quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Faca de dois gumes

Dulce Rocque é uma lutadora.
É presidente da organização Cidade Velha – Cidade Viva.
Trata-se de associação de moradores, empresários estabelecidos e amigos do bairro da Cidade Velha. É uma sociedade civil sem fins lucrativos, apartidária, que busca apenas melhorias para o bairro.
Com justa razão, ela reclama da bagunça que foi feita na área durante o carnaval.
Carnaval é bagunça?
Em tese, sim.
Mas há limites para tudo quanto é bagunça, não é?
Até no carnaval.
Leiam, abaixo, as críticas que Dulce mandou para o blog, sob o título acima:

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Mesmo se estamos na Quaresma, ontem, domingo, teve carnaval na Cidade Velha. Novamente, os brincantes vieram se divertir na Tamandaré e arredores.
Já tinha sido deplorável o que acontecia nos domingos anteriores, quando algumas secretarias municipais mandavam seus funcionários evitarem que o pior acontecesse; imaginem sem eles.
O barulho era ensurdecedor. Até atrás da igrejinha de São João chegavam as batidas de música que nada tinham a ver com o carnaval e que tocava lá na Tamandaré. Os assaltos foram mais violentos.
A sujeira ficou para os moradores, assim como a raiva de ver as ruas fechadas abusivamente. No canal da Tamandaré, o lixo, composto de descartáveis e latinhas, aumentou terrivelmente, sem falar como ficaram as ruas.
Perguntamos: além do dinheiro gasto ajudando os blocos de carnaval, a Prefeitura vai computar num eventual balanço, todas as despesas provocadas em tal ocasião?
* A grama da Praça do Carmo, quanto vai custar repô-la? Quem vai pagar? A cervejaria que ajudou a eliminá-la?
* A limpeza do Canal da Tamandaré não tem preço? Fica por conta do nosso IPTU ou do IPTU das pessoas de outros bairros que vêm para cá brincar?
* Os banheiros químicos colocados em algumas ruas, quanto custaram?
* O extraordinário dos funcionários da Sesma, Secom, CTBel, Semma etc. também deveriam entrar nessa conta.
O pedido de pagamento deveria ser mandado, no mínimo, às cervejarias que ostentavam suas marcas no centro histórico todos os domingos, desde o dia 3 de janeiro.
O carnaval é uma faca de dois gumes. Satisfaz, com certeza, quem ganha com sua organização e os brincantes, que são muitos. Deixa destruído, porém, um bairro cujas leis prevêem a salvaguarda, porque está no Centro Histórico. Os moradores, então, coitados, como podem se defender dessa invasão desorganizada? Pior é que deveremos esperar quem sabe quanto tempo antes de ver reposta, ao menos, a grama na Praça.
Já começaram a anunciar que durante a Copa do Mundo a farra vai ser na Cidade Velha. Será que alguém vai tomar alguma providência?
O carnaval deve continuar, a Copa do mundo também, mas não é justo que a pagar as penas, sejam os moradores da Cidade Velha.
Os eleitores do bairro estão desesperados.
A qualidade da cidade depende da qualidade dos cidadãos... Nás sentimos isso na pele.

2 comentários:

Tanto disse...

Realmente, é bem fácil viver o carnaval e não viver o dia seguinte, a sujeira e mijaria no meio da rua. Se divertir é bom, mas não deve ser tão bom acordar no outro dia e ver que fizeram da sua porta banheiro público, lixeira. Os foliões deveriam acordar, no dia seguinte à farra, e ver a terra devastada, vivenciar o que vivenciam os moradores. É óbvio que a culpa não é exclusiva dos brincates! A administração deve também pular o carnaval, por isso é tão inoperante (quanto tempo dura o carnaval da administração pública?)

Ana Trindade disse...

Sou moradora da Cidade Velha, em área mais próxima da Tamandaré. Não vi nenhum carnaval ecológico e sim muita imundicie, mijão pelas esquinas e um maldito palco armado pela prefeitura o que só atraiu muita poluição sonora com os malditos carros e seus tecnobregas, além, é claro, dos ladrões. Resgate de antigos carnavais? Só se for nos delírios da mídia, que alardeia que a iniciativa do Senhor Kaveira tem apoio da Associação Cidade Velha -Viva. Não será a hora de D. Dulce esclarecer esse "apoio"? A Cidade Velha não merece isso!! Será que o inferno da Doca quer se mudar pra cá? Vade retro satanás!!