sexta-feira, 3 de julho de 2009
O direito de “desvotar”
Gonçalo Duarte, grande líder e filósofo popular do Jurunas, costumava dizer, na Câmara Municipal de Belém, que deveria existir uma lei que permitisse ao povo “desvotar” nos casos em que seus candidatos traíssem as propostas de campanha e a confiança dos eleitores.
Gonçalo era um líder inconteste, puro e cristalino na defesa de seus ideais e do povo jurunense, que o consagrou, merecidamente, em sucessivas eleições para vereador e deputado, sempre com votações que “sobravam” para eleger outros candidatos menores. Foi, certamente, o único deputado urbano da Assembléia Legislativa do Estado .
Os pares de Gonçalo riam de sua aparente ingenuidade política. Nem desconfiavam que o filósofo do Jurunas estava muito à frente de seu tempo. Em algumas democracias que adotam o regime parlamentarista, o sonho de Gonçalo, por vias transversas, já virou realidade.
Com a atual crise de credibilidade do Senado e da Câmara , os senadores e deputados até se escondem nos aeroportos para não serem reconhecidos e vaiados pelos revoltados e lesados cidadãos-eleitores-contribuintes.
Tão constrangidos estão os nobres parlamentares com a descoberta dos tais atos secretos que até deixaram de culpar a imprensa pelas revelações de novos escândalos nos subterrâneos burocráticos do Senado e agora estão tratando de salvar a própria pele. O surrado discurso de que “a Imprensa está tentando desestabilizar o Poder Legislativo, o que pode comprometer a própria democracia”, não mais engana ninguém. O eleitor de hoje está mais bem informado e as velhas cantilenas demagógicas não pegam mais.
Ao perceber o risco que correm de total desmoralização, alguns parlamentares já tratam de estudar soluções alternativas para o imenso descrédito que “suas excelências” desfrutam hoje junto à sociedade civil, nem tanto organizada, mas já suficientemente desconfiada com as “traquinagens” dos políticos no trato com as “coisas e as verbas públicas”...
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“O surrado discurso de que “a Imprensa está tentando desestabilizar o Poder Legislativo, o que pode comprometer a própria democracia”, não mais engana ninguém.”
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A crise no Senado está provocando um movimento de parlamentares em busca da credibilidade perdida. O senador Cristovam Buarque, com o apoio de um grupo de “salvados éticos” , está estudando e deverá apresentar brevemente uma emenda constitucional para adaptar ao regime atual um princípio parlamentarista. Pela emenda, o povo poderá convocar eleições para renovação do Congresso Nacional, caso ele não esteja cumprindo seu papel constitucional ou por perda da credibilidade junto à opinião pública, por desvio de conduta de seus membros. Nada mais oportuno e atual. O senador estuda ainda qual seria o percentual mínimo necessário de assinaturas ao pedido de impeachment de senadores e deputados.
Data venia, sugerimos o mesmo um milhão de assinaturas atualmente previstas para projetos de lei de origem popular. Seria mole, mole, conseguir até 10 milhões de assinaturas para mandar para casa alguns dos “vampiros” do Senado e da Câmara Federal que nada produzem e ainda sugam o “sangue” dos brasileiros que trabalham para sustentar uma máquina cada vez mais pesada e corrompida.
Congratulando pela louvável iniciativa, gostaria apenas de sugerir ao senador Cristovam Buarque que sua emenda tão ansiosamente aguardada pelo povo brasileiro fosse denominada de “Emenda Gonçalo Duarte”, em homenagem ao bravo líder e filósofo político paraense , que há 30 anos já preconizava medida semelhante , que permitisse ao eleitor desiludido usar de uma arma letal : o poder de desvotar e desbancar os políticos pilantras e traíras.
Ave, Gonçalo! O povo do Jurunas, que não pode se amofinar, te saúda e pede passagem para uma justa homenagem ao seu líder maior. Caso a emenda do senador Cristovam seja aprovada, iremos também sugerir que ela seja aclamada no “templo” do Rancho Não Posso me Amofiná”, com a participação especial do “rei do carimbó” e do (bom) ” lari-lari” , mestre Pinduca, quando teria então nesse evento sua candidatura a governador do Pará lançada em verdadeira apoteose popular.
Sim, porque posso adiantar - não sei se em primeira ou em segunda mão - que o grande Pinduca será candidato a governador do Pará, em 2010. Já tem até slogan pronto: “Chega de intermediários. “Lari-lari” por” lari-lari” vote logo no rei do carimbó e mestre do “lari-lari”.
Faz sentido, pois não?
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FRANCISCO SIDOU é jornalista
chicosidou@bol.com.br
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