No AMAZÔNIA:
Os trabalhadores da construção civil decidiram suspender a greve. Reunidos na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil dos Municípios de Belém e Ananindeua (STICMBA), eles definiram a volta ao trabalho para a próxima terça-feira (8). Segundo o coordenador geral da entidade, Ailson Cunha, a decisão é para forçar a abertura das negociações com a patronal, que deixou claro que não iria negociar enquanto os operários não voltassem a trabalhar. 'Para não dizerem que estamos sendo intransigentes, a gente volta a trabalhar. Mas, a proposta não muda', assinala ele.
Ailson diz que a assembleia definiu que suspende a greve e vai esperar as negociações com os patrões, representados pelo Sindicato das Indústrias de Construção Civil do Pará (Sinduscon). 'Agora não tem mais desculpa. Voltamos. E estamos abertos para a negociação', comenta Ailson. Na próxima semana, conforme o andamento das negociações, haverá nova reunião com todos os trabalhadores para definir os próximos passos do movimento.
A reivindicação mantida pelo sindicato trabalhista é aumentar o salário dos serventes de R$ 480 para R$ 550 e dos profissionais de R$ 680 para R$ 780. Eles querem ainda um parcipação nos lucros e resultados de R$ 300 e não mais os atuais R$ 240 em duas parcelas. Outra exigência é a redução de 5% para 3% no desconto do vale-transporte. Segundo Ailson Cunha, atualmente o Sinduscon adota 5%, um a menos do que o previsto em lei, mas na prática é cobrado os 6%, já que o abatimento está condicionado às faltas do funcionário.
Sinduscon ainda não se manifestou sobre a negociação. A patronal quer pagar 5% de reajuste para todos os pisos, sendo que para serventes e profissionais como pedreiros, eletrecistas e ferreiros garantem 2% a mais a serem pagos em janeiro do ano que vem. O sindicato assegura que sua proposta oferece ganho real, uma vez está acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que de agosto de 2008 a julho de 2009, é de 4,57%. Está sendo ofertado ainda aumento no seguro de vida de R$ 6 mil para R$ 10 mil e redução de 5% para 4% no desconto do vale-transporte, além da entrega da totalidade do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) em caso de rescisão de contrato.
Durante a greve, agora suspensa, o Sinduscon conseguiu na Justiça trabalhista o deferimento da ação de interdito proibitório, garantindo que os profissionais que não aderiram à greve trabalhem sem ser importunados pelos manifestantes. As duas decisões também previnem danos ao patrimônio das empresas. A patronal também pediu que a justiça declarasse a abusividade da greve, o que foi definido pelo Tribunal Regional do Trabalho.
Até o momento, a Justiça também tinha determinado através de liminar do juiz titular da 6ª Vara do Trabalho de Belém, João Carlos de Oliveira Martins, que os manifestantes se mantenham longe dos canteiros e não cometam atos de violência contra quem não quiser aderir ao movimento. O descumprimento resulta em multa de R$ 30 mil. Na mesma linha, a desembargadora do RTR, Pastora Leal, também determinou a distância dos prédios em construção, com multa de R$ 50 mil, em caso de desrespeito.
Aumento - Até ontem, o presidente do Sinduscon, Manoel Pereira dos Santos Júnior, não havia se manifestado sobre o fim do movimento, mas falou sobre a greve no setor. Ele diz que não é possível dar aumento de 12%, como pedem os trabalhadores, alegando as 'incertezas' da construção civil. 'Ninguém sabe o que vai acontecer, se a crise realmente passou. As empresas não têm como se programar para assumir um compromisso tão elevado', argumenta. E acrescenta: 'Com esse cenário, a proposta do Sindicato dos Trabalhadores é absurda'.
'Devemos considerar também que as construções de obras não se restringem aos empreendimentos imobiliários. Temos também as obras públicas e nesse caso, os contratos são fixados considerando a variação do INPC para os compromissos com folha de pagamento dos trabalhadores e os encargos sociais', explica o presidente do Sinduscon.
Ele alega ainda que as suposições de grandes ganhos com a construção civil são equivocadas e não é possível relacionar o alto preço do metro quadrado dos imóveis na capital paraense com os baixos salários dos trabalhadores. 'As empresas têm diversas despesas que compõem o custo da obra, que vão desde o valor da área onde se vai construir, o material, além dos impostos e taxas que no Brasil são elevados. A mão-de-obra é apenas um desses itens. Colocando tudo na ponta do lápis, Belém realmente possui um metro quadrado construído alto, mas isso não significa que os lucros das empresas acompanham na mesma proporção', pontua.
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