No AMAZÔNIA:
Mais de 230 pessoas ocuparam, na manhã de ontem, a sede do Instituto de Terras do Pará (Iterpa), localizada no bairro de São Brás, em Belém. O grupo, formado por crianças, adultos e idosos, é da comunidade Jesus de Nazaré, que foi retirada em novembro de 2009 da área localizada na PA-151, no município de Barcarena. Para a desocupação do Iterpa, os invasores exigem novas terras para assentamento.
De acordo com Bosco Oliveira, um dos coordenadores do movimento e agricultor, 642 famílias foram despejadas da comunidade Jesus de Nazaré, em Barcarena. Bosco explica que após serem retiradas do antigo espaço, as famílias descolaram-se para os canteiros das rodovias PA-481 e PA-482, na rodovia da Integração, próximo a Barcarena. 'Ninguém tinha onde ficar quando nos despejaram. As famílias moravam havia mais de 20 anos naquele local. A única solução foi ir para as margens das estradas', argumentou.
Os manifestantes disseram que só irão se retirar da instituição quando ficar definido um novo local para assentar a comunidade. Eles também pedem que a governadora Ana Júlia Carepa assine um termo de compromisso prometendo que a área escolhida será entregue com o título de posse.
Para a agricultora Elisângela Sampaio da Silva, a situação piorou depois que as famílias foram retiradas do terreno. Ela relata que os filhos precisaram sair da escola pública onde estudavam. 'Onde estamos vivendo agora, depois da reintegração de posse, é longe da escola onde meus filhos estudavam. Afinal, nós estamos na margem de uma estrada. Lá não tem nada. Não tem saneamento, não tem colégio', disse a agricultora.
Segundo o presidente do Iterpa, José Heder Benatti, a área ocupada pelos invasores em Barcarena era federal e privada. Com a determinação da Justiça, explica o presidente, o governo estadual precisou desocupar a comunidade Jesus de Nazaré. Ele ainda explicou que o Instituto de Terras do Pará realiza um levantamento nas áreas rurais do Pará para verificar qual o possível local que os manifestantes podem ocupar. 'Contudo, não existem terras estaduais desapropriadas em um raio de 5 km de Belém onde as pessoas dessa comunidade possam ficar', explicou José Benatti, apontando como um problema o fato de os manifestantes não aceitarem morar longe da Região Metropolitana de Belém.
Os agricultores ainda se reuniram na tarde de ontem com o presidente do Iterpa para negociar a liberação do prédio. Porém, nenhum acordo foi firmado e a ocupação continuou. 'Como dissemos anteriormente, só sairemos do prédio quando for assinado pela governadora um termo de compromisso que garanta que vamos ter nossas terras novamente', afirmou Bosco.
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