No AMAZÔNIA:
O corpo de um homem identificado como Egerton de Oliveira Uchoa, de 44 anos, foi abandonado dentro de um Ford Focus, por volta das 5h30 de ontem depois que o veículo bateu na lateral de um ônibus da linha Guanabara/Felipe Patroni, no cruzamento em frente ao Hospital Metropolitano, no km 3 da rodovia BR-316. Logo após o acidente, o motorista do Focus, de placas JVJ-5599, fugiu do local, deixando o cadáver no banco do carona.
Antes de fugir, o suspeito disse a algumas testemunhas que elas não precisavam se preocupar com o passageiro de seu carro porque ele estava 'apenas dormindo'. No pescoço de Egerton havia sinais de estrangulamento.
Motorista do ônibus, Erlon de Moraes Palheta, 33, contou como tudo aconteceu. 'Eu vinha na pista de sentido Ananindeua/Belém. Nesse cruzamento, o sinal fechou, dando-me a preferencial para cruzar a outra pista e entrar na rua do Fio (no bairro da Guanabara). Quando já entrava na rua do Fio, senti a pancada na lateral do ônibus. Quando eu desci, vi esse Focus preto com a frente já toda arrebentada. Acredito que ele vinha pelo acostamento (na pista de sentido Belém/Ananindeua)', disse Erlon.
O cobrador do ônibus, Éric Nascimento, 23, chegou a falar com o motorista do Focus. 'Ele saiu do carro meio atordoado, com cara de sono, mas não parecia estar alcoolizado e não estava ferido', contou. 'Até então, pensávamos que estava sozinho no carro. Quando vi que tinha alguém desacordado lá dentro, fui até ele e perguntei se já estava chamando o 192, porque o amigo dele parecia estar ferido. Mas ele não demonstrou preocupação. Fomos os dois até o carro. Ele mexeu no homem, como se estivesse tentando acordá-lo. Mas o sujeito nem se mexia e vi que não respirava. Insisti, dizendo que era melhor chamarmos logo socorro, mas o motorista continuou calmo e disse: ‘Não te preocupa, não! Ele está só dormindo!’. Achei muito estranho para quem tinha acabado de sair de um acidente. Depois, ele foi andando em direção ao Metropolitano, com o telefone celular no ouvido. Até pensamos que ia buscar uma ambulância, mas ele não voltou mais', disse o cobrador que resolveu, ele mesmo, acionar o 192.
Estrangulado - Ao chegar no local, paramédicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu/192) encontraram o 'ferido' com o cinto de segurança ainda estava afivelado, no banco de carona. Porém, ao tocar no homem, eles perceberam que seu corpo apresentava sinais de rigidez. O único ferimento aparente no corpo era uma marca em linha reta que ia de um lado a outro do pescoço, que não estava sangrando. Ao verificar os sinais vitais, eles concluíram que o desconhecido já estava morto.
As características do ferimento também chamaram a atenção dos militares do Corpo de Bombeiros, que chegaram logo em seguida. 'É claro que só a perícia a ser feita no IML (Instituto Médico Legal) poderá confirmar ou não essa suspeita. Mas, pelo que se pode ver aqui, a hipótese mais provável é que esse homem tenha sido assassinado por estrangulamento, muito antes de esse acidente acontecer', disse o subtenente Benedito Pereira, oficial que comandava os bombeiros no local.
No banco de trás do Focus havia várias sacolas com compras. 'Certamente, o motorista estava indo desovar esse corpo em algum lugar bem afastado', suspeitou o delegado Clayton Chaves, que liderava uma equipe de investigadores da Seccional da Marambaia. Segundo uma testemunha, o suspeito aparenta ter entre 20 e 25 anos. É moreno, forte, mede aproximadamente 1,65m de altura e trajava camisa vermelha e bermuda de cor clara.
Duas horas depois do acidente, a equipe de reportagem esteve na unidade da Polícia Civil que funciona no Metropolitano para saber se o motorista esteve ali para registrar ocorrência policial sobre o acidente ou para pedir socorro. Mas, segundo a escrivã de plantão, o homem não procurou a unidade. Metade da pista de sentido Belém/Ananindeua da BR-316 ficou interditada por causa da colisão. Por volta das 7h40, o engarrafamento no local já era intenso. Policiais rodoviários federais orientavam o fluxo de veículos.
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