sexta-feira, 10 de julho de 2009

Dezoito escapam de prisão infernal

No AMAZÔNIA:

Dezoito presos fugiram na madrugada de ontem da carceragem da Seccional Urbana do Comércio. Até o final da manhã, apenas dois presos haviam sido recapturados. A fuga ocorreu por volta das 3h30, quando os policiais de plantão na unidade avistaram um dos detentos pulando os telhados das lojas do centro comercial de Belém, próximo da seccional. Outro preso se entregou no fórum criminal.
Os fugitivos ocupavam um pequeno espaço projetado para três pessoas. O local abrigava 38 presos. O problema ocorre em praticamente todas as delegacias e seccionais de polícia onde existem presos de Justiça em Belém e Região Metropolitana: as celas estão superlotadas e é a Polícia Civil quem executa um trabalho que deveria ser da Superintendência do Sistema Penal (Susipe), a vigilância de presos de Justiça.
A fragilidade das grades da cela da Seccional do Comércio facilitou a fuga dos presos, que conseguiram entortar os ferros e fugir entre as grades. Após passar pelas grades os fugitivos já estavam praticamente livres, já que a cela da seccional não possui laje, apenas uma frágil cobertura de telhas danificadas. A fuga em massa expõe a fragilidade das celas nas seccionais urbanas do Estado. Todas podem ser descritas como pequenos espaços sem nenhuma estrutura física, superlotados e insalubres, onde os presos recebem tratamento subumano.
De acordo com a delegada Cristiane Lobato, diretora da Seccional do Comércio, a falta de estrutura nas celas facilita as fugas dos presos. 'As grades são finas e fica fácil para entortar, e foi exatamente isso que eles fizeram, sem falar que a cela não possui um teto de laje', admite a delegada. Segundo ela, o problema da superlotação das celas dificulta o trabalho da polícia. 'Esse espaço foi construído para ser um setor de triagem e acabou se transformando em uma cela superlotada. Como administrar quase 40 homens em um pequeno espaço com capacidade para abrigar apenas três presos? Estávamos com 38 homens dentro desse pequeno espaço, ou seja, nem com a fuga em massa diminuiu a superlotação, pois o espaço continua com presos acima da capacidade', diz a delegada.
Providências - Ainda segundo a delegada, os diretores das seccionais urbanas do Estado estão dispostos a cobrar providências das autoridades. 'Preparamos um documento que será entregue aos órgãos competentes e à governadora do Estado, pois queremos providências para essa situação nas carceragens. Assumimos uma responsabilidade que não é nossa, pois os investigadores estão tendo que vigiar preso em celas insalubres. Não dá para ficar esperando pela construção de casas penais prometidas pela Susipe, pois precisamos de soluções imediatas, já que a situação é muito preocupante', alertou a diretora.
As condições insalubres e desumanas nas celas são apontadas pelos presos como o principal motivo das fugas. 'Isso aqui é o inferno, pois vivemos amontoados uns sobre os outros; a cada dia tem um preso novo na cela. Se a Justiça não faz nada, então só nos resta fugir. Sou bandido, mas sou um ser humano', desabafou um dos presos que não conseguiu fugir da cela.

Um comentário:

Anônimo disse...

Governo popular, onde as cadeias tem tantos buracos quanto as estradas.