rapaz.
Roseli Leal Cardoso, 36 anos, apresenta diabetes descompensada e problemas psicológicos, num quadro de esquizofrenia. Há cerca de um mês no HPSM do Guamá, Roseli deveria ser transferida ao Hospital Barros Barreto, no mesmo bairro, ainda ontem. A situação dela é um exemplo de negligência familiar, já que ninguém da família compareceu ao hospital até o momento.
No dia 13, Maria de Nazaré de Souza Pantoja, 80 anos, deu entrada no HPSM do Guamá, na presença de uma mulher de prenome Renata, que chegou a fornecer um endereço da enferma. Não há documentação nenhuma sobre Nazaré, para providências com relação a essa paciente. Além disso, o endereço não foi localizado pelos técnicos do hospital. 'A dona Maria de Nazaré tem um quadro de hemorragia digestiva, agravado por anemia e pela própria idade da paciente, e não há previsão de alta', observou Vânia. Pelo Estatuto do Idoso, artigo 99, é obrigatória a presença de um acompanhante de um paciente idoso no hospital.
Também internado no HPSM do Guamá (desde 21 de janeiro), está Sérgio Rodrigues Teixeira, 21 anos, portador de atraso mental. Ele estava sendo tratado em um Centro de Atenção Psicossocial em Marabá, região sul do Estado, mas fugiu de casa, e ao chegar no Terminal Rodoviário de Belém, sofreu uma crise convulsiva e foi internado no HPSM Guamá. Agora, a situação dele está resolvida no hospital: por encaminhamento do HPSM do Guamá, Sérgio foi transferido para a Casa de Acolhimento da Tia Socorro, no bairro do Tapanã, e é assistido pela mãe dele, após divulgação do caso pela direção do hospital.
Informações referentes a pacientes em situações de abandono e negligência familiar podem ser repassadas para o HPSM do Guamá pelo telefone 3184-6200.

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